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08/04/2007 - 09h37

CPI do Apagão Aéreo também focará oposição, diz petista

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FÁBIO ZANINI
da Folha de S.Paulo, em Brasília

Ex-presidente da Infraero no primeiro governo Luiz Inácio Lula da Silva, o deputado federal Carlos Wilson (PT-PE) diz que a oposição também terá de responder a acusações de irregularidades caso seja instalada a CPI do Apagão Aéreo.

Indicando qual será a estratégia governista, ele lembra por exemplo das suspeitas sobre obras do aeroporto de Salvador (BA), parceria do governo federal tucano e do governo estadual do Democratas (ex-PFL), nos anos 90. Wilson, 57, virou alvo da oposição por suspeitas de irregularidades na estatal, segundo investigações no TCU e Ministério Público.

Dizendo-se favorável à CPI, ele acusa os controladores de vôo de armar uma cortina de fumaça para encobrir responsabilidades no acidente com o avião da Gol. Ele falou à Folha por telefone, de Recife.

Folha - A Infraero tem 40 processos no TCU, é investigada pelo Ministério Público e sofre auditorias internas. A estatal é a caixa-preta do governo Lula?
Carlos Wilson -
Antes do governo Lula, existia uma clara intenção de esvaziar a Infraero para privatizá-la. É perfeitamente normal que uma empresa que adquiriu visibilidade passe a ser visada e disputada. Estranho seria se a Infraero não fosse investigada. Nos três anos e três meses em que eu estive lá, a Infraero nunca deixou de fornecer informações. No caso de Congonhas, por exemplo, foi levantada no Ministério Público uma questão, mas a primeira fase da obra foi licitada em 2002 [governo FHC].

Folha - O fato de tantos órgãos investigarem a Infraero ao mesmo tempo não é indício de que algo estava errado?
Wilson -
O TCU é o órgão tecnicamente correto para fazer as apurações e muitas das denúncias já foram arquivadas. Mas o arquivamento não é tão notícia quanto a denúncia. A Infraero é uma empresa modelo. Graças à eficiência de seus funcionários se evitou um mal maior durante o apagão aéreo. Se não fossem as obras, a situação teria sido muito mais caótica.

Folha - O sr. é favorável a que a CPI investigue a sua gestão?
Wilson -
Investigação tem de ser feita sempre. O que eu estranho é que a Infraero tem fornecido tudo o que é solicitado. Se fala numa CPI, que eu procurei para assinar e defendo. Sou contra a politização que está se dando.

Folha - Se for uma CPI restrita ao apagão, o sr. concorda?
Wilson -
A questão de ser restrita não é por eu ser contra que se apure nada relacionado à Infraero. A empresa tem 35 anos. Tem processos na Infraero que ainda estão pendentes no TCU de mais de dez anos.

Folha - Por exemplo?
Wilson -
O aeroporto de Salvador gerou uma polêmica muito grande. Foi construído numa parceria entre governo da Bahia e Infraero.

Folha - A oposição então tem telhado de vidro?
Wilson -
Não quero colocar assim. Parece que estou querendo esconder acusações ameaçando com outras.

Folha - O sr. integraria a CPI?
Wilson -
Não sei, isso é uma questão para a liderança do meu partido. Mas eu estarei presente para contribuir.

Folha - A Infraero tem de continuar vinculada à Defesa?
Wilson -
Tem. Existem atribuições sintonizadas entre a área de segurança e a questão aeroportuária.

Folha - Os controladores devem ser desmilitarizados?
Wilson -
Ninguém resolve desmilitarizando. Tem que ter um plano de cargos e carreiras dentro da própria Força. Isso tudo foi mal conduzido. O que está por trás da situação dos controladores de vôo é que houve participação também deles no que se refere ao acidente da Gol.

Folha - Os controladores estão querendo fugir à responsabilidade que tiveram?
Wilson -
Cada um está procurando diminuir as suas responsabilidades.

Folha - Quando o sr. diz que foi mal conduzida essa crise o sr. se refere a quem?
Wilson -
Inclusive ao Congresso. A Câmara, no lugar de constituir uma CPI ou uma comissão especial para investigar, politizou a questão.

Folha - E a Defesa?
Wilson -
Também. A responsabilidade é de muitos.

Folha - O sr. se diz amigo do presidente. Tem apoio dele?
Wilson -
Conheço Lula desde quando ele estava preso. Esta amizade é boa, me dá satisfação, mas também traz ônus, porque ficam imaginando que, atingindo a mim, atingem a ele.

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