Cláudia Collucci

Jornalista especializada em saúde, autora de “Quero ser mãe” e “Por que a gravidez não vem?”.

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Cláudia Collucci

Nos EUA, farmácia também é lugar de médico e enfermeiro

Meu pai tem uma relação de muita confiança com as farmácias e com alguns farmacêuticos em especial. Não com as farmácias das grandes redes, daquelas que mais parecem um supermercado, mas com aquelas pequenas, de bairro. Na infância, a farmácia de referência era a do seu Domingos, que ficava ma avenida Dom Pedro, em Ribeirão Preto (SP).

Gripe forte, infecção de garganta e outras viroses e lá vinha o Zé, o ajudante do seu Domingos, aplicar injeção na molecada. Sim, porque quando um adoecia, podia esperar o efeito cascata. A choradeira já começava quando escutávamos o barulho da velha lambreta. Aí era um pega pra capar. Uma se escondia no banheiro, a outra debaixo da cama, o outro dentro do armário. Mas não tinha jeito. Ninguém escapava das seringas e agulhas do Zé.

O seu Domingos morreu há muitos anos, a farmácia já não existe mais, mas meu pai segue fiel a outro farmacêutico, o Kébler. É Deus no céu e o Kléber na terra. Em várias ocasiões, é inútil argumentar como o seu Haroldo, 86 anos de pura vitalidade, que o mais sensato e prudente é procurar um médico. "Pode deixar que vou até a farmácia e o Kléber resolve", ele costuma dizer.

Entendo e respeito essa relação de confiança. Além do fato de a farmácia estar a poucos metros da casa do meu pai, o Kléber é muito atencioso e resolutivo. E se percebe que o caso demanda um olhar médico, não hesita em recomendar que meu velho procure o doutor.

Lembrei disso ao ler uma pesquisa publicada no site do IESS (Instituto de Estudos de Saúde Suplementar) dando conta de que nos EUA as farmácias começam a oferecer um novo tipo de serviço: atenção primária. A proposta é que, além dos medicamentos e da atenção farmacêutica, o local ofereça também enfermeiros e clínicos gerais capazes de resolver pequenos problemas de saúde.

Segundo o estudo "The changing face of pharmacies in America: retail clinics", o novo modelo tem um custo de 30% a 40% inferior ao de clínicas médicas regulares e cerca de 80% menos do que o de cuidados semelhantes prestados em unidades de emergência. O novo modelo é bem aceito pela população: 50% dos norte-americanos já consideram utilizar esse serviço. Uma das razões da boa aceitação é o fato de que 40% da população mora até dez minutos de uma farmácia.

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