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19/01/2007
-
10h48
MARIO CESAR CARVALHO
da Folha de S.Paulo
Durou só dois minutos. Foi esse o intervalo de tempo entre o início e o fim do colapso que provocou o rompimento do teto da estação Pinheiros do metrô, segundo Celso Rodrigues, engenheiro do consórcio Via Amarela e coordenador de produção da linha 4.
Foi por causa desse tempo exíguo que a rua Capri não foi fechada, disse ele na primeira entrevista coletiva do consórcio sobre o acidente.
Se a rua Capri tivesse sido fechada, seis das sete vítimas poderiam ter sobrevivido, segundo a Defesa Civil.
"É como a queda de um avião. Não dá tempo de fazer nada", comparou o engenheiro Carlos Maffei, consultor do consórcio que participou da entrevista.
Funcionários da obra contaram à Folha, no entanto, que a derrocada do túnel durou 10 minutos, tempo que seria suficiente para o acionamento de uma plano de emergência. Segundo Jair Paca de Lima, chefe da Defesa Civil, o consórcio não tem um plano de abandono de área adequado.
O desmoronamento
O processo mais lento --o desmoronamento das paredes do poço que dava acesso ao túnel, mostrado repetidamente na televisão-- foi conseqüência da queda do teto do túnel, afirmou Rodrigues, funcionário da Odebrechet que estava de férias durante o acidente.
O deslocamento de ar provocado pela ruptura do terreno foi tão violento que jogou os operários no chão, segundo o engenheiro. Havia 25 operários na obra, sob supervisão do engenheiro José Maria Aragão.
"Ouviram um estrondo, um estalido muito forte. A primeira coisa que fizeram foi ir para a rota de fuga", contou. A maior parte dos funcionários saiu do túnel de elevador. "O operador do elevador diz que, enquanto o elevador subia, viu o túnel caindo", contou Rodrigues.
No momento do desmoronamento, os operários trabalhavam no concretamento de uma área chamada de "rebaixo" --é por onde os trens irão circular.
Não houve negligência do consórcio no monitoramento da escavação do túnel, de acordo com o engenheiro.
"Os números não eram alarmantes", disse o engenheiro Wagner Marangoni, gerente de administração contratual do consórcio, referindo-se aos dados encontrados na quinta-feira, véspera do acidente.
Rodrigues fez uma comparação com outro acidente, em abril de 2005, quando oito casas da rua João Elias Saada foram evacuadas: "Os números eram duas ou três vezes menores do que os da João Elias Saada. [A situação] Não era alarmante". Na época, houve tempo para retira os moradores.
Logo após o acidente de sexta, o consórcio divulgou nota responsabilizando as chuvas pelo desmoronamento. Mas, ontem, o engenheiro disse que cabe ao IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) investigar as razões do acidente e que nenhuma hipótese pode ser descartada, inclusive erro de engenharia ou de projeto.
Rodrigues, porém, disse não ter fundamento a idéia de que o consórcio economizava concreto e ferragem no túnel. A estação Pinheiros, disse, custou 25% a mais do que o previsto no projeto original por causa de mudanças sugeridas pelo consórcio e aprovadas pelo Metrô.
Ele não quis informar qual era o custo original da estação e qual foi o custo da mudança sob alegação de que o dado é segredo comercial do consórcio.
O engenheiro contou que o consórcio acrescentou ao teto do túnel uma cambota, espécie de treliça com barras de aço de 20 milímetros de diâmetro, a cada 80 centímetros. A cambota ajuda a sustentar o concreto durante a escavação.
"Foi mais demorado e mais caro do que o projeto original", afirmou Rodrigues. O consultor Maffei afirmou que o uso de cambota é universal: "Se a cambota não tiver agüentado [o peso do solo acima dela], vamos ter de mudar todos os projetos de túneis do mundo".
Marangoni frisou que a informação de que houve mudanças na estação não permite concluir que o Metrô pode ter errado no projeto original: "Não estou afirmando que a culpa é do Metrô".
Rodrigues refutou a informação divulgada pela Folha na terça-feira de que as empresas de projetos de engenharia ganhavam prêmios do consórcio quando conseguissem reduzir o volume de material na obra. "Isso não existe". Engenheiros envolvidos no projeto confirmam que as empresas recebiam prêmios por isso.
Ele não quis comentar a informação segundo a qual uma casa afundou e quatro racharam na rua Amaro Cavalheiro por conta do que os funcionários do Metrô chamam de economia de concreto no túnel. Rodrigues afirmou que a melhor prova de que não houve economia é que a investigação sobre o incidente foi arquivada.
Ele confirmou que o tipo de contrato permite que as empreiteiras fiscalizem o próprio trabalho que executaram.
Ressaltou, porém, que isso não significa menos fiscalização. Segundo ele, o Metrô fiscaliza os trabalhos por meio de seus engenheiros e por meio de uma empresa de fiscalização que contratou. O Banco Mundial e a seguradora também exercem essa função.
