Meta planeja incluir criptografia de ponta a ponta no Messenger

Recurso já é usado no WhatsApp e reacende discussão sobre privacidade dos usuários e segurança

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Mike Isaac Michael H. Keller
The New York Times

A Meta, dona do Facebook e WhatsApp, anunciou na última quarta-feira (6) que planeja transformar o Messenger, seu aplicativo de bate-papo e mensagens de voz, em um serviço totalmente criptografado. A medida deve reacender o debate sobre privacidade e segurança nas comunicações.

A empresa proprietária do Instagram disse que a mudança faz parte de uma reformulação destinada a tornar o Messenger mais semelhante a outros aplicativos de mensagens, como o iMessage, da Apple, e o WhatsApp, da própria Meta.

A criptografia de ponta a ponta é uma maneira de manter privadas as mensagens de texto, fotos, vídeos e chamadas telefônicas, de modo que terceiros não possam acessar o conteúdo. A tecnologia embaralha as mensagens de tal forma que apenas o remetente e o destinatário podem decifrá-las.

Mão segura celular com a tela mostrando símbolo da Meta, dona do Facebook, WhatsApp e Instagram
Messenger pode ganhar criptografia de ponta a ponta, como já ocorre no WhatsApp - AFP

"A camada extra de segurança fornecida pela criptografia de ponta a ponta significa que o conteúdo de suas mensagens e chamadas com amigos e familiares está protegido desde o momento em que saem do seu dispositivo até o momento em que chegam ao dispositivo do destinatário", disse Loredana Crisan, vice-presidente do Messenger, em um post.

"Isso significa que ninguém, incluindo o Meta, pode ver o que é enviado ou dito, a menos que você escolha denunciar uma mensagem para nós", afirmou.

Autoridades policiais e tecnólogos têm debatido sobre os controles de criptografia há décadas. De um lado, defensores da privacidade e executivos de tecnologia acreditam que as pessoas devem ter comunicações online livres de espionagem. Do outro lado, as autoridades policiais e de outras categorias acreditam que a criptografia robusta torna impossível rastrear pedófilos, terroristas e outros criminosos.

Mark Zuckerberg, CEO do Meta, há muito tempo se posiciona como um defensor da privacidade. Em 2019, ele anunciou um plano para unir e criptografar todos os aplicativos de mensagens de sua empresa, um movimento que exigiu anos de trabalho de infraestrutura técnica. Na época, ele reconheceu o risco que isso representava para "coisas realmente terríveis como exploração infantil".

Os serviços de mensagens da Meta têm sido recentemente alvo de intensa fiscalização na Europa, onde a empresa foi multada em bilhões de euros por violar leis de privacidade de dados. Os legisladores também criticaram a Meta por não permitir que seus serviços de mensagens funcionem facilmente com outros serviços como o iMessage e o Telegram, e ordenaram que a empresa tornasse possível enviar uma mensagem dos aplicativos do Meta para concorrentes.

O Meta recentemente reduziu o número de seus funcionários de confiança e segurança que trabalham em questões como redução de desinformação e captura de pedófilos, fornecedores de material explosivo ou traficantes de drogas e armas.

A criptografia de ponta a ponta ganhou mais destaque em 2013, depois que dados vazados por Edward Snowden, ex-funcionário da Agência de Segurança Nacional dos EUA, pareceram mostrar a extensão pela qual a NSA e outras agências de inteligência e aplicação da lei estavam acessando as comunicações dos usuários por meio de empresas como Yahoo, Microsoft, Google e Facebook sem o conhecimento deles.

Aplicativos de mensagens criptografadas, como o Signal, ganharam popularidade, e gigantes da tecnologia, como a Apple, começaram a envolver os dados do usuário em criptografia de ponta a ponta. Em 2016, o WhatsApp introduziu a criptografia completa em seu serviço.

Nos Estados Unidos, os reguladores afirmaram que o uso generalizado de criptografia em aplicativos de mensagens facilitou o comportamento criminoso e a pedofilia, mantendo as mensagens fora do alcance das autoridades policiais.

Em um comunicado em abril, a Força-Tarefa Global Virtual, um grupo de 15 agências de aplicação da lei que inclui a Interpol e o FBI, disse que a decisão do Meta de criptografar seus serviços de mensagens "é um exemplo de uma escolha de design intencional que degrada os sistemas de segurança e enfraquece a capacidade de manter os usuários infantis seguros".

Além da criptografia de ponta a ponta, o WhatsApp planeja outras novas funcionalidades, incluindo uma notificação que informa se alguém abriu e leu sua mensagem e a capacidade de enviar mensagens de voz, fazer mensagens desaparecerem após 24 horas e editar mensagens enviadas.

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