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02/05/2007
-
18h17
A Turquia está passando por um momento de crise política, com uma eleição presidencial confusa, protestos nas ruas e os mercados financeiros instáveis.
O primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan pediu que o Parlamento convocasse eleições gerais antecipadas e propôs mudanças na forma como os presidentes são eleitos no país.
Entenda esta crise política na Turquia.
O que desencadeou a crise?
A crise surgiu após a tentativa de eleger um novo presidente, pois o mandato do atual, Ahmet Necdet Sezer, está se encerrando. O início do processo eleitoral desencadeou a tensão entre os nacionalistas do país, o governo secularista e o Partido AK, atualmente no comando, que tem raízes muçulmanas.
Em um primeiro turno --realizado no dia 27 de abril no Parlamento-- o candidato do Partido AK, o ministro do Exterior Abdullah Gul, chegou perto de conseguir a maioria de dois terços necessária para ser eleito presidente.
Os militares do país então se manifestaram, divulgando uma declaração em que se descreviam como "leais defensores do secularismo" e afirmando que iriam esclarecer suas opiniões "quando fosse necessário".
Então a crise é uma disputa entre muçulmanos e secularistas?
Não exatamente. O Partido AK é herdeiro do Partido do Bem-Estar, proibido, que via a Turquia como parte do mundo islâmico e que é contra a entrada do país na União Européia.
Os líderes do Partido AK mudaram de opinião completamente, promulgando reformas liberalizantes para aproximar mais do que nunca a Turquia da integração à União Européia.
Alguns turcos ainda temem que o partido possa ter segundas intenções para afastar o país do secularismo, implantado por seu fundador, Mustafá Kemal Ataturk. Daí o protesto em Istambul do qual participaram centenas de milhares de pessoas no domingo.
Qual a razão de a Presidência ser um cargo tão delicado?
O Partido AK está no governo desde novembro de 2002 e prefere não provocar os secularistas. Por exemplo, o partido evitou relaxar leis turcas que proíbem o uso do véu em prédios do governo.
Mas um primeiro-ministro do Partido AK é uma coisa e um presidente é algo totalmente diferente. O presidente turco também é o chefe das Forças Armadas e preside reuniões onde qualquer oficial suspeito de ter uma vida religiosa particular é retirado dos serviços armados.
Se Gul se transformar no próximo presidente ele também será o primeiro chefe de Estado turco, com uma esposa que usa o véu.
Por que os militares estão tão preocupados com a política?
Os militares turcos acreditam que são guardiões da constituição secular da Turquia. Para manter este status eles retiraram do poder governantes em 1997, 1980, 1971 e 1960.
Nos últimos anos seus poderes políticos foram diminuídos. O Conselho Nacional de Segurança agora tem mais civis eleitos e o governo civil pode fazer auditorias em contas militares. Em 2006 as cortes militares perderam o direito de julgarem civis.
Mas a Comissão Européia notou, em um relatório de novembro de 2006, que as Forças Armadas ainda exercem "uma influência política significativa".
O que vai acontecer com a eleição presidencial?
A Corte Constitucional apoiou os partidos de oposição, que alegam que não havia quorum na Câmara no dia 27 de abril para o primeiro turno da votação.
O governo quer realizar a votação novamente, mas correspondentes afirmam que o quorum --dois terços dos 550 membros do Parlamento --não deve ser alcançado em nenhum outro turno de votação, pois os partidos de oposição que boicotaram a votação da última vez vão continuar a fazer isto.
E é improvável que o processo possa ser completado antes do fim do mandato do presidente Sezer no dia 16 de maio. Espera-se que ele fique no gabinete até a nova eleição geral.
Quem deve vencer a eleição geral?
Em 2002 o Partido AK conseguiu um terço dos votos, possibilitando a formação de seu próprio governo, sem parceiros de coalizão. Na Turquia, onde os governos de coalizão têm sido a regra, isto foi visto como uma vitória esmagadora.
O Partido AK tem liderado o governo por cerca de cinco anos de rápido crescimento econômico e analistas afirmam que o partido vai, provavelmente, repetir seu desempenho de 2002, ou até mesmo melhorar o índice.
