Um dos principais embates do presidente Luiz Inácio Lula da Silva neste início de gestão refere-se ao temor de que o governo tenha um recuo na economia e perca capital político. O alvo de Lula foi o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, indicado por Jair Bolsonaro e cujo mandato termina em 31 de dezembro de 2024.
Lula defendeu publicamente um aumento na meta de inflação para abrir caminho à flexibilização do aperto monetário —a taxa Selic hoje está em 13,75% ao ano— e ao crescimento da economia.
"O Banco Central não pode baixar a taxa de juros quando o governo grita muito, porque perde a credibilidade", afirmou o colunista Bernardo Guimarães, em conversa com o repórter especial Fernando Canzian. Ele lembra que em 2016, o BC demorou para baixar a taxa de juros, mas que ela chegou a cair para 6% depois.
"Temos espaço para isso desde que a gente não abra as torneiras do crédito por outros caminhos. A queda de juros de 2018 veio segurando o BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social]", disse.
Na largada de seu terceiro mandato, Lula apresentou um pacote de investimentos e benefícios para conter uma desaceleração do país. O objetivo é reeditar uma injeção de dinheiro na economia para estimular o consumo, assim como fez em seus governos anteriores.
Para Guimarães, distribuir dinheiro não resultará em melhora da economia. "Isso não é crescimento, é política de curto prazo quando a gente tem desemprego. Crescimento é como a gente faz para aumentar a capacidade de produção."
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