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04/08/2005 - 13h33

Não tenho como devolver os R$ 4 milhões, diz Jefferson

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ROSE ANE SILVEIRA
da Folha Online, em Brasília

O deputado Roberto Jefferson afirmou nesta quinta-feira, à CPI dos "Mensalão", que não tem como devolver os R$ 4 milhões que ele diz ter recebido do publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza. "Eu distribuí, só não vou dizer como nem para quem", disse.

Jefferson disse ainda que as pessoas que receberam estavam na esperança de que o PT iria legalizar os recursos.

O dinheiro a que Jefferson se refere seria a primeira parte dos R$ 20 milhões que, segundo ele, o PT iria repassar ao PTB como ajuda para pagar os gastos de campanha. Segundo ele, Valério entregou a verba em malas de rodinhas, a pedido do ex-tesoureiro petista Delúbio Soares.

Alan Marques/ FI
Roberto Jefferson, em depoimento à CPI do "Mensalão"
Roberto Jefferson, em depoimento à CPI do "Mensalão"
Jefferson voltou a afirmar que assumiu pessoalmente os R$ 4 milhões. "Eu mandei o Emerson [Palmieri] abrir o cofre, guardar o dinheiro que eu ia assumir como pessoa física, a responsabilidade é minha. Quero dizer que não transferi nenhum recurso de caixa dois para qualquer companheiro de bancada, tenha sido ele ou não candidato às eleições municipais do ano passado."

Segundo Jefferson, o PTB aceitou um total de R$ 2,1 milhões do PT, de dinheiro de campanha não contabilizado, por meio do ex-presidente do partido, José Carlos Martinez. "Nós tínhamos uma dívida de campanha de R$ 600 mil da campanha para a presidência de Ciro Gomes e uma dívida de R$ 1,3 milhão com agências de publicidade. Mas nós não aceitamos dinheiro de caixa dois para pagamento de mesada."

Ainda em relação ao dinheiro de caixa dois recebido pelo PTB, Jefferson repetiu que acertou a doação de campanha do PT para o PTB, em 2004, no valor de R$ 20 milhões e que no momento do acerto, o ex-presidente petista José Genoino achou o valor baixo. "Não é pesado não. Este valor é até baixo" teria dito Genoino, segundo Jefferson.

"Mensalão"

Jefferson negou haja esquema de "mensalão" no seu partido e que o PTB tenha recebido qualquer real do PT após esta doação de R$ 4 milhões de julho de 2004.

O deputado fluminense reafirmou que as propostas de pagamento de mesada a deputados do PP e PL representaram uma "sedução" para os integrantes da bancada do PTB, que foram sondados pelos líderes das duas legendas para trocar de partido. "Não vou dizer o nome dos deputados do PTB que receberam proposta para mudar de partido, porque resistiram. Eles ficaram e não quero envolvê-los nisto."

Jefferson lamentou que a imagem do Congresso esteja prejudicada com as denúncias de corrupção. "O esquema de corrupção não é do Congresso. A matriz, o útero não está aqui. Está do outro lado da rua." Segundo Jefferson, quando ele afirma que o ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares e o ex-ministro-chefe da Casa Civil não estavam sozinhos, ele não se refere ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Me refiro sim ao núcleo duro do governo."

Jefferson

Em entrevista à Folha de S.Paulo, no dia 6 de junho, Jefferson acusou o então tesoureiro do PT Delúbio Soares de pagar um 'mensalão' de R$ 30 mil a deputados do PL e do PP em troca de apoio no Congresso.

No dia 30, em nova entrevista, o deputado afirmou ter ouvido relato de um então diretor de Furnas Centrais Elétricas sobre um suposto caixa dois da estatal. De R$ 3 milhões, segundo o deputado, R$ 1 milhão iria para o "PT nacional, pelas mãos do Delúbio".

Jefferson foi militante da tropa de choque do presidente Fernando Collor e sobreviveu a momentos turbulentos da política nacional. Além do processo de impeachment de Collor, resistiu à outra CPI, a do Orçamento.

Em 1993, seu nome foi citado entre os envolvidos no esquema de propina na Comissão de Orçamento. Em 1994, durante depoimento, Jefferson chorou por duas vezes, lamentando o fato de sua família ter sido exposta.

No relatório, foi incluído na lista de 14 parlamentares sobre os quais seria necessária maior investigação. Seu capítulo ocupou uma página do relatório do hoje desafeto Roberto Magalhães (PE). Nele, a conclusão era que, com crédito total de US$ 470 mil em cinco anos, seu patrimônio e movimentação bancária seriam compatíveis com o rendimento. A Subcomissão de Patrimônio teria constatado, porém, a existência de bens não declarados à Receita.

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