Pela sétima vez consecutiva os especialistas consultados pelo Banco Central elevaram a projeção para a inflação neste ano, distanciando-se ainda mais do teto da meta, segundo a pesquisa Focus divulgada nesta segunda-feira (30).
O levantamento, que capta a percepção do mercado para indicadores econômicos, apontou que a expectativa para a alta do IPCA em 2023 subiu de 5,48% para 5,74%.
Segundo o colunista André Roncaglia, professor de economia da Unifesp e doutor em economia do desenvolvimento pela FEA-USP, o regime de metas de inflação no Brasil precisa ser mais flexível. "É como colocar para o Banco Central a necessidade do fracasso para atingir metas. É como em uma dieta: se você coloca uma restrição calórica muito grande, o corpo não aguenta, ele vai ter que fracassar dentro daquela meta", compara.
Para ele, a meta de inflação muito baixa atrasa a queda da taxa de juros e restringe os gastos sociais para as famílias mais vulneráveis.
"Você vai impor um limite cada vez mais estreito para o Banco Central em um cenário de muitos choques de custos e pressões que ele não controla", pontua.
Em entrevista ao colunista Fernando Canzian sugeriu adotar mecanismo de núcleos, que excluem preços voláteis e tornam o Banco Central mais reativo do ponto de vista da sua única política --que é a taxa de juros. "Também poderia estabelecer uma média de inflação interanual. É possível ter espaço maior para acomodar anseios sociais dentro da própria dinâmica que a dívida estabelece, diz.
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