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Cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970. É formado em medicina.

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Copa do Mundo será jogo de estratégia com ênfase em dribles e passes

Crédito: Natacha Pisarenko/Associated Press Brazil's Paulinho celebrates his hat trick during a 2018 World Cup qualifying soccer match against Uruguay in Montevideo, Uruguay, Thursday, March. 23, 2017. Brazil won the match 4-1. (AP Photo/Natacha Pisarenko) ORG XMIT: XNP151
Titular no meio-campo da seleção brasileira, Paulinho é um dos destaques do Barcelona na temporada

Nos anos 1960, na véspera de enfrentar times europeus, pensava nos gigantes zagueiros que teria pela frente. Os mais hábeis e rápidos atacantes brasileiros balançavam o corpo e os driblavam com facilidade. Já os defensores se preocupavam muito com as jogadas aéreas para os grandalhões atacantes da Europa.

Isso mudou. A altura média dos jogadores brasileiros e europeus é mais ou menos a mesma. Eles não são mais os gigantes de cintura dura nem todos os brasileiros são artistas da bola, como se dizia.

Como todos os titulares da seleção brasileira atuam na Europa e recebem de Tite orientações parecidas com as de seus clubes, existe pouca diferença na maneira de jogar entre a seleção brasileira e as grandes da Europa e entre todos os principais times e seleções do mundo.

Assim como o passe, o drible continua essencial, importante. Hoje, os europeus driblam mais que no passado, embora a seleção alemã, campeã do mundo em 2014, pouco driblava. Destacava-se muito mais pela troca de passes. Isso continua.

A cada dia, aumenta mais, na Europa, o número de jogadores dribladores e rápidos do meio para frente, como Isco e David Silva, da Espanha; Hazard, da Bélgica; Sané, da Alemanha; Sterling, da Inglaterra; Bernardo Silva, de Portugal; Coman, Dembélé, Martial e Mbappé, da França; e outros. Xavi disse que Neymar será o sucessor de Messi e Cristiano Ronaldo, e Mbappé, o herdeiro do craque brasileiro, pois tem 20 anos, cinco a menos que Neymar.

A seleção brasileira, desde a Copa de 1970, possui os melhores laterais do mundo, que se destacam mais pelo apoio ao ataque. Isso ocorreu porque, há décadas, os volantes brasileiros são muito mais marcadores, com a função de fazer a cobertura dos laterais. É também uma das razões de o Brasil não ter, há muito tempo, craques meio-campistas, que joguem de uma área à outra. Na Europa, aconteceu o contrário. Como os laterais são muito mais marcadores que apoiadores, formaram-se mais meio-campistas talentosos, que marcam e atacam.

Paulinho está muito bem no Barcelona. Por ter uma excepcional condição física, consegue marcar bem e chegar à frente. Isso é muito importante. Ele é excelente na infiltração e na finalização e discreto no meio-campo. Desarma e toca para o lado. No Tottenham, Paulinho jogava no meio-campo da mesma maneira de hoje, no Barcelona. Como o time perdia muito e ele não fazia gols, foi duramente criticado.

Coutinho não atuou bem na estreia como titular do Barcelona. Atuou da direita para o centro, como na seleção brasileira. Ele ocupou a mesma posição de Messi, e o time ficou embolado pelo centro. Algo parecido ocorreu com Dybala na seleção argentina. No time brasileiro, é diferente, pois não há um meia de ligação pelo centro. Tite quer que Coutinho receba a bola entre os volantes e os zagueiros, para ser o articulador, o que o jogador tem feito muito bem.

Porém, contra defesas mais organizadas e protegidas, como no recente amistoso com a Inglaterra, Coutinho não conseguia receber a bola, e o time ficou congestionado pelo centro, ainda mais que Neymar se movimenta da esquerda para o meio. Além disso, os ingleses impediram os avanços dos dois laterais pelas pontas.

O futebol é um jogo de detalhes subjetivos, objetivos, de emoções, de talento e de xadrez. Na Copa, Tite terá de movimentar bem as peças.

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