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22/05/2006 - 21h49

Policiais apontam crescente influência do PCC no litoral norte de SP

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ADRIANA CHAVES
da Agência Folha, em São Sebastião

O PCC (Primeiro Comando da Capital) já começa a se fixar no litoral norte. Segundo delegados e investigadores ouvidos pela Folha nos últimos dias, sob condição de anonimato, a facção exerce domínio sobre a maioria dos 261 detentos que estão na Cadeia Pública de São Sebastião (214 km a leste de São Paulo).

Na Baixada Santista, o PCC mantém lideranças nas cidades de Santos, Guarujá e Praia Grande. Na semana passada, a facção promoveu uma série de ataques a forças de segurança e uma onda de rebeliões em diversos pontos do Estado.

No litoral norte, a influência do "partido", como a facção é chamada pelos criminosos, vem provocando até mudanças de comportamento dentro da cadeia, com forte disciplina e o fim de crimes como atentado violento ao pudor.

"O grande medo de quem era preso antes era ser seviciado. Isso não existe mais. E se descobrem que um condenado por roubo tem um crime contra os costumes no passado, mesmo que não seja um estuprador, eles isolam", afirmou um policial.

De acordo com ele, há inscrições de "PCC" e "15.3.3" (número que representa a sigla) nas paredes das celas, mas nenhum detento confirma pertencer à facção. Também há suspeita de cobrança de dinheiro dos presos para o PCC.

"O comando continua vindo da capital. Não dá para dizer que há um líder do 'partido' em São Sebastião. Eles obedecem ordens vindas do Marcola [Marcos Willians Herbas Camacho, líder máximo da hierarquia]", disse.

De acordo com ele, a rebelião ocorrida no final de semana passada na cadeia demonstra a subordinação dos criminosos locais à chefia da capital. "Não importa se queriam ou não, eles [os detentos] teriam de fazer essa rebelião de todo jeito. A ordem veio de cima."

A prova disso, para o policial, é que não agrediram os carcereiros. "A coisa mais fácil para eles seria matar os carcereiros ou bater. E não fizeram nada disso. Enquanto era negociado o fim do motim, eles diziam que estavam decidindo se iam parar. Na verdade, estavam esperando autorização dos líderes na capital. As mortes de ocorreram, foram uma fatalidade."

Mortes

Nove detentos morreram em decorrência da rebelião --oito deles durante o motim e um, que chegou a ficar dois dias internado em estado grave. A diferença, em relação a rebeliões anteriores, é que as mortes ocorreram em razão de um incêndio acidental. Não foram os próprios presos que atacaram os companheiros mortos.

Os presos botaram fogo em colchões e, com o vento da área do banho de sol, as chamas atingiram o chamado "seguro", onde ficam os detentos jurados de morte, normalmente estupradores e delatores.

Alguns detentos chegaram a sustentar outra versão: de que as mortes ocorreram em razão de um curto-circuito ocorrido enquanto tentava-se apagar o fogo.

Ameaças

Para outro policial ouvido pela reportagem, a grande dificuldade em identificar quem pertence ao PCC é que "quem pertence ao partido, não fala, mesmo que esteja sendo ameaçado de morte por outros".

"Sabemos que existe um líder na cadeia, conhecido como "o palavra", mas ele não aparece, não quer aproximação. E mesmo no caso desse líder, não se sabe exatamente sua posição na hierarquia do PCC. Não parece haver nenhum grande chefe da facção por aqui."

Segundo ele, já existe uma descentralização do poder no PCC, em que algumas regiões seriam comandadas pelos chamados "pilotos", mas ainda não foi possível identificar se há um responsável direto pelo litoral norte ou se a liderança que existe na região serve para a execução das ordens dos chefes na capital e a cobrança de dívidas.

Criminosos vindos do interior do Estado e da Baixada Santista teriam trazido o PCC para o litoral norte. "O PCC existe sim [no litoral norte], causou problemas e tem coordenação, mas ainda é incipiente."

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