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11/09/2006
-
13h08
da Folha Online
O governador de São Paulo, Cláudio Lembo (PFL), descartou na manhã desta segunda-feira o possível envolvimento do crime organizado no assassinato do deputado estadual e coronel da reserva da PM Ubiratan Guimarães (PTB), 63, ocorrido no final de semana. O coronel comandou, em 1992, a operação que ficou conhecida como massacre do Carandiru e resultou na morte de 111 presos.
O DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa) investiga a motivação do crime e já começou a ouvir testemunhas em busca do autor do tiro que que causou a morte de Ubiratan. Para o delegado Armando de Oliveira Costa Filho, nenhuma hipótese pode ser descartada ainda.
A advogada Carla Cepollina, 40, namorada do coronel, foi a última pessoa vista com ele. Carla esteve no DHPP pela manhã e deixou o local no início da tarde.
O delegado-geral da Polícia Civil, Marco Antônio Desgualdo, chegou ao prédio do DHPP também no início da tarde para tomar conhecimento do depoimento. Segundo ele, Carla disse que passou a manhã de sábado com Ubiratan em uma hípica.
Além dela, a polícia espera ouvir outros familiares do coronel em busca de pistas sobre o crime. O prédio onde morava Ubiratan teria circuito de câmeras, mas, de acordo com Desgualdo, o sistema não teria feito a gravação de imagens, o que impediria a identificação de suspeitos. Funcionários do edifício também serão ouvidos.
Crime
Ubiratan foi morto em seu apartamento, nos Jardins (região nobre na zona oeste da cidade), com um único tiro que o atingiu na região do abdômen. O corpo foi localizado por volta das 22h30 de domingo (10), mas há suspeitas de que o crime tenha ocorrido entre a noite de sábado e a madrugada de domingo, já que os jornais do dia permaneciam do lado de fora da porta.
Não havia sinais de luta no apartamento e a porta dos fundos estava apenas encostada. O corpo do coronel estava coberto apenas por uma toalha.
A forma como Ubiratan foi assassinado descartaria o envolvimento do crime organizado. Se fosse uma eliminação ou por vingança, os peritos dizem que haveria mais de um tiro, e em uma região mais mortal, como a cabeça.
"O disparo, a lesão, não é característica própria de execução", disse o delegado-geral da polícia.
A motivação do crime segue sob investigação, entre elas a hipótese de crime passional, afirma a polícia. As últimas relações amorosas do coronel devem ser investigadas.
Outra hipótese que deve ser analisada é a ligação com o assassinato do diretor do Carandiru na época do massacre, José Ismael Pedrosa, assassinado em outubro do ano passado, em Taubaté (130 km de São Paulo), num crime atribuído ao PCC (Primeiro Comando da Capital).
Massacre
O deputado atualmente tentava a reeleição. Sua candidatura havia sido impugnada pela Justiça Eleitoral.
O deputado nunca foi preso pela operação que resultou no massacre. Em 2001, Ubiratan chegou a ser condenado a 632 anos de prisão pelas mortes de 102 presos e por cinco tentativas de homicídio, num julgamento em primeira instância. Ele não foi acusado pelas 111 mortes porque laudo do Instituto Médico Legal mostrou que alguns presos foram mortos por armas brancas, como facas, o que poderia indicar que foram golpeados por rivais durante a rebelião que antecedeu a operação policial no Carandiru.
Réu primário, recorreu da sentença em liberdade. Em fevereiro último, os desembargadores do TJ (Tribunal de Justiça) inocentaram Ubiratan, o que gerou protestos de entidades de direitos humanos e repercutiu negativamente no exterior. Dias depois, o mesmo Órgão Especial do TJ modificou o resumo do acórdão que absolveu o coronel. A mudança estabeleceu que os desembargadores não "declararam absolvido o réu", mas apenas "reconheceram" que ele tinha sido absolvido pelo Tribunal de Júri.
Ubiratan trabalhou 34 anos na Polícia Militar. Nos anos 70, durante a ditadura militar, combateu as ações guerrilheiras no Vale do Ribeira (SP). Como oficial, comandou a Cavalaria, a Rota e o Policiamento Metropolitano. E foi na condição de comandante do Policiamento Metropolitano que o coronel liderou a operação destinada a controlar uma rebelião sem reféns no Carandiru, em 2 de outubro de 1992.
Carandiru
A operação que resultou em 111 mortes no Carandiru foi comandada pelo coronel. A Polícia Militar invadiu a unidade para conter uma rebelião, e o caso teve repercussão internacional.
A Casa de Detenção Carandiru foi desativada em setembro de 2002. Em dezembro daquele ano, três pavilhões foram implodidos, inclusive o 9, onde ocorreram as mortes.
