Transferência de renda não é suficiente para combater pobreza, diz Michael França

Colunista conversou com Fernando Canzian na TV Folha nesta quinta (23)

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São Paulo

Apesar de importante, a transferência de renda não é um recurso suficiente para combater a pobreza no Brasil. A opinião é do colunista Michael França, que conversou com o repórter Fernando Canzian em transmissão da TV Folha para assinantes.

"Várias políticas podem suavizar a pobreza e fazer com que ela volte de uma forma estrutural. Precisamos pensar mecanismos que empoderem a população para que através do seu esforço e habilidades consiga ascender socialmente", diz.

Para França, programas como o Minha Casa Minha Vida preveem que os mais pobres tenham um patrimônio, mas se não forem bem desenhados, podem segregar a população. "Você pode colocar essa população num bairro afastado de bens públicos e ela não conseguir ascender socialmente também."

O colunista cita a política de cotas como um projeto bem-sucedido no país. "As cotas no ensino superior geram maior diversidade entre grupos e quebram narrativas dominantes. É uma politica que gera impacto na estrutura de funcionamento da sociedade."

Dados da FGV Social mostram que a classe média foi quem mais perdeu rendimentos durante parte da pandemia do coronavírus, o que levou ao aumento da desigualdade de renda no Brasil. Entre os mais pobres, os rendimentos mantiveram-se praticamente inalterados, graças ao pagamento do Auxílio Emergencial.

O levantamento, com base em declarações de Imposto de Renda de 2020 e pesquisas do IBGE, aponta que a classe média (brasileiros localizados entre os 41% mais pobres e os 10% mais ricos) perdeu 4,2% de sua renda no primeiro ano da pandemia.

Entre os mais pobres, a crise leva à fome –na virada de 2021 para 2022, mais de 33 milhões de brasileiros viviam em domicílios com um ou mais pessoas que não puderam comer ao menos um dia nos três meses antes da pesquisa realizada pela Rede Penssan (Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional).

O mesmo levantamento mostrou que, em 2022, 1 de cada 3 brasileiros respondeu que já fez alguma coisa que lhe causou vergonha, tristeza ou constrangimento para conseguir alimento.

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