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29/04/2008 - 08h02

"Isso tem em todo acampamento", diz líder do MST

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CRISTIANO MACHADO
da Agência Folha, em Presidente Epitácio e Regente Feijó

Coordenadores de movimentos agrários que atuam no Pontal do Paranapanema (SP) admitem existência e até sugerem tolerar a presença de "sem-terra de fim de semana" em seus grupos.

O coordenador estadual do MLST, Gilmar de Jesus, 29, disse que "andorinha existe em todo acampamento".

"Os movimentos não têm condições de manter as famílias nos acampamentos. Não tem apoio do governo. A cesta [de alimentos], por exemplo, está atrasada. Como vamos proibir as famílias de trabalhar, buscar uma estrutura, uma vida melhor?", perguntou.

Questionado se essas pessoas são usadas para inflar as fileiras do movimento em invasões e protestos, o coordenador responde: "O movimento está aberto a quem quer fazer luta por justiça social. Não temos o direito de impedir".

O mesmo discurso é usado pela coordenação do MST na região do Pontal.

Segundo Gilmar de Jesus, o acampamento Jahir Ribeiro tem 150 famílias cadastradas. Desse número, ainda conforme o líder do MLST, 25 vivem de fato no local.

"Tem gente que vai, fica dois ou três dias e vai embora. Outras pessoas trabalham durante o dia e vão ao acampamento à noite. Há também aqueles que só vão às assembléias, mas estão sempre em contato conosco participando das ações."

Gilmar de Jesus disse que "não há nenhum problema" no fato de uma de suas coordenadoras possuir casa própria e estar no acampamento guardando um possível vaga em assentamento para o filho.

"Ela tem casa, mas a casa, por si só, não lhe traz renda. Todos querem terra para buscar renda, desenvolvimento. Seria imoral se ela fosse dona de quatro casas, vivesse do dinheiro de aluguel e usasse o barraco para especulação", disse.

O próprio coordenador estadual disse que mora na zona urbana e mantém seu barraco no acampamento.

Já Márcio Barreto, membro da direção estadual do MST, afirmou que 90% dos acampados ligados ao grupo vivem às margens de rodovia. Os 10% restantes "vão e voltam".

"Há uma minoria que tem uma estrutura pequena na cidade, uma casinha, por exemplo, mas está numa situação difícil e mantém o barraco para garantir a luta pela terra", disse.

Para Barreto, o "andorinha" não deixa de ser acampado, mas não tem prioridade na distribuição da terra.

Ele reconhece a importância dos "sem-terra de fim de semana". "Por possuir uma condição um pouco melhor que a dos outros, em algumas circunstâncias eles contribuem com as necessidades até financeiras do acampamento, como a compra de gêneros alimentícios, gás de cozinha, entre outras coisas", disse Barreto.

Comentários dos leitores
Marcelo Takara (65) 01/02/2010 18h28
Marcelo Takara (65) 01/02/2010 18h28
Sr Mauricio de Andrade.
Má distribuição de riquezas e terras são problemas, mas não são mais graves do que o nosso sistema educacional público. Este sim, nosso maior problema, que perpetua o ciclo vicioso da concentração de riquezas. Resolva-se o problema da educação e eliminamos o problema da miséria. Educação dá discernimento, cidadania, melhora a qualidade na escolha de políticos e multiplica as chances de inclusão social e econômica. É a solução mais eficaz e qualquer estatística sobre índices de desenvolvimento humano mostram isso, e isso independe do sujeito pertencer ao campo ou a cidade.
sem opinião
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Marcelo Takara (65) 01/02/2010 17h43
Marcelo Takara (65) 01/02/2010 17h43
Acho que não me fiz entender direito.Valoriza-se mais as posses materiais do que a formação educacional. A agricultura familiar mudou muito, comparada àquela que se praticava décadas atrás. Sou de origem japonesa, meus avós foram agricultores, meu pai foi agricultor e migrou para cidade, onde conseguiu montar um comércio, graças a algumas boa colheitas. Detalhe: meu pai nunca foi proprietário de terras, sempre arrendou. Tenho alguns tios que continuaram na agricultura, no cultivo de hortaliças, e eles somente conseguem se manter porque se adaptaram, do contrário é difícil manter os custos. Atualmente, mesmo para tocar uma pequena propriedade, é necessário conhecimento técnico e qualificação para manejo sustentável, rotação de culturas, uso correto de fertilizantes e recuperação de solo. Ou seja eis a necessidade da QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL. A má distribuição de riquezas é consequência funesta da incapacidade de nossos governantes em dar uma educação digna à toda população, daí o fato de haver o exército de desempregados nos grandes centros urbanos. Igualmente continuarão a levar uma vida miserável mesmo na posse de uma terra, se não houver capacitação técnica. Por outro lado, tem surgido muitas vagas de empregos em muitas cidades pequenas e médias do interior do Brasil, que não são preenchidas por falta de formação educacional. A distribuição de terras pode até ser uma solução para o campo, mas não é a única. A melhor solução é de longo prazo e é EDUCAÇÃO. sem opinião
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Tiago Garcia (41) 01/02/2010 11h04
Tiago Garcia (41) 01/02/2010 11h04
A lei é para todos sem exceção.
Se a Cutrale grilou ou não fazenda a justiça que resolve, não o MST que eu nunca votei nem autorizei a fazer valer a vontade da lei. MST não tem legitimidade para isso.
A anos atrás quando eu estudei o MST seu principal argumento para invasões sempre era os grandes latifúndios improdutivos, terras paradas nas mãos da especulação. O que aconteceu com essa justificativa do MST?
2 opiniões
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