Hélio Schwartsman

Jornalista, foi editor de Opinião. É autor de "Pensando Bem…".

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Lula, Caramelo e a tragédia

Muitas falhas contribuíram para o desastre no RS, mas nas batalhas simbólicas Brasil não se sai tão mal

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São Paulo

A situação no Rio Grande do Sul é de guerra, e guerras são vencidas ou perdidas também no plano simbólico. Isso gera alguns paradoxos.

No reino do estritamente objetivo, não faria sentido mobilizar recursos para salvar o cavalo Caramelo, em Canoas, quando ainda há muitos seres humanos que precisam de socorro. Mas o resgate do equino, que comoveu o país, cumpre a função de unir a população para enfrentar a tragédia. O sinal que a operação transmitiu foi o de que não somos indiferentes à dor de ninguém —nem mesmo da de outras espécies— e saberemos superar os desafios que nos são impostos. Caramelo é o Rio Grande.

Montagem mostra o resgate do cavalo Caramelo, em Canoas (RS) - Reprodução /TV Globo - Reprodução

De modo análogo, o deslocamento de um presidente, com seu séquito de auxiliares e esquemas especiais de segurança, para uma área de catástrofe objetivamente atrapalha o trabalho das equipes de resgate.

Mas é obrigação do dirigente fazer-se presente nessas horas. Embora as constituições não o explicitem, uma das funções da Presidência é oferecer clareza moral, confiança e esperança à população. Ausentar-se num momento destes equivale a dizer "não estou nem aí, virem-se".

Foi isso, aliás, o que Jair Bolsonaro fez quando das enchentes de 2021 na Bahia e, em maior escala, ao longo da pandemia. A falta de solidariedade do ex-presidente foi crucial para que ele não fosse reeleito, pelo que deveríamos estar todos agradecidos.

Como as águas ainda não baixaram, é cedo para uma avaliação completa da situação em campo. Mas, no plano simbólico, não estamos nos saindo mal. Lula, Eduardo Leite e demais autoridades não estão fugindo a seus papéis. Os brasileiros mostram-se solidários e se mobilizam para ajudar. Há, por certo, ruídos, em especial nas redes sociais, mas eles não parecem comprometer os esforços.

É claro que não podemos nos contentar com isso. Falhas, notadamente as de prevenção, foram muitas e, pelos modelos climáticos, desastres ambientais se tornarão o novo normal.

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