Descrição de chapéu América Latina

Bogotá mistura rotina de cidade grande com montes vibrantes ao redor

Com boa gastronomia, capital colombiana tem cara familiar aos brasileiros

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Vista do alto do Cerro de Monserrate. É possível ver toda a extensão do centro da cidade e alguns prédios maiores, iluminados

Mais conhecido dos cerros Orientais de Bogotá, o morro e a igreja de Monserrate têm uma altitude de 3.152 metros e é um dos maiores pontos de peregrinação da capital colombiana - Nicollas Witzel / Folhapress

Bogotá

Para quem voa no assento da janela, a conexão com a Colômbia começa ainda sobre o estado do Amazonas. A maior floresta do mundo apaga a fronteira entre os países, um impressionante tapete verde que ainda cobre metade do território colombiano antes de se transformar na cordilheira dos Andes. Até a subida vertiginosa dos picos, o chão tem jeito de Brasil.

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O rio Amazonas atravessa a Floresta Amazônica, que cobre boa parte do noroeste do Brasil e se estende até a Colômbia, Peru e outros países da América do Sul - Cezar Magalhães/Raw Image/Folhapress

Depois do verde imenso, são poucas horas de voo a Bogotá, que fica no meio da cadeia montanhosa que atravessa o país de norte a sul. Como muitas cidades colombianas, sua capital, a 2.640 metros de altitude, é espremida em um vale. Isso ajuda o turista a fazer muita coisa a pé, já que a cidade não tem metrô e sofre com o trânsito. Calcular um tempo no engarrafamento é crucial para cumprir qualquer tipo de compromisso.

No centro histórico, chamado de La Candelaria, fica a plaza Bolivar, um marco de independência nacional e homenagem a Símon Bolívar, líder da luta anticolonial em toda a antiga Grã-Colômbia —entre 1821 e 1831, Colômbia, Equador, Venezuela e Panamá eram um só país.

As ruas estreitas típicas do traçado colonial espanhol são cheias de lojinhas, monumentos históricos e museus. Em um complexo cultural que também conta com a Casa da Moeda, o Museu das Forças Militares e o Museu de Arte Miguel Urrutia, você encontrará o Museu Botero, dedicado ao artista plástico homônimo, um figurativista nascido em Medellín e morto em 2023. Além das 123 obras doadas por ele à instituição (entre elas sua famosa releitura da "Mona Lisa"), há também outras 85 obras de grandes nomes como Picasso, Renoir, Monet e Degas. As entradas são gratuitas.

O Museu do Ouro é outra parada obrigatória na cidade: é um dos maiores do gênero no mundo, com mais de 30 mil artigos do período pré-colombiano feitos com metais extraídos do local. Há muitos utensílios domésticos ricos em detalhes, máscaras ritualísticas, ferramentas de trabalho e até acessórios de moda.

Pouco mais de três minutos de caminhada à frente está o restaurante mais antigo da América do Sul, o La Puerta Falsa, fundado em 1816. No entorno dele há dezenas de outros locais com comida típica: não deixe de provar as arepas (diferentes das versões venezuelana e argentina, mais secas e sem recheio), os deliciosos sucos de cholupa (parecidos com o de maracujá) e de lulo (fruta exótica da família dos tomates, mas cítrico, com sabor entre o limão e o abacaxi). Tente também a limonada de panela (um tipo de açúcar) e o tradicional ajiaco (sopa de batatas).

Em mais uma semelhança conosco, a Colômbia tem na gastronomia um de seus maiores tesouros. Alguns pontos da capital reúnem várias dessas preciosidades em um único lugar, como a praça Paloquemao, no bairro Los Mártires, que abriga um grande mercado com seções dedicadas a petiscos, frutas, verduras, carnes, peixes e cafés.

