Vaivém das Commodities

A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.

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Vaivém das Commodities

Economia venezuelana derrete, e agronegócio brasileiro encolhe

Crédito: Jorge Silva - 17.mai.13/Reuters People wait in line as they buy toilet paper in a super market in Caracas May 17, 2013. Supplies of food and other basic products have been patchy in recent months, with long queues forming at supermarkets and rushes occurring when there is news of a new stock arrival. The situation has spawned jokes among Venezuelans, particularly over the lack of toilet paper. The government announced this week it was importing 50 million rolls to compensate for "over-demand due to nervous buying". REUTERS/Jorge Silva (VENEZUELA - Tags: POLITICS BUSINESS SOCIETY) ORG XMIT: CAR09
Fila para comprar papel higiênico em supermercado de Caracas

A situação econômica se agrava na Venezuela, e o Brasil perde um importante parceiro no agronegócio.

Em 2017, as exportações da agroindústria brasileira para os venezuelanos recuaram para o menor patamar em 12 anos. Se consideradas as exportações totais do Brasil para a Venezuela, o recuo é de 21 anos.

Os venezuelanos, que já chegaram a importar alimentos no valor de US$ 2,9 bilhões do Brasil, em 2014, gastaram apenas US$ 289 milhões em 2017.

A lista dos produtos importados por eles se reduz praticamente a itens básicos.

Em 2008, ano do recorde da relação comercial entre os dois países, a Venezuela tinha seis produtos não alimentares na lista dos 15 principais importados. No ano passado, o número caiu para apenas dois.

Nessa lista de básicos, a liderança é do açúcar (US$ 74 milhões em 2017), seguido das carnes avícolas (US$ 48 milhões).

Milho, leite, arroz e farinha de trigo completam a lista das principias importações venezuelanas do Brasil.

Esse cenário de economia arrasada na Venezuela trouxe problemas para alguns setores do agronegócio brasileiro. Um deles foi o de exportações de gado vivo.

Líder nas compras de animais vivos do Brasil, a Venezuela saiu desse mercado no ano passado, forçando os exportadores a buscar outros compradores.

Em 2014, as exportações brasileiras de gado em pé para a Venezuela somaram US$ 178 milhões, 73% do total exportado pelo Brasil.

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Com novos mercados, exportação de milho é recorde

Brasil exportou 29,2 milhões de toneladas de milho em 2017, o maior volume já registrado pelo país, segundo dados da Secex (Secretaria de Comércio Exterior).

A queda de preços externos, no entanto, fez a receita ficar em US$ 4,57 bilhões, a quarta maior obtida pelo país.

Em 2013, com exportações de 26,6 milhões de toneladas, as receitas somaram US$ 6,25 bilhões.

O Irã continua liderando as compras do cereal no Brasil. Em 2017, adquiriu 4,8 milhões de toneladas, no valor de US$ 783 milhões.

A produção recorde de milho em 2017 permitiu ao Brasil atingir mercados como os da Irlanda, de Israel e do México, que não haviam adquirido produto brasileiro em 2016.

Outros, como a Itália e Portugal, intensificaram as compras.

China leva 79% da soja brasileira exportada em 2017

As exportações brasileiras de soja em grãos somaram 68,15 milhões de toneladas no ano passado, um recorde histórico e alta de 32% em relação a 2016. A China adquiriu 79% desse produto exportado.

As receitas oriundas da venda da soja em grãos renderam US$ 25,7 bilhões, dos quais US$ 20,3 bilhões vieram das mãos dos chineses.

A Espanha, segunda maior importadora, comprou 2 milhões de toneladas, no valor de US$ 758 milhões, segundo a Secex (Secretaria de Comércio Exterior).

As receitas totais do complexo soja (grãos, farelo e óleo) somaram US$ 31,6 bilhões no ano passado.

Frango - As exportações totais de carne de frango renderam US$ 7,24 bilhões em 2017, 6% mais do que em 2016. Os dados incluem as vendas externas de carnes "in natura" e processadas. Os dados são da ABPA (Associação Brasileira de Proteínas Animal).

Suínos - A ABPA aponta também US$ 1,5 bilhão nas receitas obtidas das exportações de carne suína, 9% mais do que em 2016. O volume caiu para 593 mil toneladas, 6% menos. Os dados se referem apenas à carne "in natura".

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