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14/07/2006 - 05h06

Ritmo de ataques diminui na 3ª noite de atentados do PCC

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da Folha Online
da Agência Folha

O ritmo dos ataques diminuiu na terceira noite de atentados do PCC (Primeiro Comando da Capital) no Estado de São Paulo. Entre a noite de quinta-feira (13) e a madrugada desta sexta, os criminosos continuaram a priorizar alvos "civis", como ônibus, pontos de comércio, concessionárias de veículos e até caminhões de lixo.

Os atentados não provocaram novas mortes, mas deixaram pelo menos um ferido grave, em Nova Odessa (126 km a noroeste de São Paulo). O motorista de um microônibus da Viação Ouro Verde, Manoel Francisco da Silva, 44, teve 90% do corpo queimado durante um ataque incendiário.

Segundo a polícia, os criminosos jogaram um coquetel molotov no banco do motorista, na rua Maximiliano Dalmedico, no bairro de Santa Luiza, por volta das 20h. Nervoso, Silva teve dificuldade para soltar o cinto de segurança e acabou sofrendo queimaduras graves. Ele foi socorrido no PS Municipal e depois transferido para o Hospital Estadual de Sumaré (120 km a noroeste da capital).

Ataques à polícia

Policiais civis do 24º DP (Ponte Rasa) conseguiram impedir um ataque de uma bomba caseira contra os fundos da delegacia, na avenida São Miguel (na zona leste da capital), por volta das 2h30. Percebendo a movimentação, policiais atiraram contra os criminosos, que abandonaram o artefato e fugiram. Dois suspeitos foram presos.

O artefato era uma garrafa PET de plástico, cheia de pólvora e pregos, com dois longos pavios. Na garrafa, que não chegou a explodir, estava colada a frase "A pobreza amplia a tragédia", recortada de uma revista.

Um terceiro suspeito pelos ataques foi preso nesta madrugada. A polícia deteve um dos três homens que teria incendiado um ônibus na Vila Madalena (zona oeste da capital), na noite de quarta. Na ocasião, o ataque feriu duas mulheres sem gravidade e provocou o fechamento de vários bares na região.

Em Piracicaba (162 km a noroeste da capital), criminosos atiraram um coquetel molotov nas catracas do terminal de ônibus do bairro de Santa Tereza, às 21h30 de quinta. No mesmo horário, um ônibus foi incendiado no bairro Novo Horizonte.

Também em Piracicaba, outro coquetel molotov foi atirado contra a fachada do 5º DP, na rua Corumbataí, bairro de Santa Terezinha, às 23h30. Meia hora depois, a casa de um policial militar no Jardim Sônia foi alvo de disparos.

Uma base da PM no centro de Ubatuba (224 km a leste da capital) também foi atacada, desta vez com um coquetel molotov, por volta das 21h. O explosivo estilhaçou as vidraças, mas não feriu ninguém, já que a base estava vazia.

Alvos civis

Os ataques incendiários escolheram um novo alvo no final da noite de quinta: os caminhões de lixo. Também na zona leste, foram dois caminhões incendiados, um na rua Cristovão de Salamanca, no Conjunto Residencial José Bonifácio, às 21h20, e outro na rua Cuiape, no Jardim São Paulo, às 21h50.

No início da noite de quinta, criminosos atiraram uma bomba caseira,com pregos e parafusos, contra a vidraça de uma loja no estacionamento do Shopping Aricanduva. Ninguém se feriu.

Os ataques também atingiram ônibus em Osasco, Santo André (ambas na Grande SP) e Campinas (95 km a nororeste da capital), no final da noite. Em Diadema, também na Grande SP, criminosos incendiaram uma concessionária de veículos, no bairro Eldorado.

Em Santos (85 km a sudeste da capital), no bairro de Aparecida, os alvos foram duas agências bancárias, do Itaú e do Bradesco, e um supermercado da rede Compre Bem.

Balanço

Desde a noite de terça-feira, São Paulo sofre uma nova onda de ataques atribuídos ao PCC. O último balanço da Secretaria da Segurança Pública, divulgado às 22h de quarta-feira, apontou 106 ataques contra 121 alvos.

Segundo a Segurança, foram seis pessoas mortas nos atentados: um policial militar, sua irmã --mortos na zona norte de São Paulo--, três vigilantes particulares --no Guarujá (87 km a sudeste da capital)-- e um guarda municipal --em Cabreúva (76 km a noroeste da capital).

As mortes de um agente prisional, em Campinas, e do filho de um investigador, em São Vicente, não entraram nas estatísticas oficiais.

Ao contrário do que ocorreu na primeira leva de ataques do PCC, em maio, a nova série de ataques priorizou os alvos civis, como ônibus, bancos, postos de gasolina e ambulâncias, no lugar das forças de segurança.

Os ônibus são o principal alvo da nova onda de ataques. Dos 106 ataques contra 121 alvos, 68 foram incêndios ou disparos contra ônibus --mais de 64%. Os dados oficiais não levam em conta os atentados das últimas horas.

Em alguns ataques foram usados coquetéis molotov e em outros, disparados tiros. As ações ocorreram em diferentes municípios --como São Paulo, Santos, Guarujá, Praia Grande, Santa Isabel, Ferraz de Vasconcelos, Suzano, Osasco, Guarulhos, Mauá, Taubaté, Embu, Taboão da Serra e Pindamonhangaba.

Na quinta, quase todas as viações de ônibus de São Paulo não colocaram os veículos em circulação, com medo dos ataques. A situação só começou a se normalizar depois que a Polícia Militar prometeu colocar PMs nos ônibus para impedir a ação dos criminosos.

Suspeita

Um possível plano de transferência de presos para a penitenciária federal de Catanduvas (PR) teria sido o motivo da nova onda de ataques --a maior desde as ações de maio.

Reportagem publicada nesta quinta-feira pela Folha mostra que a nova onda de ataques foi uma represália contra a tortura, os maus-tratos a parentes e às condições dos presídios, conforme o ex-policial civil Ivan Raymondi Barbosa, presidente da ONG Nova Ordem, investigada pelo Ministério Público por suposta ligação com a facção criminosa.

Maio

Na maior série de atentados promovida pelo PCC, entre 12 e 19 de maio, o PCC promoveu uma onda de rebeliões que atingiu 82 unidades do sistema penitenciário paulista e realizou 299 ataques, incluindo incêndios a ônibus.

Na ocasião, a onda de violência seria uma resposta à decisão do governo estadual de isolar líderes da facção criminosa em prisões.

Somadas aos ataques iniciados em 12 de maio, a nova onda de ações deixou o seguinte saldo: cerca de 370 atentados, 42 membros das forças de segurança do Estado e quatro civis assassinados, ao menos 92 pessoas acusadas de ligação com as ações da facção foram mortas pelas polícias.

A partir de 28 de junho, os atentados passaram a atingir também agentes penitenciários. Desde então, seis agentes penitenciários e um carcereiro foram mortos. Outros dois agentes sofreram tentativas de homicídio.

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