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06/04/2011 - 08h30

Melhor aplicativo para iPad, Flipboard prepara desembarque em outros aparelhos

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DIÓGENES MUNIZ
DE SÃO PAULO

Eleito uma das 50 maiores invenções de 2010 pela revista "Time", o aplicativo gratuito para iPad Flipboard está pronto para surfar em outras pranchetas. É o que revela, em entrevista exclusiva à Folha, o criador do programa, Mike McCue.

Paul Sakuma/AP
McCue é executivo-chefe do Flipboard (lançado em julho de 2010) e membro do conselho diretor do Twitter
McCue é executivo-chefe do Flipboard (lançado em julho de 2010) e membro do conselho diretor do Twitter

A plataforma racionaliza e apresenta, num visual de revista, a enxurrada de conteúdo compartilhado nas redes sociais. Basta cadastrar sua conta de Twitter ou Facebook para que a revista comece a ser montada diante dos seus olhos, em tempo real, conforme as páginas vão sendo viradas.

São os amigos do usuário que "curam" esse conteúdo, ou seja, tudo o que é postado pelos contatos entra no filtro automático do Flipboard.

O que mais impressiona para quem navega pela primeira vez é a interface. O programa dá à tela multitoque do iPad um uso bastante familiar (o de "virar a página"). Não por acaso, foi eleito pela própria Apple o melhor aplicativo de 2010 para iPad.

"Observamos as publicações impressas como uma inspiração", diz McCue.

Na entrevista abaixo, o executivo, que já trabalhou na equipe do lendário navegador Netscape, revela planos ambiciosos.

Sua equipe pretende tornar a localização do usuário um dos fatores para organização do conteúdo, o que permitiria com que uma pessoa segurando um tablet em determinada região da cidade receba informações específicas para sua latitude.

McCue também fala sobre o lançamento do aplicativo para outras plataformas, como iPhone, ou que usem o sistema operacional móvel Android.

Divulgação
Aplicativo diagrama os últimos acontecimentos a partir do que os contatos compartilham, dizem ou postam
Aplicativo diagrama os últimos acontecimentos a partir do que os contatos compartilham, dizem ou postam

*

Folha - Como surgiu a ideia do Flipboard?

Mike McCue - Queríamos tornar mais fácil a busca por notícias, informações, fotos e outras atualizações que fossem importantes dentro das redes sociais. O problema na época era que, para se manter atualizado, era preciso checar e-mail, Twitter, Facebook, Orkut, blogs e sites novos. Além de ser bastante trabalhoso, isso demanda que o indivíduo abra um monte de links.

A missão do Flipboard é melhorar como pessoas descobrem, veem e dividem conteúdo em suas redes sociais. Já que o Flipboard processa os links e as imagens direto na revista criada pelo usuário, não é preciso mais fazer longas varreduras em listas de posts e clicar em um link depois do outro.

Curiosamente, eu comecei a pensar no Flipboard antes de o iPad existir, ou seja, no início pensávamos que tínhamos criado um produto para a web. Quando o iPad surgiu, percebemos que era o formato perfeito.

Quais são os planos para os próximos meses?

Em termos de desenvolvimento de produto, você nos verá expandindo o número de redes sociais que se poderá adicionar ao seu Flipboard. Ainda neste ano também vamos ter o Flipboard em outros dispositivos.

Começamos a trabalhar com publicações para tornar o conteúdo que elas produzem para web mais bonito. Entre os nossos parceiros já estão títulos como "The Washington Post Magazine", ABC News, "Lonely Planet", "San Francisco Chronicle", e acabamos de adicionar as revistas "Rolling Stone" e "Elle".

Há planos de colocar o Flipboard em outras plataformas, com Android, por exemplo, ou para outros dispositivos, como o iPhone?

Vemos o iPad como um ponto de partida e nós definitivamente queremos levar o Flipboard para outros dispositivos e plataformas.

Por termos investido no [sistema operacional móvel da Apple] iOS, pretendemos trabalhar mais com os dispositivos que usam iOS primeiramente [caso do iPhone]. Mas, conforme o Android vai chegando ao mercado de tablets e conforme vamos vendo um ou outro [tablet] emergindo como líderes deste mercado, buscaremos uma maneira de embarcar essa plataforma também.