Colaboraram FAUSTO SALVADORI e TATIANA FÁVARO, da Folha Online; LÍVIA MARRA, editora de Cotidiano da Folha Online; e Agência Folha
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Lembo descarta elo entre crime organizado e morte de Ubiratan
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O governador de São Paulo, Cláudio Lembo (PFL), descartou na manhã desta segunda-feira o possível envolvimento do crime organizado no assassinato do deputado estadual e coronel da reserva da PM Ubiratan Guimarães (PTB), 63, ocorrido no final de semana. O coronel comandou, em 1992, a operação que ficou conhecida como massacre do Carandiru e resultou na morte de 111 presos.
O DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa) investiga a motivação do crime e já começou a ouvir testemunhas em busca do autor do tiro que que causou a morte de Ubiratan. Para o delegado Armando de Oliveira Costa Filho, nenhuma hipótese pode ser descartada ainda.
A advogada Carla Cepollina, 40, namorada do coronel, foi a última pessoa vista com ele. Carla esteve no DHPP pela manhã e deixou o local no início da tarde.
O delegado-geral da Polícia Civil, Marco Antônio Desgualdo, chegou ao prédio do DHPP também no início da tarde para tomar conhecimento do depoimento. Segundo ele, Carla disse que passou a manhã de sábado com Ubiratan em uma hípica.
Folha Imagem |
Coronel Ubiratan Guimarães, assassinado com um tiro em casa, em São Paulo |
Além dela, a polícia espera ouvir outros familiares do coronel em busca de pistas sobre o crime. O prédio onde morava Ubiratan teria circuito de câmeras, mas, de acordo com Desgualdo, o sistema não teria feito a gravação de imagens, o que impediria a identificação de suspeitos. Funcionários do edifício também serão ouvidos.
Crime
Ubiratan foi morto em seu apartamento, nos Jardins (região nobre na zona oeste da cidade), com um único tiro que o atingiu na região do abdômen. O corpo foi localizado por volta das 22h30 de domingo (10), mas há suspeitas de que o crime tenha ocorrido entre a noite de sábado e a madrugada de domingo, já que os jornais do dia permaneciam do lado de fora da porta.
Não havia sinais de luta no apartamento e a porta dos fundos estava apenas encostada. O corpo do coronel estava coberto apenas por uma toalha.
A forma como Ubiratan foi assassinado descartaria o envolvimento do crime organizado. Se fosse uma eliminação ou por vingança, os peritos dizem que haveria mais de um tiro, e em uma região mais mortal, como a cabeça.
"O disparo, a lesão, não é característica própria de execução", disse o delegado-geral da polícia.
A motivação do crime segue sob investigação, entre elas a hipótese de crime passional, afirma a polícia. As últimas relações amorosas do coronel devem ser investigadas.
Outra hipótese que deve ser analisada é a ligação com o assassinato do diretor do Carandiru na época do massacre, José Ismael Pedrosa, assassinado em outubro do ano passado, em Taubaté (130 km de São Paulo), num crime atribuído ao PCC (Primeiro Comando da Capital).
Massacre
O deputado atualmente tentava a reeleição. Sua candidatura havia sido impugnada pela Justiça Eleitoral.
O deputado nunca foi preso pela operação que resultou no massacre. Em 2001, Ubiratan chegou a ser condenado a 632 anos de prisão pelas mortes de 102 presos e por cinco tentativas de homicídio, num julgamento em primeira instância. Ele não foi acusado pelas 111 mortes porque laudo do Instituto Médico Legal mostrou que alguns presos foram mortos por armas brancas, como facas, o que poderia indicar que foram golpeados por rivais durante a rebelião que antecedeu a operação policial no Carandiru.
Réu primário, recorreu da sentença em liberdade. Em fevereiro último, os desembargadores do TJ (Tribunal de Justiça) inocentaram Ubiratan, o que gerou protestos de entidades de direitos humanos e repercutiu negativamente no exterior. Dias depois, o mesmo Órgão Especial do TJ modificou o resumo do acórdão que absolveu o coronel. A mudança estabeleceu que os desembargadores não "declararam absolvido o réu", mas apenas "reconheceram" que ele tinha sido absolvido pelo Tribunal de Júri.
Ubiratan trabalhou 34 anos na Polícia Militar. Nos anos 70, durante a ditadura militar, combateu as ações guerrilheiras no Vale do Ribeira (SP). Como oficial, comandou a Cavalaria, a Rota e o Policiamento Metropolitano. E foi na condição de comandante do Policiamento Metropolitano que o coronel liderou a operação destinada a controlar uma rebelião sem reféns no Carandiru, em 2 de outubro de 1992.
Carandiru
A operação que resultou em 111 mortes no Carandiru foi comandada pelo coronel. A Polícia Militar invadiu a unidade para conter uma rebelião, e o caso teve repercussão internacional.
A Casa de Detenção Carandiru foi desativada em setembro de 2002. Em dezembro daquele ano, três pavilhões foram implodidos, inclusive o 9, onde ocorreram as mortes.
Colaboraram FAUSTO SALVADORI e TATIANA FÁVARO, da Folha Online; LÍVIA MARRA, editora de Cotidiano da Folha Online; e Agência Folha
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