Descrição de chapéu tecnologia China

Nvidia lucra com corrida por IA, surpreende mercado e anuncia receita de R$ 300 bi

No último trimestre, empresa faturou R$ 109 bilhões, um aumento de 265% em relação ao mesmo período de 2022

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São Paulo

Dona de uma posição estratégica na corrida pelo desenvolvimento de inteligência artificial, a Nvidia divulgou, nesta quarta-feira (21), receita de US$ 22,1 bilhões (R$ 108,9 bilhões) no último trimestre do ano passado. A alta é de 265% em relação ao mesmo período do ano anterior.

Assim, a empresa acumulou receita de US$ 60,9 bilhões (R$ 300,2 bilhões) ao longo do ano.

O resultado ficou acima da expectativa do mercado para a empresa nos últimos três meses de 2023: receita de US$ 20,55 bilhões (R$ 101,3 bilhões), de acordo com a plataforma de informações financeiras Investing.

Desde o fim de 2022, quando a OpenAI abriu acesso ao público para o ChatGPT e fez disparar o entusiasmo com IA, o valor das ações da fabricante de chips avançados mais do que quadruplicou.

Tela mostra homem à frente de painel com valor de ações da Nvidia, negociados no índice industrial Nasdaq
Tela mostra homem à frente de painel com valor de ações da Nvidia, negociados no índice industrial Nasdaq - Brendan McDermid/Reuters

O valor de mercado da empresa subiu em mais de 150% desde a divulgação em 22 de fevereiro do ano passado do balanço sobre os resultados da empresa para 2022, quando a demanda de desenvolvedores de inteligência artificial começou a ter reflexo nos números da gigante da tecnologia.

O lucro por ação (LPA) apresentado pela Nvidia de US$ 5,16 também superou o valor esperado pelos investidores de US$ 4,64.

A empresa ainda vai distribuir dividendos de US$ 0,04 (R$ 0,20) por ação em 27 de março.

Segundo o analista-chefe da Investing, Thomas Monteiro, esses números desfazem a suspeita de que a Nvidia passe por uma bolha. Nas transações após o fechamento da Bolsa de Nova York desta quarta, o valor dos papéis da fabricante de chips apresentava alta na casa dos US$ 50.

A Nvidia produz as chamadas GPUs (unidades de processamento gráfico), essenciais para treinar grandes modelos de inteligência artificial, como o GPT da OpenAI e o Gemini do Google. Desse mercado de chips de IA de ponta, 80% está sob o controle da empresa.

Essa cobiçada peça chegou a ser vendida por mais de US$ 30 mil (cerca de R$ 147 mil) no varejo, por ser essencial para treinar plataformas de IA generativa em um tempo viável e, em determinados momentos do ano passado, esteve em escassez.

Para suprir essa demanda, a empresa de tecnologia investiu US$ 2 bilhões (R$ 9,74 bilhões), de um total de US$ 2,9 bilhões (R$ 14,2 bilhões), na construção de uma nova planta focada em chips de IA para a TSMC, fábrica taiwanesa de chips que tira os projetos da Nvidia do papel.

O setor de datacenters da Nvidia foi responsável por 83% da receita anunciada no balanço, uma vez que a empresa também direcionou sua capacidade produtiva para reforçar seus centros de processamentos de dados.

A gigante da tecnologia aluga sua capacidade computacional para empresas menores desenvolverem os próprios projetos.

"A performance de nossa plataforma de datacenters é impulsionada pelos drivers especializados no processamento e treinamento de dados de serviços de nuvem e também de grandes empresas", afirmou o chefe-executivo da Nvidia Jensen Huang, em comunicado. Isso significa vantagem competitiva no desenvolvimento de soluções de inteligência artificial.

"A área de chip mostra um padrão que a empresa que detém a tecnologia de ponta domina sempre cerca de dois terços do mercado, e a Nvidia está lucrando com isso", disse Monteiro, da Investing, em entrevista à Folha.

Essa dominância sobre um mercado com possibilidade de crescimento exponencial é o que atrai dinheiro de grandes fundos e também de investidores domésticos para a fabricante de chips.

A posição estratégica da Nvidia fez a empresa superar a Tesla como a ação mais negociada de Wall Street neste início de ano.

A representação descomunal da Nvidia nas negociações diárias de ações deixou os investidores mais vulneráveis à resultados aquém do esperado, o que levou a uma desvalorização das ações da empresa na última semana.

No pico, as ações da Nvidia chegaram a subir 47% em 2024, e analistas ouvidos pela agência Reuters afirmaram que qualquer resultado negativo poderia reverter essa disparada. O balanço da empresa pelo semestre, porém, surpreendeu as instituições financeiras positivamente.

O frenesi com a companhia chegou a catapultar a empresa acima do Google e da Amazon em valor de mercado.

Nesta quarta, Google e Amazon haviam recuperado suas posições acima da Nvidia, após o ajustes realizados pelos investidores da bolsa americana.

O entusiasmo com a empresa é tamanho que ações de empresas menores de inteligência artificial subiram no último dia 14, depois que a Nvidia revelou ter participação nelas, oferecendo pistas sobre sua estratégia de crescimento.

A Nvidia divulgou suas participações até 31 de dezembro em um documento à SEC, órgão que regula o mercado de capitais nos EUA, na noite de quarta-feira (14).

A Nvidia, contudo, lida com um risco regulatório. É o principal alvo hoje no esforço americano para restringir o acesso chinês a chips avançados. A China é o principal concorrente dos EUA no desenvolvimento de IA.

A empresa, sediada na Califórnia, busca contornar desde 2022 as limitações de exportação à China determinadas pelo Departamento de Comércio.

O país responde por um quinto da receita da Nvidia, segundo o próprio Huang. "Se formos privados do mercado chinês, não temos contingência para isso, não existe outra China", afirmou ele, no ano passado. "Se não puderem comprar, eles mesmos vão fazer."

Erramos: o texto foi alterado

A receita anual da Microsoft em 2023 foi de US$ 211 bilhões, não US$ 56 bilhões, como afirmava versão anterior deste texto.

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