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07/07/2006
-
09h51
LAURA CAPRIGLIONE
enviada especial da Folha de S.Paulo a Araraquara
Foram três horas de silêncio absoluto no Anexo de Detenção Provisória da Penitenciária de Araraquara, só quebrado pela voz de um preso narrando como tem sido a vida desde que 1.443 detentos foram confinados em uma área de 600 metros quadrados, no dia 16 de junho.
Todos os homens sentaram-se no chão de asfalto do Anexo para receber o senador Eduardo Suplicy (PT), que foi à cadeia ontem à tarde, checar as condições da prisão.
Como a porta da detenção está lacrada a solda, Suplicy conversou com os presos do alto da torre de controle, sem contato físico com eles. "Foi a situação mais dramática que já vi em uma cadeia", relatou o senador.
Suplicy afirmou que os detentos têm de dormir encostados uns nos outros, porque não há espaço para todos. O setor tem 16 celas, cada uma com oito camas. No chão de cada cela, podem dormir mais dez presos. A capacidade máxima total das celas, portanto, é de 288 homens. Isso significa que 1.155 pessoas são obrigadas a dormir ao relento, no pátio, sob temperaturas que nesta época do ano chegam a 10ºC. Como proteção, apenas cobertas leves.
Disciplinadamente, ontem à tarde, 107 presos doentes levantaram-se um a um, em silêncio, para mostrar os ferimentos que têm nos corpos.
O médico Hosmany Ramos, discípulo de Ivo Pitanguy, ex-cirurgião plástico de socialites, ex-freqüentador de colunas sociais cariocas e condenado em 1981 por homicídio, roubo de jóias e carros, tráfico de drogas e contrabando, apresentou-se no final da conversa para reivindicar iluminação, pelo menos na enfermaria que ele improvisou no anexo.
Todo o prédio é mantido às escuras, segundo os agentes, para evitar que os presos com celular possam recarregá-los. Ramos também pediu medicamentos, como coquetel antiviral para soropositivos, e a remoção imediata de 37 doentes graves para hospitais.
Suplicy perguntou quem aceitaria trabalhar na reforma do prédio. Todos levantaram as mãos, candidatando-se.
Habitabilidade
Do diretor da penitenciária, Roberto Medina, o senador conseguiu a promessa de que, na próxima segunda, metade dos presos será removida para pavilhão de igual tamanho do atual. Na sexta, um terceiro pavilhão deverá ter condições de habitabilidade, desafogando a superpopulação hoje existente.
Medina, segundo o senador, também se comprometeu a enviar amanhã uma equipe de médicos para avaliar o estado clínico dos presos --até agora, todo o atendimento vem sendo feito por Hosmany, já que o médico da penitenciária não pode entrar no recinto lacrado.
Ameaça
Às 10h30, quando o helicóptero modelo Robson 22 com a repórter-fotográfica Marlene Bergamo a bordo aproximou-se da penitenciária para fazer as fotos desta edição, guardas da muralha do presídio usando máscaras ninja apontaram suas armas em direção à aeronave.
Às 10h, a direção da penitenciária foi avisada pela reportagem de que o vôo seria feito dali a meia hora e que a bordo estaria uma fotógrafa da Folha.
Com o helicóptero já no ar, um carro da Polícia Militar aproximou-se da reportagem. Um soldado avisou: "Se o helicóptero cruzar a área da penitenciária, a ordem é abater".
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Foram três horas de silêncio absoluto no Anexo de Detenção Provisória da Penitenciária de Araraquara, só quebrado pela voz de um preso narrando como tem sido a vida desde que 1.443 detentos foram confinados em uma área de 600 metros quadrados, no dia 16 de junho.
Todos os homens sentaram-se no chão de asfalto do Anexo para receber o senador Eduardo Suplicy (PT), que foi à cadeia ontem à tarde, checar as condições da prisão.
Como a porta da detenção está lacrada a solda, Suplicy conversou com os presos do alto da torre de controle, sem contato físico com eles. "Foi a situação mais dramática que já vi em uma cadeia", relatou o senador.
Suplicy afirmou que os detentos têm de dormir encostados uns nos outros, porque não há espaço para todos. O setor tem 16 celas, cada uma com oito camas. No chão de cada cela, podem dormir mais dez presos. A capacidade máxima total das celas, portanto, é de 288 homens. Isso significa que 1.155 pessoas são obrigadas a dormir ao relento, no pátio, sob temperaturas que nesta época do ano chegam a 10ºC. Como proteção, apenas cobertas leves.
Disciplinadamente, ontem à tarde, 107 presos doentes levantaram-se um a um, em silêncio, para mostrar os ferimentos que têm nos corpos.
O médico Hosmany Ramos, discípulo de Ivo Pitanguy, ex-cirurgião plástico de socialites, ex-freqüentador de colunas sociais cariocas e condenado em 1981 por homicídio, roubo de jóias e carros, tráfico de drogas e contrabando, apresentou-se no final da conversa para reivindicar iluminação, pelo menos na enfermaria que ele improvisou no anexo.
Todo o prédio é mantido às escuras, segundo os agentes, para evitar que os presos com celular possam recarregá-los. Ramos também pediu medicamentos, como coquetel antiviral para soropositivos, e a remoção imediata de 37 doentes graves para hospitais.
Suplicy perguntou quem aceitaria trabalhar na reforma do prédio. Todos levantaram as mãos, candidatando-se.
Habitabilidade
Do diretor da penitenciária, Roberto Medina, o senador conseguiu a promessa de que, na próxima segunda, metade dos presos será removida para pavilhão de igual tamanho do atual. Na sexta, um terceiro pavilhão deverá ter condições de habitabilidade, desafogando a superpopulação hoje existente.
Medina, segundo o senador, também se comprometeu a enviar amanhã uma equipe de médicos para avaliar o estado clínico dos presos --até agora, todo o atendimento vem sendo feito por Hosmany, já que o médico da penitenciária não pode entrar no recinto lacrado.
Ameaça
Às 10h30, quando o helicóptero modelo Robson 22 com a repórter-fotográfica Marlene Bergamo a bordo aproximou-se da penitenciária para fazer as fotos desta edição, guardas da muralha do presídio usando máscaras ninja apontaram suas armas em direção à aeronave.
Às 10h, a direção da penitenciária foi avisada pela reportagem de que o vôo seria feito dali a meia hora e que a bordo estaria uma fotógrafa da Folha.
Com o helicóptero já no ar, um carro da Polícia Militar aproximou-se da reportagem. Um soldado avisou: "Se o helicóptero cruzar a área da penitenciária, a ordem é abater".
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