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25/01/2007 - 11h22

Brasil é ignorado em abertura de fórum, que exalta China

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CLÓVIS ROSSI
enviado especial da Folha a Davos

Os encontros anuais do Fórum Econômico Mundial começam, tradicionalmente, com uma sessão matinal de atualização sobre a economia mundial. Este ano, agregaram-se atualizações regionais, entre elas sobre a América Latina.

Azar da América Latina: ninguém tocou no nome dela ou de qualquer um de seus países, nem o Brasil, na sessão global, carregada de euforia sobre a economia mundial.

Em contrapartida, no debate sobre a América Latina, tocou-se um melancólico tango argentino, com críticas ao crescimento "medíocre" da região. Como a América Latina cresceu, no ano passado, 5,3%, não se fizeram necessárias observações sobre o desempenho do Brasil, mais ou menos a metade dessa "mediocridade".

No andar de cima (literalmente: o debate sobre a economia global foi um piso acima da sala sobre a América Latina), o indiano Montek Ahluwalia, vice-presidente da Comissão de Planejamento de seu país, jogava ao auditório os 8,3% de crescimento da Índia.

A seu lado, humilhava-o Min Zhu, vice-presidente do Banco da China, com o crescimento de 10,5% de seu país.

Até o mundo rico tinha números bons a apresentar, pela voz de Laura D'Andrea Tyson, reitora da London Business School: Estados Unidos, Europa e Japão vão crescer entre 2% e 2,5%, o que é muito bom para esse tipo de país, de economias já prontas e acabadas.

Depois de 70 minutos de otimismo, sem que aparecesse a palavra Brasil, o enviado da Folha quis saber o que tinham a dizer sobre o país.

Por acaso ou não, a resposta foi entregue ao único pessimista, Nouriel Roubini, presidente da Roubini Global Economics (EUA). Ele limitou-se a dizer as platitudes convencionais: que o Brasil fizera as reformas macroeconômicas indispensáveis, que tinha uma boa estratégia fiscal e reduzira a inflação a patamares mais que civilizados.

Para aumentar o crescimento, falta, completou, elevar a taxa de investimentos e fazer as indefectíveis reformas.

No andar de baixo, o ex-presidente mexicano Ernesto Zedillo ia um pouco mais longe, ao falar da América Latina em geral. Disse que os latino-americanos são "capitalistas relutantes", do que resultaria o "medíocre" crescimento.

Ninguém discordou, até porque os debatedores pertencem à corrente liberal. Exceção feita ao brasileiro Ricardo Young, presidente do Instituto Ethos, que defendeu o que chamou de "políticas pró-pobres". Crescimento só não basta, argumentou, citando pesquisa do Fundo das Nações Unidas para o Desenvolvimento, segundo a qual 56% de 80 países pesquisados tiveram crescimento econômico, mas só 23% melhoraram a situação de seus pobres.

Mas ressaltou: "Esse tipo de política tem que perdurar por pelo menos duas décadas. E não basta reduzir a pobreza se as pessoas não tiverem educação para se tornarem competitivas no mercado de trabalho".

Redução da pobreza e da desigualdade figuraram em todos os discursos. Houve até menções ao fato de que a pobreza, pelo menos, está se reduzindo, mas não de maneira suficiente.

"A porcentagem da riqueza nacional que vai para o capital está aumentando na comparação com a fatia que vai para o trabalho", observou Guillermo Ortiz, presidente do Banco Central do México.

No andar de cima, o otimismo era tamanho que o catastrofista de plantão todo ano em Davos (Stephen Roach, economista-chefe da Morgan Stanley) desta vez nem foi chamado. Roach prevê todo ano uma crise que ainda não aconteceu.

No lugar dele, entrou Nouriel Roubini, que conseguiu enxergar "três ursos feios" no caminho da economia mundial: o fim do "boom" imobiliário nos Estados Unidos, o aumento dos juros, que começa a provocar um sufoco no crédito, e a retomada da tendência à alta no preço do petróleo.

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