Siga este roteiro de 10 dias pelos pontos altos do Egito

Circuito elege experiências de impacto e desvia de atrações mais padronizadas

Colunas do complexo de Karnak, na região de Luxor
Colunas do complexo de Karnak, na região de Luxor - Julien Thys/Folhapress
Ana Estela de Sousa Pinto
egito

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​Considere estas sugestões com passeios selecionados e atrações essenciais para aproveitar bem os dias de viagem no país africano.

 

Dia 1 - Cairo, esfinge e pirâmides de Gizé
Gizé é uma cidade da zona metropolitana do Cairo e o cartão postal mais famoso do país fica ali mesmo, na zona urbana. Além da esfinge, há seis pirâmides pequenas e três grandes: Quéfren, Miquerinos e Quéops —o monumento mais massivo da humanidade, com 2 milhões de blocos de pedra num total de 6 milhões de toneladas.

Construídas há 5.000 anos, as pirâmides de Gizé são a única das sete maravilhas do mundo antigo que ainda está em pé.

O turista pode escalar os enormes blocos até a entrada e percorrer seus corredores estreitos até a sala da tumba. É um passeio ao mesmo tempo incômodo (por 200 metros é preciso avançar agachado) e emocionante (dependendo do horário, você poderá estar sozinho no coração daquela massa de pedra erguida nos primórdios da civilização).

As pirâmides são uma sugestão para o primeiro dia porque praticamente tudo o mais que há para visitar no Egito é ainda mais impactante, e deixá-las para depois tiraria um pouco dessa graça inicial.

Dia 2 - Cairo, museu egípcio e região central
O museu é aberto às 9h. Chegue cedo e, assim que entrar, pegue o corredor à direita, suba a escadaria para o segundo andar e vá até a sala onde estão sarcófagos, máscara e joias do faraó Tutancâmon.

Isso lhe dará minutos de tranquilidade absoluta para ver cada detalhe (e são muitos detalhes) da mais bonita e bem preservada arte funerária dos faraós.

Quando os outros turistas começarem a chegar, você pode aproveitar para explorar o resto do museu, incrivelmente devassável para a quantidade de obras que contêm.

Sarcófagos, joias, estátuas, cerâmicas, ferramentas, objetos de todos os tipos se espalham e se amontoam pelas salas quase sem vigilância. Estudantes de arqueologia se sentam encostados a esfinges para fazer a lição de casa, enquanto crianças tentam escalar urnas funerárias.

Essa proximidade, no entanto, tem os dias contados: um novo museu, construído com ajuda do governo japonês e que promete alta dose de tecnologia, deve ser inaugurado até o final do ano em Gizé, mais perto das pirâmides.

O centro do Cairo é um bom lugar para experimentar o koshari, prato típico egípcio que reúne arroz, lentilhas, grão de bico, massa, molho de tomate e cebola frita. Há restaurantes especializados nesta receita, o que torna a refeição rápida e barata (o prato pequeno custa 15 libras, menos de um dólar, e o grande, 45 libras). Alguns famosos são Abou Tarek (26 El-Shaikh Marouf) e Koshari Lux (1 El-Falky square, Garden City).

De lá, passeie a pé pelas ruas comerciais que saem da praça Tahrir. A Qasr el-Nil, por exemplo, tem lojas de tênis com cores que não existem no Brasil e preços bem mais baixos.

Dia 3 - Cairo, bairro copta e torre do Cairo
Passeie a pé pelo bairro copta (onde moravam os cristãos quando os árabes dominaram o Egito) e visite o bem montado museu Copta, com peças recolhidas nos primeiros mosteiros da humanidade, abertos nos séculos 6 e 7 na região de Saqqara.

A torre do Cairo, com 185 metros de altura, é o destino certo para uma vista panorâmica da cidade, de dia e à noite. Fica numa pequena ilha do rio Nilo, ao lado do centro, onde há também um jardim botânico e passeios de charrete.

Dia 4 - Assuã, templo de Ísis, jardim botânico e vila Núbia
Trem e avião levam a Assuã, uma das maiores cidades egípcias, ao sul. Descanse da viagem admirando o verde escuro do rio Nilo. De lancha ou veleiro, há três passeios interessantes: ao jardim botânico montado pelo general britânico Horatio Kitchener, com flores e folhagens do mundo todo; ao templo de Ísis, na ilha Philae, e à Vila Núbia, assentamento para onde foram transferidos alguns dos cerca de 1 milhão de núbios que viviam entre a primeira e a segunda catarata do rio Nilo, região alagada pelo lago Nasser.

A vila reproduz a arquitetura dos núbios, com casas de teto abobadado, e moradores encenam tradições, como danças, batuques e refeições. Como em outros locais turísticos do país, é possível contratar passeios de camelo.

Dia 5 - Assuã, templos de Abu Simbel
Cerca de 200 km ao sul de Assuã, perto da fronteira com o Sudão, fica Abu Simbel, para onde foram transplantados os templos de Ramsés 2º e sua mulher, Nefertari. São alguns dos 17 monumentos salvos pela Unesco antes da construção da barragem de Assuã, que formou o lago Nasser.

Os templos foram cortados da pedra e levados para lugares mais altos. Quatro deles foram dados como presente a Espanha, Itália, Holanda e Estados Unidos, e cinco ficaram sob as águas —feitos de pedra porosa, estão irremediavelmente danificados.