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Entenda a crise política na Turquia
da BBCA Turquia está passando por um momento de crise política, com uma eleição presidencial confusa, protestos nas ruas e os mercados financeiros instáveis.
O primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan pediu que o Parlamento convocasse eleições gerais antecipadas e propôs mudanças na forma como os presidentes são eleitos no país.
Entenda esta crise política na Turquia.
O que desencadeou a crise?
A crise surgiu após a tentativa de eleger um novo presidente, pois o mandato do atual, Ahmet Necdet Sezer, está se encerrando. O início do processo eleitoral desencadeou a tensão entre os nacionalistas do país, o governo secularista e o Partido AK, atualmente no comando, que tem raízes muçulmanas.
Em um primeiro turno --realizado no dia 27 de abril no Parlamento-- o candidato do Partido AK, o ministro do Exterior Abdullah Gul, chegou perto de conseguir a maioria de dois terços necessária para ser eleito presidente.
Os militares do país então se manifestaram, divulgando uma declaração em que se descreviam como "leais defensores do secularismo" e afirmando que iriam esclarecer suas opiniões "quando fosse necessário".
Então a crise é uma disputa entre muçulmanos e secularistas?
Não exatamente. O Partido AK é herdeiro do Partido do Bem-Estar, proibido, que via a Turquia como parte do mundo islâmico e que é contra a entrada do país na União Européia.
Os líderes do Partido AK mudaram de opinião completamente, promulgando reformas liberalizantes para aproximar mais do que nunca a Turquia da integração à União Européia.
Alguns turcos ainda temem que o partido possa ter segundas intenções para afastar o país do secularismo, implantado por seu fundador, Mustafá Kemal Ataturk. Daí o protesto em Istambul do qual participaram centenas de milhares de pessoas no domingo.
Qual a razão de a Presidência ser um cargo tão delicado?
O Partido AK está no governo desde novembro de 2002 e prefere não provocar os secularistas. Por exemplo, o partido evitou relaxar leis turcas que proíbem o uso do véu em prédios do governo.
Mas um primeiro-ministro do Partido AK é uma coisa e um presidente é algo totalmente diferente. O presidente turco também é o chefe das Forças Armadas e preside reuniões onde qualquer oficial suspeito de ter uma vida religiosa particular é retirado dos serviços armados.
Se Gul se transformar no próximo presidente ele também será o primeiro chefe de Estado turco, com uma esposa que usa o véu.
Por que os militares estão tão preocupados com a política?
Os militares turcos acreditam que são guardiões da constituição secular da Turquia. Para manter este status eles retiraram do poder governantes em 1997, 1980, 1971 e 1960.
Nos últimos anos seus poderes políticos foram diminuídos. O Conselho Nacional de Segurança agora tem mais civis eleitos e o governo civil pode fazer auditorias em contas militares. Em 2006 as cortes militares perderam o direito de julgarem civis.
Mas a Comissão Européia notou, em um relatório de novembro de 2006, que as Forças Armadas ainda exercem "uma influência política significativa".
O que vai acontecer com a eleição presidencial?
A Corte Constitucional apoiou os partidos de oposição, que alegam que não havia quorum na Câmara no dia 27 de abril para o primeiro turno da votação.
O governo quer realizar a votação novamente, mas correspondentes afirmam que o quorum --dois terços dos 550 membros do Parlamento --não deve ser alcançado em nenhum outro turno de votação, pois os partidos de oposição que boicotaram a votação da última vez vão continuar a fazer isto.
E é improvável que o processo possa ser completado antes do fim do mandato do presidente Sezer no dia 16 de maio. Espera-se que ele fique no gabinete até a nova eleição geral.
Quem deve vencer a eleição geral?
Em 2002 o Partido AK conseguiu um terço dos votos, possibilitando a formação de seu próprio governo, sem parceiros de coalizão. Na Turquia, onde os governos de coalizão têm sido a regra, isto foi visto como uma vitória esmagadora.
O Partido AK tem liderado o governo por cerca de cinco anos de rápido crescimento econômico e analistas afirmam que o partido vai, provavelmente, repetir seu desempenho de 2002, ou até mesmo melhorar o índice.
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