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12/07/2005
-
22h48
KAMILA FERNANDES
da Agência Folha, em Fortaleza
Acuado pelas suspeitas de envolvimento com seu ex-assessor parlamentar José Adalberto Vieira da Silva, preso em São Paulo na sexta-feira passada quando tentava embarcar para o Ceará com R$ 200 mil em uma mala e mais US$ 100 mil escondidos na cueca, o deputado estadual José Nobre Guimarães (PT-CE) afirmou nesta terça-feira, em Fortaleza, que está reunindo documentos para provar o destino do dinheiro e que tem indícios de que tudo possa ter sido uma "armação" contra o PT.
Guimarães, que é irmão do ex-presidente nacional do PT José Genoino, se licenciou ontem da liderança da bancada petista na Assembléia Legislativa, após pressão dos colegas, e, até por causa disso, deixou a vaga na Executiva Estadual do partido, onde só tinha a presença garantida por ser líder da bancada.
Guimarães não quis dizer que documentos está reunindo para provar o destino do dinheiro. Apenas afirmou que esse destino não era o PT nem ele próprio. "Me considero não só decepcionado [com o Adalberto], mas traído", disse. "Isso tudo é inaceitável. Não podemos pactuar com isso, que um ou dois militantes do PT pratiquem esse tipo de coisa."
Adalberto foi exonerado do cargo de assessor parlamentar de Guimarães e teve sua filiação no PT suspensa pela Executiva Estadual do partido.
Em sua "investigação paralela", como ele mesmo denominou, Guimarães disse que, ainda em São Paulo, procurou os advogados do PT, os advogados de Adalberto, e avisou o Diretório Nacional do PT e o ministro Márcio Thomaz Bastos (Justiça) logo que soube da prisão de seu então assessor.
Guimarães soube da prisão ainda na sexta-feira pela manhã, logo depois de ter acontecido, por meio de seu amigo e colega de partido e de tendência política (o Campo Majoritário) Kennedy Moura, que então ocupava um cargo de assessor especial do BNB (Banco do Nordeste do Brasil), em Brasília. Anteontem, Moura pediu exoneração do cargo, após boatos de que teria algum envolvimento no caso que culminou com a prisão de Adalberto.
Além das conversas telefônicas, Guimarães disse que chegou a chamar Moura a São Paulo, onde os dois se encontraram, no domingo pela manhã, para "falar rapidamente do caso".
A entrevista de Guimarães foi bastante tumultuada e ele acabou não explicando os motivos por ter chamado Moura para uma conversa pessoal em São Paulo. O deputado não negou sua proximidade política com o ex-assessor do BNB, mas disse que a indicação dele para o cargo de chefe de gabinete do banco, sua primeira nomeação, foi do próprio presidente do BNB, Roberto Smith, que, por sua vez, teve sua indicação avalizada por Guimarães. "A indicação foi do Roberto Smith, mas evidente que eu apoiei. Não estou negando que tivesse ligação com o Kennedy", disse.
Origem
Entre os "indícios" de que tudo "cheira a armação", Guimarães afirmou achar muito estranho que a prisão tenha acontecido justo no dia da reunião do Diretório Nacional do PT, em que se questionava a manutenção de seu irmão Genoino no cargo de presidente nacional. Para o deputado, porém, só a Polícia Federal poderá provar se houve mesmo uma armação.
"O que tenho são indícios. Um dos caminhos é saber onde o Adalberto se hospedou, de quem era o hotel. Essas são as pistas da origem desse dinheiro", disse. Pelo que se apurou até agora, Adalberto ficou hospedado em um flat na avenida Brigadeiro Faria Lima, em São Paulo, o Blue Tree Tower.
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Irmão de Genoino diz que tem indícios de que prisão de assessor foi armação
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da Agência Folha, em Fortaleza
Acuado pelas suspeitas de envolvimento com seu ex-assessor parlamentar José Adalberto Vieira da Silva, preso em São Paulo na sexta-feira passada quando tentava embarcar para o Ceará com R$ 200 mil em uma mala e mais US$ 100 mil escondidos na cueca, o deputado estadual José Nobre Guimarães (PT-CE) afirmou nesta terça-feira, em Fortaleza, que está reunindo documentos para provar o destino do dinheiro e que tem indícios de que tudo possa ter sido uma "armação" contra o PT.
Guimarães, que é irmão do ex-presidente nacional do PT José Genoino, se licenciou ontem da liderança da bancada petista na Assembléia Legislativa, após pressão dos colegas, e, até por causa disso, deixou a vaga na Executiva Estadual do partido, onde só tinha a presença garantida por ser líder da bancada.
Reprodução |
O deputado estadual José Nobre Guimarães |
Adalberto foi exonerado do cargo de assessor parlamentar de Guimarães e teve sua filiação no PT suspensa pela Executiva Estadual do partido.
Em sua "investigação paralela", como ele mesmo denominou, Guimarães disse que, ainda em São Paulo, procurou os advogados do PT, os advogados de Adalberto, e avisou o Diretório Nacional do PT e o ministro Márcio Thomaz Bastos (Justiça) logo que soube da prisão de seu então assessor.
Guimarães soube da prisão ainda na sexta-feira pela manhã, logo depois de ter acontecido, por meio de seu amigo e colega de partido e de tendência política (o Campo Majoritário) Kennedy Moura, que então ocupava um cargo de assessor especial do BNB (Banco do Nordeste do Brasil), em Brasília. Anteontem, Moura pediu exoneração do cargo, após boatos de que teria algum envolvimento no caso que culminou com a prisão de Adalberto.
Além das conversas telefônicas, Guimarães disse que chegou a chamar Moura a São Paulo, onde os dois se encontraram, no domingo pela manhã, para "falar rapidamente do caso".
A entrevista de Guimarães foi bastante tumultuada e ele acabou não explicando os motivos por ter chamado Moura para uma conversa pessoal em São Paulo. O deputado não negou sua proximidade política com o ex-assessor do BNB, mas disse que a indicação dele para o cargo de chefe de gabinete do banco, sua primeira nomeação, foi do próprio presidente do BNB, Roberto Smith, que, por sua vez, teve sua indicação avalizada por Guimarães. "A indicação foi do Roberto Smith, mas evidente que eu apoiei. Não estou negando que tivesse ligação com o Kennedy", disse.
Origem
Entre os "indícios" de que tudo "cheira a armação", Guimarães afirmou achar muito estranho que a prisão tenha acontecido justo no dia da reunião do Diretório Nacional do PT, em que se questionava a manutenção de seu irmão Genoino no cargo de presidente nacional. Para o deputado, porém, só a Polícia Federal poderá provar se houve mesmo uma armação.
"O que tenho são indícios. Um dos caminhos é saber onde o Adalberto se hospedou, de quem era o hotel. Essas são as pistas da origem desse dinheiro", disse. Pelo que se apurou até agora, Adalberto ficou hospedado em um flat na avenida Brigadeiro Faria Lima, em São Paulo, o Blue Tree Tower.
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