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10/05/2007 - 09h18

Análise: Republicanos nos EUA vêem Sarkozy como "bom presságio"

CAIO BLINDER
da BBC Brasil, em Nova York

Na campanha eleitoral francesa, a candidata socialista Ségolène Royal quis expressar desprezo pelo rival conservador Nicolas Sarkozy dizendo que ele era um "neoliberal americano com passaporte francês".

Bien sûr, derrotada, ela poderá agora usar o seu passaporte francês para fazer turismo nos EUA.

Ségolène Royal talvez não consiga uma audiência com a candidata presidencial americana, a ex-primeira-dama e senadora democrata Hillary Clinton. Os tempos de saudar uma onda feminina na política mundial ficaram para trás.

Os assessores de Hillary agora descartam comparações que eram freqüentes antes da constatação, meses atrás, de que a campanha da candidata socialista havia emperrado.

"Solidez e determinação"

O diretor de comunicações da campanha da senadora democrata, Howard Wolfson, afirmou que, "além do fato de ambas serem mulheres, elas não têm muito em comum".

No marketing eleitoral do momento, a lição francesa que Hillary deseja ensinar é que não basta jogar charme feminino e generalidades. Mais importante é enfatizar solidez e determinação, em particular em política externa.

Para usar um termo pouco delicado, o negócio para ela é ter uma postura machista ou pelo menos thatcheriana.

Para o principal rival democrata de Hillary, o senador Barack Obama, a derrota de Ségolène Royal serve de alerta. A candidata francesa mostrou que era mais um fenômeno do que uma efetiva força política.

"Visão do futuro"

Já os republicanos na corrida eleitoral de 2008, que estão desconfortáveis com o cada vez mais enfraquecido presidente George W. Bush, ficam mais à vontade do que os democratas para estabelecer as comparações com o vitorioso Nicolas Sarkozy.

Mais do que uma lição, há um estímulo: um candidato de direita vai suceder a um presidente altamente impopular (Jacques Chirac), após dois mandatos, e que pertence ao mesmo partido.

Há uma vibração e uma visão do futuro em Sarkozy que contrastam com o descrédito de Chirac.

No final das contas, ele era o candidato de mudança, enquanto Ségolène Royal se propunha a preservar o status quo, ou seja, um pacto social baseado em generosos programas governamentais.

O sabor fica ainda mais doce para os republicanos que não aturam Hillary Clinton, pois os franceses disseram "non" a uma esquerdista (liberal, no jargão americano) que sonhava em se converter na primeira mulher na presidência.

Rudy Giuliani

O estímulo maior é para o ex-prefeito de Nova York, Rudy Giuliani. Um recente editorial do jornal "Dallas Morning News" perguntou: "Como se diz Rudy Giuliani em francês? Nicolas Sarkozy".

Na segunda-feira, a manchete do tablóide New York Post era "A French Rudy".
Deliciado, o ex-prefeito e favorito na corrida das primárias republicanas disse que a vitória de Sarkozy era "um bom presságio".

Como Giuliani, Sarkozy transmite uma imagem de durão, administrador eficiente e pregador de tolerância zero contra o crime.

Assim que assumiu o cargo de ministro de Interior, em 2002, Sarkozy veio a Nova York conversar com Giuliani.

Questões sociais

Mas o ex-prefeito e candidato presidencial tem posturas mais moderadas do que Sarkozy em várias questões sociais, a destacar imigração.

É verdade que para um conservador, o presidente-eleito da França também surpreende.
Em contraste à esquerda francesa, Sarkozy favorece programas de cotas raciais para forçar as empresas a contratar minorias.

Nos EUA, a idéia de investir na chamada "ação afirmativa" não combina com políticos conservadores.

"Pró-americano"

Estas lições francesas serão rapidamente esquecidas à medida em que a campanha presidencial americana avançar com sua própria dinâmica.

Mas é possível concluir que o vencedor Sarkozy representa uma vitória genérica para os EUA, muito mais do que para um partido (o Republicano).

O que conta mais é a profissão de fé do presidente-eleito francês no "American way of life".

Nas palavras do jornal "New York Times", é o seguinte: "Sarkozy é descaradamente pró-americano, um homem que proclama abertamente seu amor por Ernest Hemingway, Steve McQueen e Sylvester Stallone, e sua admiração pela forte ética de trabalho nos EUA e a crença na mobilidade social".

Sarkozy, bien sûr, não será vassalo da política externa de Bush. São flagrantes as divergências sobre Iraque, clima e comércio.

Mas, como afirmou o senador (democrata) Charles Schumer, "é bom ter alguém à frente da França que não tem uma reação automática contra os EUA".

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