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Não deu tempo de dar alerta, diz consórcio
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Durou só dois minutos. Foi esse o intervalo de tempo entre o início e o fim do colapso que provocou o rompimento do teto da estação Pinheiros do metrô, segundo Celso Rodrigues, engenheiro do consórcio Via Amarela e coordenador de produção da linha 4.
Foi por causa desse tempo exíguo que a rua Capri não foi fechada, disse ele na primeira entrevista coletiva do consórcio sobre o acidente.
Se a rua Capri tivesse sido fechada, seis das sete vítimas poderiam ter sobrevivido, segundo a Defesa Civil.
"É como a queda de um avião. Não dá tempo de fazer nada", comparou o engenheiro Carlos Maffei, consultor do consórcio que participou da entrevista.
Funcionários da obra contaram à Folha, no entanto, que a derrocada do túnel durou 10 minutos, tempo que seria suficiente para o acionamento de uma plano de emergência. Segundo Jair Paca de Lima, chefe da Defesa Civil, o consórcio não tem um plano de abandono de área adequado.
O desmoronamento
O processo mais lento --o desmoronamento das paredes do poço que dava acesso ao túnel, mostrado repetidamente na televisão-- foi conseqüência da queda do teto do túnel, afirmou Rodrigues, funcionário da Odebrechet que estava de férias durante o acidente.
O deslocamento de ar provocado pela ruptura do terreno foi tão violento que jogou os operários no chão, segundo o engenheiro. Havia 25 operários na obra, sob supervisão do engenheiro José Maria Aragão.
"Ouviram um estrondo, um estalido muito forte. A primeira coisa que fizeram foi ir para a rota de fuga", contou. A maior parte dos funcionários saiu do túnel de elevador. "O operador do elevador diz que, enquanto o elevador subia, viu o túnel caindo", contou Rodrigues.
No momento do desmoronamento, os operários trabalhavam no concretamento de uma área chamada de "rebaixo" --é por onde os trens irão circular.
Não houve negligência do consórcio no monitoramento da escavação do túnel, de acordo com o engenheiro.
"Os números não eram alarmantes", disse o engenheiro Wagner Marangoni, gerente de administração contratual do consórcio, referindo-se aos dados encontrados na quinta-feira, véspera do acidente.
Rodrigues fez uma comparação com outro acidente, em abril de 2005, quando oito casas da rua João Elias Saada foram evacuadas: "Os números eram duas ou três vezes menores do que os da João Elias Saada. [A situação] Não era alarmante". Na época, houve tempo para retira os moradores.
Logo após o acidente de sexta, o consórcio divulgou nota responsabilizando as chuvas pelo desmoronamento. Mas, ontem, o engenheiro disse que cabe ao IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) investigar as razões do acidente e que nenhuma hipótese pode ser descartada, inclusive erro de engenharia ou de projeto.
Rodrigues, porém, disse não ter fundamento a idéia de que o consórcio economizava concreto e ferragem no túnel. A estação Pinheiros, disse, custou 25% a mais do que o previsto no projeto original por causa de mudanças sugeridas pelo consórcio e aprovadas pelo Metrô.
Ele não quis informar qual era o custo original da estação e qual foi o custo da mudança sob alegação de que o dado é segredo comercial do consórcio.
O engenheiro contou que o consórcio acrescentou ao teto do túnel uma cambota, espécie de treliça com barras de aço de 20 milímetros de diâmetro, a cada 80 centímetros. A cambota ajuda a sustentar o concreto durante a escavação.
"Foi mais demorado e mais caro do que o projeto original", afirmou Rodrigues. O consultor Maffei afirmou que o uso de cambota é universal: "Se a cambota não tiver agüentado [o peso do solo acima dela], vamos ter de mudar todos os projetos de túneis do mundo".
Marangoni frisou que a informação de que houve mudanças na estação não permite concluir que o Metrô pode ter errado no projeto original: "Não estou afirmando que a culpa é do Metrô".
Rodrigues refutou a informação divulgada pela Folha na terça-feira de que as empresas de projetos de engenharia ganhavam prêmios do consórcio quando conseguissem reduzir o volume de material na obra. "Isso não existe". Engenheiros envolvidos no projeto confirmam que as empresas recebiam prêmios por isso.
Ele não quis comentar a informação segundo a qual uma casa afundou e quatro racharam na rua Amaro Cavalheiro por conta do que os funcionários do Metrô chamam de economia de concreto no túnel. Rodrigues afirmou que a melhor prova de que não houve economia é que a investigação sobre o incidente foi arquivada.
Ele confirmou que o tipo de contrato permite que as empreiteiras fiscalizem o próprio trabalho que executaram.
Ressaltou, porém, que isso não significa menos fiscalização. Segundo ele, o Metrô fiscaliza os trabalhos por meio de seus engenheiros e por meio de uma empresa de fiscalização que contratou. O Banco Mundial e a seguradora também exercem essa função.
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