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14/05/2007 - 20h47

Acusado de mandar matar Dorothy Stang nega três vezes o crime

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KÁTIA BRASIL
da Agência Folha, em Belém

Em seu primeiro dia de julgamento, em Belém (PA), o fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida, negou hoje três vezes envolvimento no assassinato da missionária Dorothy Stang, 73, em Anapu (oeste do Pará), mas disse que viu a arma do crime na mão do pistoleiro Rayfran das Neves Sales, o Fogoió, depois de ele ter disparado três vezes contra a freira, no dia 12 de fevereiro de 2005.

A sentença de Bida deve ser proferida amanhã pelo Tribunal do Júri, em sessão presidida pelo juiz Raimundo Flexa. Hoje, cerca de 250 pessoas assistiram ao depoimento do fazendeiro dentro da sala de julgamento. Outras 600 pessoas, integrantes de movimentos pela reforma agrária e de direitos humanos, ouviram o depoimento transmitido por caixas de som instaladas em frente ao tribunal --entre eles, 90 moradores de Anapu, que chegaram a Belém escoltados pela Polícia Federal.

A declaração de Bida, 36, a respeito da arma do crime ocorreu quando ele foi indagado pelo promotor de Justiça Edson Cardoso de Souza, responsável pela acusação, sobre como tomou conhecimento da morte da missionária. Bida disse que estava em sua fazenda --o lote 55 da gleba Bacajá, que a freira defendia que fosse incorporado ao PDS (Projeto de Desenvolvimento Sustentável) Esperança-- quando o crime aconteceu.

"Eu encontrei [na fazenda] o Rayfran e Clodoaldo [Carlos Batista, conhecido como Eduardo, também condenado pelo crime] juntos. Rayfran disse que tinha matado a irmã Dorothy, e que tinha havido um atrito entre ele e a irmã. Eu disse que saíssem da fazenda. Rayfran estava com uma arma [revólver 38] de fogo na mão, a arma tinha uns projéteis [estava carregada], não lembro quantos, tinham marcas [de disparos]", afirmou Bida, que saiu do banco de réus para responder, em pé e ao microfone, ao promotor.

Ele disse ainda que, no mesmo dia, também se encontrou Amair Feijoli da Cunha, o Tato, que trabalhava em sua fazenda e foi condenado pela acusação de ter atuado como intermediário da contratação dos pistoleiros. Em depoimentos anteriores, o fazendeiro sempre negou o encontro com Fogoió, Eduardo e Tato no dia do crime.

Em outro momento do depoimento, Bida disse que os três dormiram na sua fazenda e que ajudou na fuga. Ele destinou o final de seu depoimento para acusar a missionária de andar com um grupo "fortemente armado nos momentos de invasão de terras".

Segundo o promotor Edson Souza, Bida --ao confirmar apoio na fuga-- tentou obter uma punição mais branda. "É uma frágil versão que não se sustenta em um minuto de análise. A mão dele [Bida] não está suja de pólvora, sua atitude foi intelectual", afirmou o promotor.

O advogado de defesa de Bida, Américo Leal, afirmou que seu cliente se expressou mal ao dizer que se envolveu na fuga. "O Vitalmiro é um cara que só tem o primeiro ano de estudo. Se nós que somos formados não sabemos nos comportar, você vai exigir isso de um cara que é semi-analfabeto? Naquela região todo mundo tem arma, o pessoal da Dorothy tem arma, espingarda [calibre] 12", afirmou.

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