Quanto ao iPhone, vamos precisar pensar em uma abordagem diferente. Precisamos entender o que poderemos transmitir para nossos usuários em 15 segundos e ainda assim fazer disso uma experiência que lembre o Flipboard.

Há algum plano de incluir a localização geográfica como parâmetro de apresentação das notícias no Flipboard?

Isso é algo que a tecnologia de Web Intelligence, da empresa recém-adquirida por nós Ellerdale, pode trazer. Assim que começarmos a implementar essa tecnologia, isso será algo que consideraremos fazer. Conteúdo com base na localização é algo muito empolgante para todos nós por aqui e pode fazer a leitura do Flipboard mais relevante para cada usuário.

A maioria dos usuários parece acessar o Flipboard à noite, antes de dormir -diferentemente do que imaginamos acontecer com jornais, consumidos pela manhã. Como é o fluxo de audiência?

Sim, este é um comportamento típico de leitores do Flipboard. À noite nós registramos picos de audiência. Nosso horário nobre é às 23h, o que significa que muitas pessoas leem o Flipboard na cama, antes de dormir. É bem parecido com o que fazem com as revistas e outras leituras de lazer.

Como tem sido a relação de vocês com os grupos de mídia?

Bastante positiva. Centenas de publicações muito boas entraram em contato com a gente e começamos um teste com uma dúzia delas.

Alguma reclamação?

Recebemos alguns pedidos de publicações para apresentarmos seu conteúdo de maneira diferente. Alguns querem que mostremos mais, outros menos.

Até o fim do ano passado vocês tinham ultrapassado 1 milhão de downloads, mas são todos grátis. Como o Flipboard se paga?

Ainda estamos desenvolvendo o nosso modelo de negócio, mas o Flipboard já arrecadou US $ 10,5 milhões em capital de risco das empresas de investimentos Kleiner Perkins Caufield & Byers e Index Ventures.

Podemos mostrar aos nossos leitores belíssimos anúncios de página inteira, bastante apropriados para publicidade de marcas. Esses tipos de anúncios fazem parte do teste que começamos em dezembro.

E como os usuários estão reagindo a esses testes com anúncios?

Anúncios bonitos de páginas grandes são familiares aos leitores que costumam ler revistas -e também acabam empolgando as publicações e as marcas anunciantes.

Você não acha questionável colocar, numa mesma página, uma notícia sobre a revolta no mundo árabe e a atualização do status de alguém de solteiro para enrolado?

O que você vê no Flipboard é que os seus amigos do Facebook estão compartilhando ou o que as pessoas que você segue estão tuitando. Assim, a maioria dos nossos leitores tem uma mistura de notícias sobre o mundo, notícias locais e notícias pessoais.

O que difere o Flipboard é o jeito que ele mostra esse conteúdo, curado pelas pessoas em que você confia ou segue. É claro que algumas vezes as coisas que seus amigos estão compartilhando diferem muito, mas esperamos que tudo isso seja relevante de alguma forma para o usuário.

Há alguma chance de o Flipboard ser comprado por uma empresa maior, sobretudo no caso de não conseguir faturar?

Trabalho com uma visão de longo prazo para o Flipboard. Estamos muito empolgados com o fato de conseguirmos construir uma empresa independente e não tenho plano de nos vender.

Você trabalhava no Vale do Silício durante o estouro da bolha ponto-com, no começo da década passada. Que lição tirou daquela época?

Aprendi muito com a evolução do Vale do Silício desde aquela época. Todos aprendemos, sobretudo a continuar pequenos, a contratar pessoas que estejam verdadeiramente apaixonadas pela ideia de construir um ótimo produto e a fazê-lo a longo prazo. A construção de uma pequena empresa é tão difícil quanto a de uma grande, então sempre é preciso mirar na melhor ideia possível.

O que achou do primeiro jornal diário lançado para o iPad, o "Daily"?

Achei uma ótima iniciativa para trazer mais conteúdo ao iPad. Eles têm um forte time de jornalistas produzindo notícias e informações valiosas. Mas não vejo o "Daily" como competidor -o que fazemos se complementa.

 

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