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25/07/2010 - 20h15

Férias em templos da Tailândia têm meditação e vida sem luxo

DA EFE

Sukree Sukplang /Reuters
Monge budista tailandês observa estátuas de ouro de Buda, em templo de Bancoc
Monge budista tailandês observa estátuas de ouro de Buda, em templo que fica em Bancoc

Dormir em uma pequena cela sem ar condicionado e levantar-se antes do nascer do sol não parecem as férias ideais, mas são os incômodos que centenas de turistas escolhem para praticar meditação nos templos budistas da Tailândia.

Muitos deles são jovens que deixam de lado as praias e festas durante sete ou dez dias para passarem por uma estrita e recatada disciplina monacal que exige a prática da meditação.

Embora a maioria costume terminar os cursos com uma sensação de serenidade e paz mental, também há os que não aguentam bem as privações ou, simplesmente, deixam o templo antes do fim das instruções.

Os visitantes do templo Suan Mokkh, situado em um espaço natural de frondosa vegetação, vivem rodeados pelas túnicas açafrão dos monges e pelas estátuas douradas dos budas.

Às 4h, um toque de alvorada desperta os estudantes, que dormem sobre camas de madeira em pequenas celas com grades nas janelas.

"À noite as portas eram fechadas com chaves. E se não escutasse o toque de despertar na primeira chamada, também ficava trancado até a hora do café da manhã, duas horas mais tarde", disse Alberto, um espanhol de 34 anos.

"Diziam que era pela nossa segurança, mas imagina se houvesse um incêndio", questionou.

SEM VÍCIOS

Ao entrarem no templo, os estudantes assinam um documento no qual se comprometem a passar dez dias em silêncio, que só podem romper para resolver algum problema com a direção, e levar uma vida frugal, com apenas duas refeições diárias antes das 12h.

Não é permitida a ingestão de bebidas alcoólicas, fumo, uso de telefones celulares, livros. Além disso, os jovens são separados para evitar contato com o sexo oposto.

Ao quinto dia, Alberto decidiu deixar o local, pois estava incomodado com os demais meditadores, que, para ele, agiam de forma egoísta e não cumpriam as normas.

"Os responsáveis pelo templo fizeram tudo o que foi possível para que não saísse, me disseram que eu estava emocionalmente instável, e, quando os convenci, tive que esperar dois dias até que me devolveram meu passaporte e meus objetos pessoais", afirma.

Outros jovens com experiências melhores asseguram que quando terminam o curso enfrentam a vida com otimismo, e os problemas são encarados com mais tranquilidade.

"Já sei que contado assim soa como tortura chinesa, mas eu repetiria a experiência", assegura Carmen, que também passou pelo templo.

"Embora às vezes seja bastante duro, também há momentos muito mágicos. É um bom tratamento contra stress, para recarregar as pilhas, e sobretudo um exercício de autoconhecimento. Definitivamente, acho que há um antes e um após Suan Mokkh", afirma a espanhola de 28 anos.

Em Wangthong, no entorno tropical da província de Pitsanulok, norte da Tailândia, está um dos centros de meditação Dhamma fundados no mundo todo pelo professor birmanês de origem indiana S.N. Goenka.

CURSO DE DEZ DIAS

"É minha primeira vez na Ásia, tinham me falado sobre Goenka e decidi fazer um curso de dez dias, depois seguirei minha viagem por Tailândia e Laos", disse Christopher, um jovem americano que vive em Chicago.

Os centros Dhamma, que contam com sedes em países dos cinco continentes, são conhecidos por suas estritas normas, mas também pela boa organização e por ensinar as mesmas técnicas de meditação que Buda divulgou há 2.500 anos.

"No início era muito difícil ficar sentado durante sete ou oito horas para meditar, os horários a cumprir e todo isso, mas agora me sinto maravilhosamente bem", garante Christopher.

Goenka é um dos maiores especialistas do mundo na meditação Vipassana ("instrospecção" no idioma pali), que persegue o equilíbrio mental através da observação atenta das sensações do corpo.

Alguns templos, como o de Suan Mokkh, cobram cerca de 2 mil bats (cerca de R$ 160) para as despesas de manutenção durante os dez dias, enquanto os centros Dhamma só pedem uma doação voluntária ao fim do curso.

A Tailândia conta com aproximadamente 60 mil templos da escola Theravada, a principal corrente budista, religião praticada por 90% de seus 60 milhões de habitantes.

Em Bangcoc, há vários templos e centros, como Mahathat e o Pak Nam, que oferecem cursos de meditação em inglês. Só é preciso estar disposto a manter silêncio, madrugar e meditar até oito horas diárias.

 

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