À tarde, embarque num cruzeiro pelo rio Nilo até Luxor.

Dia 6 - Cruzeiro pelo Nilo, Edfu, templo de Horus
Diversas empresas fazem o trajeto entre Assuã e Luxor, que pode ser contratado só como ida ou como ida e volta. No meio do caminho, eles param em Edfu, onde está o mais bem conservado dos templos, o templo de Horus.

Outro monumento interessante é o templo de Kom-ombo, feito já no período greco-romano e dedicado a dois deuses: Haroeris (Horus-o-velho, deus do céu) e Sobek, o deus do mal, que assume a forma de um crocodilo.

Em Kom-ombo há diversas referências à medicina, como diferentes formas de parto e instrumentos médicos gravados nas paredes, receitas médicas para doenças como a disfunção erétil e salas onde os sacerdotes faziam cirurgias. 

O local virou centro de atração de pessoas que procuram cura para males físicos e espirituais: os turistas meditam sentados nos pedestais das colunas, nos nichos dos sacerdotes e em frente às portas das saletas de cirurgia.

Ao lado do templo há um simpático e interessante museu do crocodilo, com múmias do animal de vários tamanhos e fases da vida.

Dia 7 - Cruzeiro pelo Nilo, Luxor, Vale dos Reis
Se seu barco atracou em Luxor na véspera, é possível fazer um passeio de balão ao nascer do sol, sobrevoando o Vale dos Reis, vilas e áreas rurais da região de Tebas.

Visitar o vale também por terra é um dos passeios obrigatórios em Luxor. Depressão no deserto entre duas cadeias de morros, ele abriga dezenas de tumbas faraônicas:-63 já foram descobertas, e os arqueólogos continuam escavando.

Paredes e tetos são lindamente decorados e, embora algumas das tumbas exijam longas subidas e descidas, o pé direito permite caminhar em pé (diferentemente das pirâmides, em que é preciso avançar agachado).

A região de Luxor é a mais organizada para receber visitantes. Seus principais monumentos —o complexo de Karnak, o templo da rainha Hatshepsut e o Vale dos Reis—têm maquetes bem montadas e trenzinhos de transporte. As barracas de souvenir ficam em locais protegidos pela sombra e até mesmo os produtos vendidos parecem de melhor qualidade.

Uma curiosidade do templo de Luxor (palco do casamento da top model Naomi Campbell em 2010) é que foi de lá que saiu o obelisco que hoje enfeita a praça da Concórdia, em Paris. Foi dado como presente no começo do século 19, pelo então governante Mohammed Ali, em troca de um relógio que fica ao lado da mesquita construída por ele na Citadela, no Cairo. Quebrado no transporte, o relógio nunca foi consertado.

Já a entrada do templo ficou assimétrica, com apenas um obelisco do lado esquerdo.

O templo é curioso porque foi usado como igreja por cristãos fugidos dos romanos e, séculos depois, muçulmanos ergueram ali uma mesquita sem saber que, sob a areia, estava o monumento.

Dia 8 - Luxor a Cairo
Um dia só é pouco para aproveitar Luxor, então ajuste os trajetos dependendo dos horários do cruzeiro e da viagem de volta ao Cairo —que, assim como no caso de Assuã, pode ser feita de trem ou avião.

No Cairo, se já estiver com saudades do Nilo, agende um jantar num dos navios que fazem uma volta pela cidade e apresentam shows típicos.

Dia 9 - Cairo, Saqqara e Mênfis
Nos arredores da cidade, em meio ao deserto, estão Saqqara (onde fica a mais antiga pirâmide egípcia, construída em patamares), Dahshur (que guarda as primeiras pirâmides semelhantes às que conhecemos) e Mênfis.

Primeira capital do Egito unificado, em 3100 antes de Cristo, Mênfis se resume hoje a um pequeno museu a céu aberto que abriga uma bela esfinge de alabastro (com o nariz intacto) e uma estátua de Ramsés 2º (cujos pés, quebrados, nunca foram repostos).

Dia 10 - Cairo, Citadela, parque al-Azhar, bairro islâmico
Colina murada por Saladino no século 12, a Citadela abriga a mesquita Mohammed Ali, feita nos moldes da Hagia Sofia, de Istambul (Turquia), e a mesquita de Suleiman Pasha, que tem bonita decoração. Um pátio permite uma bela vista do Cairo.

Perto da Citadela ficam duas mesquitas que valem a visita: Sultão Hassan e Ibn Tulun. Grudado nesta fica a charmosa casa de Gayer-Anderson, médico e advogado britânico que restaurou duas residências dos séculos 16 e 17 e as forrou de objetos de arte.

Boa opção para o almoço pode ser o parque al-Azhar, que tem jardins muito bem-cuidados e é praticamente ignorado pelos turistas. Há dois restaurantes, um mais refinado e um mais simples e barato, à beira de um lago.

Uma grande atração do Cairo é percorrer as vielas do bairro islâmico com sua multidão de lojas, barracas, frutas, temperos, açougues que expõem carne em ganchos na porta.

Mais conhecido, o bazar Khan al-Khalili tem as desvantagens de ser ponto turístico: quinquilharias padronizadas e preços mais altos. Com os aplicativos de mapas, não é preciso ficar preso a ele. As vias ao seu redor são igualmente interessantes e mais autênticas.

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