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Em Puerto Madero, coleção Fortabat reúne obras de renome
DO ENVIADO A BUENOS AIRES
Puerto Madero, em que pese seus novíssimos edifícios espelhados, costuma atrair o visitante pelo estômago, com algumas das mais chiques "parrilladas" da cidade.
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Mas o bairro também possui atrações culturais. O grande polo destas é a Colección de Arte Amalia Lacroze de Fortabat, museu que expõe o principal conjunto particular de obras na Argentina.
O moderno edifício, projetado pelo uruguaio Rafael Viñoly, abriu suas portas em outubro de 2008, três anos e meio antes da morte da colecionadora, aos 90, a mulher mais rica do país até então.
Conhecida como "la dama del cemento", Amalia Lacroze de Fortabat teve uma biografia controvertida.
Quando o barão do concreto, Alfredo Fortabat, 27 anos mais velho, lhe tirou para dançar pela primeira vez, Amalia era uma mulher casada. Isso aconteceu em 1946 e, no ano seguinte, apesar da reprovação da sociedade portenha, ambos se uniram em uma cerimônia no Uruguai.
Seu rosto jovial e alegre, que Alfredo cobiçou, pode ser visto na primeira ala da galeria, em diversos retratos, como o do espanhol Alejo Vidal-Quadras. Mais adiante, também se encontra a imagem de Amalia pintada pelo pioneiro da pop art nos EUA, Andy Warhol.
Ela se tornou viúva em 1976 e herdou todo o conglomerado, assumindo os negócios.
Fortabat ganhou diversas licitações do governo militar argentino -para construir desde estradas até estádios de futebol.
VENEZA NA ARGENTINA
A partir daí, sua coleção de arte passou a angariar fama. Em 1980, Amalia arrematou o quadro "Juliet e sua Enfermeira" (1836), de J. M. W. Turner, por US$ 6,4 milhões - então o valor mais alto já pago por uma obra em leilão.
A imensa tela do artista inglês (1775-1851) é o grande destaque da mostra permanente, estampando a capa do catálogo (vendido a 300 pesos no museu; R$ 130), do guia (60 pesos) e até ilustrando o bilhete do ingresso.
Daniel Medici/Folhapress |
Fachada do museu Fortabat, situado em Puerto Madero |
De uma sacada voltada à Piazza San Marco, o quadro mostra a torre do Campanile e as cúpulas da basílica, com uma multidão embaixo, observando a queima de fogos de artifício.
Veneza exerce um papel de destaque no imaginário da coleção: também pode ser vista em diversas outras telas, inclusive contemporâneas, de pintores argentinos -boa parte deles concentrados no primeiro andar.
Entre outros artistas internacionais, figuram Pieter Brueghel, Dalí, Chagall, alguns rascunhos de Gustav Klimt e uma aquarela do escultor Auguste Rodin.
O foco da coleção, no entanto, está no modernismo e pós-modernismo desenvolvido na Argentina, em obras de Carlos Alonso, Antonio Berni, Héctor Balsadán, Raúl Soldi, entre outros.
Uma das grandes curiosidades do museu vem, contudo, de uma peça assinada por um nome consagrado na literatura: uma pequena natureza-morta de Ernesto Sábato (1911-2011). (DANIEL MÉDICI)
COLECCIÓN DE ARTE AMALIA LACROZE DE FORTABAT
Quando: de terça a domingo, das 12h às 21h
Onde: calle Olga Cossentini, 141
Quanto: 30 pesos (R$ 13)
SITE: coleccionfortabat.org.ar
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