Descrição de chapéu férias de verão

Vilarejo argentino é um dos lugares mais em conta no mundo para comer caranguejo gigante

Ruta da Centolla começa na 'cidade do fim do mundo' e vai até o sul, em Puerto Almanza

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Parque Nacional de Ushuaia, no extremo sul da Argentina

Parque Nacional de Ushuaia, no extremo sul da Argentina Gabriela Di Bella/Folhapress

Gabi Di Bella
Ushuaia

Um voo de cerca de três horas e meia separa Buenos Aires, capital da Argentina, de Ushuaia, também conhecida como a cidade do "fim do mundo". O título é disputado com a comunidade chilena de Puerto Williams, uma vila que cresceu ao outro lado da margem do canal de Beagle, mas a pendenga em nada tira o charme do destino argentino.

Entre os passeios alternativos —e criativos— de Ushuaia está a Ruta da Centolla (em português, a rota do caranguejo), acessível de carro a cerca de uma hora e meia mais ao sul, na comunidade de Puerto Almanza.

O trajeto passa pela lagoa Vitória e por uma paisagem que combina montanhas e as árvores bandeira, que levam este nome porque crescem dobradas devido ao forte vento, tudo misturado à neve e ao gelado mar do canal.

Em Puerto Almanza vivem cerca de 50 famílias que buscam sustento na pesca artesanal e no turismo. É um dos poucos lugares no mundo em que ainda é possível comer salmão, centolla e merluza austral selvagens.

José Luis Raipan, 45, dono do Onas Restaurante, recebeu seu nome em homenagem aos povos originários locais. Ele cresceu na região, acompanhando o pai pescador.

"Aqui não havia nada, a gente vivia acampando de ilha em ilha, indo em busca de onde estavam os peixes", lembra.

Dois meses antes da pandemia, ele abriu para o público a pequena casa de madeira transformada em restaurante, junto com a esposa. "Trabalhamos somente uma temporada e logo tudo fechou, mas sobrevivemos", fala.

Restaurante Onas, em Ushuaia, serve centolla, espécie de caranguejo gigante
Restaurante Onas, em Ushuaia, serve centolla, espécie de caranguejo gigante - Gabriela Di Bella/Folhapress

No período, chegaram a atender 1.500 pessoas, "todos argentinos", diz. Atualmente, José já tem reservas para toda a temporada de europeus que passam em cruzeiros pela região.

O público está quase sempre em busca da centolla, iguaria que costuma custar quatro vezes mais em qualquer restaurante de Ushuaia.

"A centolla vale 30 mil pesos em Ushuaia e aqui custa 8.000. Na Europa e nos Estados Unidos é muito mais caro", defende José.

Os pratos de maior sucesso são o caranguejo na manteiga e gratinado, e as empanadas de caranguejo. Todos são feitos pela esposa de José, que segue pescando quando o tempo permite, na temporada de março a outubro, coletando quase 300 kg por mês.

"Eu não gosto dessa cozinha chamada gourmet. Já fui a restaurantes que têm muita cor e nada de sabor, você tem que comer e pagar o que vale", avalia.

Além da rota da centolla, Ushuaia oferece belos passeios de uma paisagem preservada pelo frio e pela longitude. A cidade busca maneiras de investir em um turismo sustentável para unir o desenvolvimento à preservação da natureza.

Vista em área do Hotel Arakur, de arquitetura inteligente em meio a reserva ambiental em Ushuaia, extremo sul da Argentina
Vista em área do Hotel Arakur, de arquitetura inteligente em meio a reserva ambiental em Ushuaia, extremo sul da Argentina - Gabriela Di Bella/Folhapress

Há atrativos como o hotel Arakur, localizado na Reserva Natural do Cerro Alarkén e de arquitetura inteligente para a preservação da área. Lá é possível agendar passeios ecológicos.

Foi ali, aliás, que Leonardo DiCaprio se hospedou quando, em busca de neve, mudou a locação do filme "O Regresso" do Canadá para o sul argentino. O hotel tem uma bela piscina de borda infinita com vista para as montanhas e um ótimo restaurante aberto ao público.

Na cidade também há o Trem do Fim do Mundo, um charmoso passeio que conta muito sobre como foi criada a cidade austral. Sua história é conectada ao presídio criado em 1986 —era para ele que inicialmente eram enviados os criminosos mais perigosos do país.

Trem do Fim do Mundo, em passeio em Ushuaia, na Argentina
Trem do Fim do Mundo, em passeio em Ushuaia, na Argentina - Gabriela Di Bella/Folhapress

A cadeia chegou a abrigar 600 detentos. Hoje, abriga um museu que descreve como era a vida dos presos, além de um Museu Marítimo.

Os turistas não podem perder o tour pelo canal de Beagle para admirar leões-marinhos e o cormorão-imperiail, espécie que se parece bastante com os pinguins, na ilha do farol, nem o passeio pelo Parque Nacional de Tierra del Fuego.

Frequentado por quem quer praticar esportes ao ar livre, como trekking e longas caminhadas, o parque também é casa da única unidade dos correios argentinos, a unidade postal del Fim do Mundo, na enseada da baía de Zaratiegui.

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