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O empreendedor que copiava
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GUSTAVO PIMENTEL
Acabo de sair de uma overdose de Rio+20. Mas não pensem que participei do processo de negociação da "declaração pouco ambiciosa" firmada pelos chefes de estado dos cento e poucos países. Estive mesmo é nos eventos paralelos, organizados pela sociedade civil e pelo setor empresarial. Fui buscar inspiração para inovar, mas acabei chegando à conclusão que o negócio da sustentabilidade agora é outro: o quente mesmo é copiar!
"Na televisão nada se cria, tudo se copia", disse o saudoso Chacrinha. No mundo das start-ups, os fundos de capital de risco buscam apoiar modelos que deram certo nos EUA e na Europa, adaptando-os ao Brasil. A Ashoka, organização que apoia empreendedores sociais, tem como critério de seleção a replicabilidade das iniciativas em outras regiões e países. Várias premiações da área também buscam potencial de expansão geográfica, replicabilidade a outros contextos e até mesmo influência em políticas públicas, como é o caso do Prêmio Empreendedor Social deste jornal.
Apesar dos incentivos acima, copiar não parece ser tão simples, fácil e entediante, tal como achava o personagem de Lázaro Ramos, um operador de fotocopiadora, no filme "O Homem que Copiava". É preciso saber adaptar e executar bem a implantação da iniciativa. Mas isso é assunto para uma próxima coluna.
A seguir, coloco algumas ideias de alto potencial que vi nos eventos da Rio+20. Por favor, copiem*!
Luminárias solares
A Econet Solar, parte do grupo de telecomunicações africano Econet Wireless, desenvolveu uma lanterna movida a energia solar que dura 14 horas após cada carga e tem saída para carregar celulares. A ideia surgiu da constatação de que muitos usuários de celular na África não tinham energia estável para carregar seus aparelhos. Além de possibilitar o aumento da base e receita média por usuário, a Econet ainda os ajuda a economizar com as lâmpadas a querosene, que custam caro e causam problemas de saúde. Os usuários pagam pelas luminárias a partir de créditos em seus próprios celulares.
Poderíamos implantar esse modelo em comunidades isoladas, por exemplo, na Amazônia?
Briquetes de resíduos sólidos urbanos
A Dream Light, pequena empresa de coleta de resíduos sólidos da Etiópia, desenvolveu um centro integrado para produção de briquetes a partir de resíduos sólidos orgânicos. O diferencial é a integração com a comunidade, que participa da coleta, da separação dos resíduos, da produção e da venda dos briquetes, dentro da própria comunidade.
Poderíamos implantar esse modelo nas periferias e favelas das grandes cidades brasileiras, gerando emprego e diminuindo o grande problema do lixo nas mesmas?
Bombas purificadoras de água solares
A Grundfos Lifelink, empresa dinamarquesa fabricante de bombas d'água, desenvolveu uma bomba purificadora movida a energia solar. O sistema integrado foi instalado em várias comunidades rurais e periurbanas no Quênia, garantindo acesso à água potável de qualidade. O sistema é integrado à rede de telecom da Safaricom, sendo possível pagar pela água usando créditos do telefone celular. De quebra, ainda criou o negócio dos agentes locais de água, empreendedores que envasam a água e a distribuem em comunidades próximas.
Poderíamos adaptar esse modelo para as regiões áridas do nordeste, contribuindo para o fim da indústria da seca?
É certo que temos inovações copiáveis no Brasil, mas nunca é demais aproveitar eventos internacionais como a Rio+20 para descobrir o que podemos copiar de outros mercados.
Uma das lições do evento é que já temos tecnologia suficiente para fazer a transição para uma economia verde e inclusiva.
Chegou a hora de copiar e ganhar escala.
*O autor estimula a cópia de ideias e modelos, mas cuidado para não infringir patentes.
LEIA TAMBÉM: Empresas podem se tornar empreendedores sociais?
Gustavo Pimentel é sócio da Dinamus Inovação Sustentabilidade e Negócios, representante do Business Call to Action no Brasil www.businesscalltoaction.org e ex-aluno da IE Business School.
gustavo@dinamusconsultoria.com.br
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