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05/06/2006 - 17h30

Manobra de advogados adia júri de Suzane e dos Cravinhos para julho

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LÍVIA MARRA
editora de Cotidiano da Folha Online
GABRIELA MANZINI
da Folha Online

Advogados de Suzane von Richthofen e dos irmãos Daniel e Cristian Cravinhos usaram técnicas parecidas para conseguir o adiamento do júri dos réus, nesta segunda-feira, em São Paulo. Nova data foi marcada para o dia 17 de julho.

O júri popular dos três --réus confessos da morte do casal Manfred e Marísia von Richthofen-- estava previsto para começar às 13h, no 1º Tribunal do Júri, no fórum da Barra Funda (zona oeste). As vítimas, pais de Suzane, foram assassinadas em casa, no Brooklin (bairro nobre da zona sul), em outubro de 2002.

Pouco depois das 14h, o juiz Alberto Anderson Filho decidiu cindir o júri, ou seja, desmembrar o julgamento devido à ausência dos advogados dos irmãos Cravinhos.
Apu Gomes/Folha Imagem
Suzane, que cumpre prisão domiciliar, foi levada ao fórum em carro da polícia
Suzane, que cumpre prisão domiciliar, foi levada ao fórum em carro da polícia


Os advogados alegaram cerceamento de defesa e não compareceram ao fórum. Eles não teriam conseguido conversar com os clientes antes do início do júri.

O promotor Nadir de Campos Júnior afirmou que entrará com uma representação na OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) contra Geraldo Jabur, que defende os irmãos.

Depois, foi a vez da defesa de Suzane pedir o adiamento do júri, alegando o não-comparecimento de uma importante testemunha. Após debate com o juiz, o pedido apresentado por Mauro Nacif foi negado.

Irritados, os advogados da jovem deixaram o plenário. Com a atitude, a defesa conseguiu pressionar o juiz a adiar o julgamento. Para o promotor Roberto Tardelli, os advogados agiram de "má-fé".

O juiz Alberto Anderson Filho marcou o julgamento de Suzane para o mesmo dia dos irmãos Cravinhos e nomeou um defensor público e um substituto para o júri, caso a defesa de Suzane não compareça.

A pedido da Promotoria, Anderson Filho também disse que vai notificar a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) sobre a atitude dos advogados. A sessão foi encerrada por volta das 16h20.

O Ministério Público chegou a pedir ao juiz para que Suzane deixasse o plenário presa, mas Anderson Filho manteve o benefício da prisão domiciliar, concedido a ela pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça). No dia 29 de maio, a jovem deixou o presídio em Rio Claro e seguiu para o apartamento de Denivaldo Barni, seu ex-tutor e advogado.

Os Cravinhos permanecem presos no CDP (Centro de Detenção Provisória) de Pinheiros, na zona oeste de São Paulo.

Adiamento

O promotor Roberto Tardelli definiu o adiamento do julgamento como uma "homenagem ao deboche". "Meu sentimento é de indignação, de revolta. Não suporto o deboche, este esculacho."

O especialista em direito penal Leonardo Pantaleão disse à Folha Online que o abandono do plenário não é proibido por lei. "Se os advogados entenderam que a defesa foi cerceada, a medida é cabível", disse o especialista. "Deixar o julgamento correr e recorrer da decisão do juiz seria uma medida mais técnica. Mas os advogados saíram provavelmente porque recorrer demandaria um tempo muito grande."

O presidente da OAB-São Paulo, Luiz Flávio Borges D'Urso, informou por meio de assessoria de imprensa que ao receber a representação, o Tribunal de Ética da entidade avaliará o pedido com isenção.

Cabeça baixa

Durante o período em que ficou no plenário, Suzane manteve a cabeça baixa e evitou olhar para Daniel --seu namorado à época do crime. Suzane, Daniel e Cristian sentaram lado a lado.

Suzane vestia jeans e blusa bege. Os irmãos estavam algemados e usavam uniforme do sistema prisional --blusa branca e calça amarela. Os três foram levados ao fórum pela manhã.

Expectativa

O júri do caso Richthofen é considerado o mais esperado do ano em São Paulo.

No total, entre público, jornalistas, convidados e familiares das partes, cerca de 240 pessoas foram ao 1º Tribunal do Júri nesta segunda-feira.

A procura do público interessado em acompanhar o julgamento foi grande. Cerca de 5.000 pessoas se inscreveram no site do Tribunal de Justiça para assistir ao júri. Apenas 80 foram sorteadas.

Na última sexta (2), a pedido dos advogados de Suzane, o TJ (Tribunal de Justiça) de São Paulo decidiu proibir o registro de imagens e sons do júri.

O advogado Mário de Oliveira Filho, que também defende Suzane, disse nesta segunda-feira que recorrerá ao STJ (Superior Tribunal de Justiça) contra a decisão do TJ (Tribunal de Justiça de São Paulo), que permite que a entrevista concedida por Suzane à Rede Globo e veiculada em abril último seja exibida aos jurados.

Estratégia

Em entrevista à Folha Online na semana passada, a defesa de Suzane disse que a estratégia será acusar o então namorado dela, Daniel Cravinhos, e comprovar que ele a dominava por meio do uso freqüente de drogas e do vínculo mantido pelo sexo.

O advogado Mauro Nacif classifica sua tese como "coação moral irresistível", ou seja, de que Suzane foi pressionada por Daniel para participar do crime, sob pena de perdê-lo.

Já o promotor de Justiça Roberto Tardelli defende que os três cometeram o crime para ficar com a herança. Tardelli pretende pedir a pena máxima, que pode chegar a 50 anos de prisão, para cada um dos réus. No Brasil, o condenado fica preso por, no máximo, 30 anos.

Manfred e Marísia foram assassinados com golpes de barra de ferro em 30 de outubro de 2002, enquanto dormiam. Atualmente, a casa da família está coberta de pichações de ataque aos assassinos.

Suzane e os irmãos Cravinhos foram denunciados (acusados formalmente) por duplo homicídio qualificado por motivo torpe, meio cruel e impossibilidade de defesa da vítima; e fraude processual, por terem alterado a cena do crime.

Colaborou TATIANA FÁVARO, da Folha Online

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