O último capítulo do passeio pela região central deve ser a subida ao santuário de Monserrate para o pôr-do-sol. Trata-se de uma igreja no alto de um morro simbólico da cidade, de onde se pode ver toda a sua extensão urbana, e que é também o ponto de peregrinação mais importante do país. Um teleférico, um funicular ou uma trilha de cerca de uma hora levam até lá em cima, onde a altitude chega a 3.152 metros acima do mar.

Afastando-se do centro histórico a cidade vai ganhando uma cara mais residencial. Há algumas favelas no horizonte, preenchendo o relevo montanhoso e dando a Bogotá uma cara familiar para brasileiros.

Ao norte, destaca-se o bairro de Usaquén, que no início do século 20 era uma área de grandes fazendas cafeeiras — em alguns pontos ainda é possível apreciar o traçado colonial bem preservado. Hoje, o bairro é um polo gastronômico badalado onde é possível encontrar restaurantes e bistrôs sofisticados, como o Oda, na rua 140. Com vista panorâmica da cidade e uma gastronomia progressiva, isto é, que reduz o desperdício e usa ingredientes locais e sazonais, o local foi eleito um dos melhores da América Latina pela World’s 50 Best Restaurant’s em novembro de 2023.

Ainda em Usaquén, não deixe de fazer uma visita ao Mercado das Pulgas, que abre tradicionalmente aos domingos e se parece com as feirinhas brasileiras, mas com barracas de joias artesanais —a Colômbia é a principal extratora de esmeraldas no mundo, e as pedras podem ser vistas em diversos pontos da cidade. Não é para todos os bolsos, mas admirar é de graça.

Esmeraldas expostas em setor joalheiro no centro de Bogotá, na Colômbia
Esmeraldas expostas em setor joalheiro no centro de Bogotá, na Colômbia

A seis quilômetros dali, no miolo da Zona Rosa, onde ficam diversas butiques de luxo e muitos bares, está a Zona T, trecho muito charmoso no qual só é possível se locomover a pé ou de bicicleta —uma opção comum na cidade.

É lá que fica o famoso e folclórico restaurante Andrés Carne de Res. Não é fácil explicar o que você encontrará lá, mas digamos que se estiver na dúvida entre sair para jantar ou ir a uma balada, o Andrés te servirá as duas coisas.

São quatro andares temáticos: o inferno, a terra, o purgatório e, finalmente, o céu, todos com decoração e menus personalizados. Não é um restaurante barato e também não é silencioso. Se o seu carisma aguenta, faça reserva, aproveite as excelentes carnes junto da tradicional limonada de coco e entenda o porquê deste lugar ser considerado obrigatório em Bogotá.

Mais ao sul, o bairro de Teusaquillo guarda alguns dos maiores espaços verdes de Bogotá, o Parque Metropolitano Símon Bolívar e o Jardim Botânico, onde se pode observar recriações de cada um dos seis biomas nacionais —amazônia, maciço colombiano, andes orientais, andes ocidentais, pacífico e caribe.

A poucos quarteirões desses parques, está o principal centro esportivo de Botogá, o estádio El Campín, inaugurado em 1938. Contrariando o processo de arenização que vem tomando conta da América do Sul, ele conta com uma arquitetura raiz: é todo de concreto, com arquibancadas pouco verticalizadas e nenhum alambrado entre a torcida e o campo. Em dias sem jogo, um tour permite visitar o banco de reservas, vestiários e cabines de transmissão.

Também é preciso conhecer o esporte oficial da Colômbia, o tejo. É como um tiro ao alvo: lança-se um pequeno disco de metal em uma placa de madeira com pequenos pontos de pólvora, colocados sobre uma camada de argila e que explodem com o impacto.

É comum encontrar equipes profissionais de tejo nas principais cidades colombianas, que disputam pequenos campeonatos em albergues, hotéis e bares como forma de promover a conexão de estrangeiros à cultura nacional. Além de ter regras simples, o tejo é frequentemente acompanhado por festa e cerveja. Um programa fácil e convidativo para turistas e iniciantes.

O jornalista viajou a convite da Gol Linhas Aéreas

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