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Bolívia dá 72 horas para embaixador dos EUA deixar o país
MÁRCIA CARMO
da BBC, em Santa Cruz
Márcia Carmo
Enviada especial da BBC Brasil a Santa Cruz
O governo boliviano do presidente Evo Morales deu prazo de até 72 horas para que o embaixador dos Estados Unidos na Bolívia, Philip Goldberg, deixe o país.
A informação foi dada, nesta quinta-feira, pelo ministro boliviano das Relações Exteriores, David Choquehuanca.
Ao mesmo tempo, também nesta quinta-feira, o governo do presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, anunciou a "expulsão" do embaixador da Bolívia em Washington, Gustavo Gusmão. A informação foi confirmada à BBC Brasil pelo Ministério boliviano das Relações Exteriores.
Pouco antes deste anúncio americano, Choquehuanca disse: "Quando um embaixador é declarado persona no grata já se sabe que ele deve deixar o país entre 48 e 72 horas."
O chanceler afirmou ainda que o governo Morales tem a "firme vontade" de manter relações entre La Paz e Washington. Mas num comunicado, o governo do presidente George W. Bush classificou a decisão como "grave erro".
"A ação do presidente (Evo) Morales é um grave erro que afetou seriamente as relações bilaterais", disse o porta-voz do Departamento de Estado, Sean McCormack. Ele afirmou ainda que são "infundadas" as afirmações (de Morales) de que o embaixador incentivou protestos contra o governo.
Morales anunciou a decisão de expulsão do embaixador durante discurso, na quarta-feira, no Palácio Queimado.
Segundo a imprensa boliviana, a iniciativa do líder da Bolívia já teria sido comunicada, oficialmente, à secretária de Estado, Condoleezza Rice.
A crise diplomática entre os dois países ocorre num momento de fortes enfrentamentos entre setores da oposição a Morales nos departamentos (Estados) de Santa Cruz, Tarija, Beni e Pando, forças de segurança e, nas últimas horas, contra seguidores do presidente.
Os protestos são contra o corte no repasse de verbas do setor petroleiro para as regiões e contra a nova Constituição.
O texto da Carta Magna foi aprovado no fim do ano passado, mas tem a aversão da oposição e depende de referendo para entrar em vigor. A carta inclui temas como a reforma agrária.
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