Descrição de chapéu Os segredos do 8/1

Folha estreia documentário sobre bastidores do 8 de Janeiro

Entrevistas revelam detalhes das reações aos ataques golpistas em Brasília

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São Paulo

Enquanto grupos golpistas atacavam as sedes dos poderes em Brasília, em 8 de janeiro de 2023, o então recém-empossado presidente Lula estava no interior de São Paulo e discutia as reações possíveis com sua equipe e aliados.

"Eu disse ao ministro Flávio Dino que não teria GLO [Garantia da Lei e da Ordem]. Eu não faria GLO. Porque quem quiser o poder, dispute as eleições e ganhe, como eu ganhei as eleições", lembra ele em entrevista à Folha.


"Por que eu, com oito dias de governo, ia dar a outras pessoas o poder de resolver uma crise que eu achava que a gente tinha que resolver na política? E essa crise foi resolvida na política."

As memórias do presidente e os bastidores do que se desenrolou durante aquele domingo de destruição na capital do país estão no documentário "8 de Janeiro - Anatomia de um Ataque Golpista", que a Folha publica neste sábado (6).

Quase um ano depois, entrevistas contam histórias inéditas da reação de Executivo, Legislativo e Judiciário em meio à ação de bolsonaristas insatisfeitos com a eleição de Lula.

O filme faz parte da série de reportagens "Os segredos do 8/1", publicada desde quarta-feira (3).

Num dos momentos mais tensos daquele dia, o secretário-executivo do Ministério da Justiça, Ricardo Cappelli, então nomeado interventor, foi chamado ao quartel-general do Exército para discutir a retirada dos manifestantes que haviam invadido e depredado as sedes dos três Poderes em Brasília.

"Assim que eu sentei, o general Arruda [Julio César Arruda, ex-comandante do Exército] virou para mim e falou: 'O senhor ia entrar aqui com tropas sem a minha autorização?'. Eu falei: 'General, eu ia lhe informar'. Ele virou para o coronel Fábio Augusto Vieira, da PM, que estava comigo, e falou: 'Porque eu acho que eu tenho um pouquinho mais de tropas do que o senhor, né, coronel Fábio Augusto?'.

"O que se pretendia era o fim da democracia, era um golpe militar, era a volta da tirania, a volta da ditadura, a supressão dos direitos políticos. Não foi um domingo no parque", diz o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes. "Essas pessoas queriam acabar com seus adversários políticos que elas consideram inimigos."

Veja outros documentários produzidos pela TV Folha

Todos os vídeos estão disponíveis no canal da Folha no YouTube

Para o presidente da corte, Luís Roberto Barroso, o mais impressionante "foi a mistura de religiosidade com ódio". "Talvez essa seja a faceta mais desalentadora do processo histórico que aconteceu no Brasil. As pessoas que quebravam a marretadas e depois ajoelhavam no chão."

O filme entrevista ainda personagens como os ministros José Múcio Monteiro (Defesa), Flávio Dino (Justiça) e Alexandre Padilha (Relações Institucionais), o ministro do STF Gilmar Mendes, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, e o diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues.

Desde janeiro passado, as mais de 2.000 prisões decorrentes dos ataques resultaram em 1.413 denúncias pelo Ministério Público Federal (1.156 incitadores, 248 executores, 8 agentes públicos e 1 financiador) e 30 condenações.

Um grupo reduzido continua detido, incluindo o coronel Jorge Naime (ex-comandante de Operações da PM-DF).

8 de Janeiro - Anatomia de um Ataque Golpista

  • Reportagem Fabio Victor, Ranier Bragon, Júlia Chaib, Fábio Serapião, Camila Mattoso, Thaísa Oliveira, Constança Rezende e Bruno Boghossian
  • Fotografia Pedro Ladeira e Gabriela Biló
  • Edição Henrique Santana e Nicollas Witzel
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