Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
04/03/2008 - 07h53

Sem-terra devastam área de 150 mil hectares no Pará

Publicidade

FÁBIO GUIBU
da Agência Folha, em Tailândia

A omissão do poder público nas decisões que envolvem as invasões de terra em Tailândia (a 218 km de Belém) permitiu que os sem-terra devastassem cerca de 150 mil hectares em 18 acampamentos abertos em áreas de floresta nativa, segundo estimativa do Sindicato dos Trabalhadores Rurais local. Cada hectare corresponde a 10 mil metros quadrados.

Algumas áreas foram tomadas por invasores há 19 anos e até hoje não há uma decisão sobre os pedidos de desapropriação. Sem fiscalização, as glebas foram desmatadas, e a madeira, vendida a intermediários.

Em vários acampamentos, os sem-terra, que não têm acesso aos créditos oficiais concedidos aos assentados, ergueram pequenas carvoarias para aumentar a renda.

"O governo não faz a reforma agrária, e o pessoal não consegue financiamento. A demora fomenta o desmatamento", disse o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Tailândia, José Valdir Hoss.

No mais antigo acampamento do município, o Pindorama, 48 famílias dividem uma área de 3.453 hectares, a 24 quilômetros da cidade. Em 19 anos, a floresta que existia no local se transformou em terra arrasada.

Troncos calcinados e tocos de árvores cortadas estão por toda a parte. Há também pequenas plantações de mandioca, milho, arroz e feijão, além de gado. Na ausência do poder público, os sem-terra implantaram no local a sua própria política de reforma agrária.

No "centro" do acampamento, há casas, bares, uma associação e uma escola municipal. Parte da vila tem energia elétrica. A maioria dos trabalhadores que hoje moram no local comprou as glebas de colonos que se tornaram grileiros.

Poucos são os remanescentes da invasão de 1989. Um deles é José Campelo da Silva, 61. Ele tomou a área quando ainda não havia ao menos uma estrada de acesso à região.

Silva cercou cem hectares e, em dez anos, transformou quase tudo em pasto. Só oito hectares são usados para a lavoura. "Na época, não sabia de Ibama nem de lei sobre floresta. Ninguém dizia quanto podia cortar nem que era proibido", disse.

"Quando a gente soube, já estava derrubado, não tinha mais jeito", disse o agricultor. "A lei sempre chega depois do acontecido", afirmou. "E o pior é que agora eu sinto a falta da sombra de árvore, da natureza."

Desde fevereiro, Tailândia é alvo de uma fiscalização nas madeireiras e carvoarias, suspeitas de envolvimento na extração e venda de madeira ilegal. Ontem, as forças federais que atuam na operação Arco de Fogo destruíram mais 107 fornos de carvão encontrados em sete fazendas do município.

A Folha tentou entrevistar o superintendente do Incra no Pará, José Cristiano Martins Nunes, mas foi informada que ele estava em viagem e não poderia falar ontem. A reportagem tentou contato também com as assessorias do imprensa do órgão em Belém e em Brasília, mas não foi atendida.

Colaborou MATHEUS PICHONELLI, da Agência Folha

Comentários dos leitores
ernani sefton campos (136) 11/11/2009 09h41
ernani sefton campos (136) 11/11/2009 09h41
A discussão continua, como a "dos sexos dos anjos".
Assim, não se vai a lugar,algum.
Enquanto o Governo,tratar o assunto, de forma "política, para o Inglês, ver",não passaremos do desmatamento desordenado, e exploração dos recursos,concentração de rendas, etc...,ficará por aí.
A Amazônia e seu processo de desmatamento,requer, a meu ver, a constituição de uma COMISSÃO de notáveis, nas areas de infraestrutura,energia,agricultura,recursos naturais,engenharia de obras,e desenvolvimento sustentável,urbanismo e implantação de cidades e PESSOAS.
Estes, selecionados , reunidos e remunerados, para tal, elaborariam um PROJETO COMPLETO, incluindo o Gerenciamento do mesmo - um plano Marshall Tupiniquim - para Desenvolvimento, da região de abrangência, integrado, a fim de ocupação racional, autosustentável e harmonico.
" FOCO e Desenvolvimento TOTAL "
Teriamos aí, sim o maior PAC , do MUNDO , por 20 anos, futuros.
Até que poderia ocorrer,por osmose, o envolvimento
dos países vizinhos, que margeiam o rio Amazonas.
Dinheiro, pelo visto, não FALTA.Basta organizar e mandar " BALA ".
Aposto neste MEGA PROJETO, como Vitorioso.
sem opinião
avalie fechar
Rodrigo Vieira de Morais (175) 23/10/2009 15h33
Rodrigo Vieira de Morais (175) 23/10/2009 15h33
Gente, teremos que resolver os problemas ambientais, agora ou depois.
Existem diversas areas desmatadas que agora estão com pastagem degradada.
Grande parte dos ruralistas querem mesmo é vender madeira e lucrar muito. Depois vendem a terra aos pequenos produtores rurais (isto aconteceu e acontece em todo o Brasil).
Outra coisa, se o solo da amazonia não mudou, quando desmatarem aquilo-lá, vai tudo virar deserto.
O solo dos EUA e EUROPA é diferente daqui, possui quantidade de argila diferente e capacidade de armazenamento de água diferente, não dá para comparar.
Decisão técnica e não política.
Muitas ONGs são honestas mais que os políticos de plantão.
sem opinião
avalie fechar
Os Estados Unidos criam centenas de ONGs no Brasil que são financiadas em partes por eles, para proteger o meio ambiente. Será?..... Será mesmo que se preocupam tanto com o meio ambiente, ou a concorrência do Brasil no agronegócio esta incomodando. 12 opiniões
avalie fechar
Comente esta reportagem Veja todos os comentários (572)
Termos e condições
 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página