Floresta urbana tem trilha acessível e inclusiva em Bertioga

Mantida pelo Sesc, reserva natural possui estrutura para receber pessoas com deficiência

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Bertioga

Uma das maquetes táteis disponíveis na trilha existente dentro da Reserva Natural do Sesc Bertioga, a 116 km de São Paulo, mostra três visitantes observando atentos uma árvore gigante. Um deles está em uma cadeira de rodas em meio à rica vegetação do lugar.

A cena não é ficção. A estrutura de visitação da reserva no litoral paulista foi planejada com recursos para atender pessoas com deficiência, o que inclui guia rebaixada, piso podotátil, fotos de fauna e flora em alto-relevo, placas com informações em braile, vídeos com tradução em Libras, banheiros adaptados, guia de balizamento, além de esculturas e maquetes táteis.

Oficialmente aberta em dezembro de 2021, a chamada trilha do sentir percorre parte dos 50 hectares de floresta de restinga localizada dentro da zona urbana de Bertioga, município que sedia um disputado centro de férias do Sesc.

Imagem de árvores vistas de cima em uma mata
Vista aérea da trilha do Sesc Bertioga, no litoral de São Paulo - Ignacio Aronovich/Sesc

A área verde faz parte do Sesc Bertioga desde 1949, mas o processo para transformá-la em RPPN (Reserva Particular de Patrimônio Natural) junto à Fundação Florestal, órgão vinculado à Secretaria do Meio Ambiente do Estado, começou em 2012.

Um plano de manejo desenvolvido com a participação da população local detalha a gestão da reserva e mostra o que há no local: plantas, animais, geologia. São mais de 600 espécies entre insetos, anfíbios, mamíferos e plantas.

O documento também estabelece as atividades que podem ser desenvolvidas, a organização das visitações, ações de turismo e de recreação.

As visitas à reserva natural fazem parte das atrações turísticas disponíveis para os frequentadores do Sesc Bertioga, mas também atraem moradores da cidade e turistas hospedados em outros hotéis ou pousadas.

O acesso é gratuito e o passeio pode ser feito de terça-feira a domingo, das 8h30 às 17h30.

"Nossa preocupação é cada vez mais estarmos integrados à comunidade", afirma Marcos Laurenti, gerente do Sesc Bertioga. Segundo ele, há a preocupação de não transformar a reserva em uma "ilha" isolada da população.

Imagem mostra uma mulher observando árvores
Espaço de observação em trilha do Sesc Bertioga - Divulgação/Sesc

Aulas de ioga e visitas de crianças acompanhadas de professores e instrutores são algumas das atividades realizadas na floresta urbana.

Para as crianças, uma das atrações é o jardim das brincadeiras, uma área com estruturas rústicas em que elas podem explorar o contato com a natureza e esquecer por alguns momentos o mundo digital.

Suspensa por meio de um deque, a trilha do sentir possui 960 metros de extensão e pode ser percorrida com a mediação de agentes de educação ambiental ou de forma independente.

Como parte da aproximação da população, o nome foi escolhido em votação pública, nas redes sociais do Sesc.

Além dela, há também uma trilha no chão da floresta, com 300 metros de extensão e intensidade leve.

O Sesc tem planos de ampliar as possibilidades de visitação à floresta, por meio da construção de uma passarela que deverá atravessar à rodovia Anchieta, vizinha à reserva natural.

MATA ATLÂNTICA E HISTÓRIA

O estado de São Paulo possui hoje apenas 17% de sua vegetação nativa. Desse total, 77% estão em áreas particulares protegidas como a do Sesc.

Em Bertioga, município localizado na região metropolitana da Baixada Santista, fica o maior percentual de mata atlântica do estado. Noventa por cento do território do município é ocupado por esse bioma. A floresta de restinga é um ecossistema costeiro, associado à mata atlântica.

Ainda pouco exploradas, a riqueza ambiental e edificações históricas despertam cada vez mais o interesse de turistas que querem ir além do conforto oferecido pela estrutura dos condomínios de alto padrão da cidade.

O município possui, por exemplo, vestígios da ocupação pré-histórica e bens tombados pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico), como o Forte São João, construído em pedra e argamassa de cal de ostra no século 16.

A ocupação turística de Bertioga começou na década de 1940 com os primeiros loteamentos e a colônia de férias do Sesc. Nessa época, turistas chegavam a Santos de trem e depois usavam balsas para ir até o município.

A construção de rodovias, a partir da década de 1970, levou o turismo para praias do litoral norte e intensificou a construção de empreendimentos de luxo como a Riviera de São Lourenço, loteamento com 11 mil unidades habitacionais, shopping, restaurantes, escolas e clínicas médicas.

COMO CHEGAR

A Reserva Natural do Sesc Bertioga fica na avenida Francisco Soto Barreiro Filho, 1.117 (antiga avenida do Canal), em Bertioga. As visitas podem ser feitas de terça-feira a domingo, das 8h30 às 17h30 e são gratuitas. Crianças de até 12 anos precisam estar acompanhadas.

A jornalista viajou a convite do Sesc SP

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