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01/10/2006 - 00h00

Equipes retomam buscas a vítimas de acidente aéreo; chances de sobreviventes são remotas

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da Folha Online

Os trabalhos de resgate às vítimas do acidente com o Boeing da Gol que caiu sexta-feira(29) em Mato Grosso serão retomadas com o amanhecer deste domingo. O avião, que fazia o vôo 1907, transportava 154 pessoas --148 passageiros e seis tripulantes. É o pior acidente da aviação brasileira.

Até a interrupção das buscas, no final da tarde deste sábado, a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) não confirmava nenhuma morte, embora considerasse remota a possibilidade de encontrar sobreviventes. Já o tenente-brigadeiro José Carlos Pereira, presidente da Infraero, afirmou que "é impossível que alguém tenha sobrevivido".

Divulgação/Anac
Local de mata fechada onde caiu Boeing da Gol com 154 pessoas a bordo
Local de mata fechada onde caiu Boeing da Gol com 154 pessoas a bordo
O avião, que havia saído de Manaus com destino ao Rio, deveria fazer uma escala em Brasília. Ele perdeu contato por volta das 17h de sexta. Os destroços foram encontrados por volta das 9h de sábado, em uma área de mata muito fechada, a 200 km do município de Peixoto de Azevedo (MT).

Por volta das 13h30, militares começaram a abrir uma clareira em meio à densa mata e, com auxílio de pára-quedistas, que foram lançados para avaliar a área e preparar uma pista de pouso.

"As equipes da Força Aérea já percorreram toda a área do acidente sem encontrar nenhum vestígio, nenhum indício de sobrevivência possível. Apenas corpos e pedaços de corpos e mais pedaços de corpos, nada além disso", afirmou o tenente-brigadeiro à Folha Online.

Durante a madrugada, os militares permanecerão no local, mas apenas para preservar a área. "Eles vão guardar o local, evitar que animais se aproximem."

Para o presidente da Infraero, o trabalho de resgate de vítimas e destroços deve levar "de dois a três dias". "A operação tem uma logística extremamente complicada. Precisa ter cuidado para preservar as identidades. A retirada [das vítimas] deve ser feita por helicóptero, um a um."

Buscas

O brigadeiro Antonio Gomes Leite Filho, representante do comando-geral da Aeronáutica, disse que as buscas continuarão até que as equipes envolvidas encontrem um número de corpos considerado satisfatório --muitos estão mutilados.

"Enquanto não houver uma contagem que atenda suficientemente a quantidade das pessoas, a Força Aérea permanecerá no local, investigando e procurando até o limite que considerarmos que a probabilidade é zero ou que se acabaram as chances", disse. Os destroços estariam espalhados por uma área de mais de um quilômetro.
Efe
Gol divulgou telefone para que parentes de passageiros recebessem informações
Gol divulgou telefone para que parentes de passageiros recebessem informações


Ele informou que o recolhimento os corpos serão levados até a base militar do Cachimbo, onde passarão pelos peritos do IML de Mato Grosso. Cumprindo essa etapa, os corpos serão encaminhados para as cidades de origem das vítimas.

Mesmo sem a confirmação das mortes, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, por meio de nota, disse ter recebido "com enorme pesar" a notícia sobre o acidente que "tomou a vida dos passageiros e tripulantes que voavam de Manaus para Brasília". A Presidência comunicou ainda que o presidente decidiu decretar três dias oficias de luto nacional. "Está seguro de assim poder expressar a comoção que a queda do vôo 1907 causou à nação brasileira."

Por enquanto, não foi confirmado oficialmente se a queda do Boeing teria sido causada por uma colisão com um avião menor, um jato Legacy, fabricado pela Embraer, que conseguiu fazer pouso de emergência sem feridos na base aérea da serra do Cachimbo. O Legacy levava quatro passageiros, todos americanos (entre eles um repórter do "New York Times", além do piloto brasileiro.
Efe
Parentes de passageiros do avião da Gol fazem apelo por mais informações
Parentes de passageiros do avião da Gol fazem apelo por mais informações


A Polícia Civil de Mato Grosso instaurou inquérito criminal para identificar a responsabilidade das pessoas envolvidas no acidente. Além dos pilotos dos dois aviões, Oliveira levantou também a possibilidade de ter havido erro por parte dos controladores de tráfego aéreo que monitoravam a região no momento do acidente.

Perguntas

Este é o primeiro acidente grave na história da Gol, que começou a voar no início de 2001, e o maior da história do país. Antes, o pior acidente havia sido registrado em junho de 1982, quando um Boeing 727-200 da Vasp bateu em uma montanha da serra de Aratanha, a 30 quilômetros de Fortaleza, causando a morte de 137 pessoas.

Efe
Parentes de passageiros esperam, em Manaus, por notícias sobre acidente da Gol; veja fotos
Parentes de passageiros esperam, em Manaus, por notícias sobre acidente da Gol; veja fotos
Segundo o tenente-brigadeiro José Carlos Pereira, piloto experiente, é preciso descobrir o motivo de dois aviões bem equipados e novos estarem no mesmo nível, quando deveriam estar a uma distância mínima de 300 metros. "São aviões com equipamentos anticolisão. Precisamos saber por que eles não evitaram o acidente", disse o tenente-brigadeiro.

Pereira também levantou a necessidade de esclarecimentos acerca do fato de qual avião estaria acima ou abaixo do nível correto, e ressaltou que a altura das aeronaves, entre 36 e 37 mil pés, é completamente visualizada por radares.

Na velocidade em que os aviões estavam, de acordo com Pereira, seria impossível aos pilotos fazerem qualquer identificação visual de outro avião. No entanto, os equipamentos deveriam ter alertado sobre a possibilidade de rotas coincidentes.

Quando isso acontece, o sistema alerta o piloto com sinais sonoros e luminosos, além de orientar o procedimento. "O piloto não precisa raciocinar, basta seguir a orientação", explicou.

Para o comandante Marques Peixoto, agente de segurança de vôo e diretor do Sindicato dos Aeronautas, o acidente pode ter sido causado por uma conjunção de fatores. Segundo ele, ocorrências como essa não ocorrem em função de um único fator, "mas de quatro a sete fatores que se alinham". Todas as possibilidades, segundo Peixoto, têm de ser analisadas.

Com Agência Folha

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