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12/02/2007 - 12h37

Polícia quer fazer acareação entre suspeitos de matar menino no Rio

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da Folha Online

A Polícia Civil do Rio deve fazer na terça-feira (13) uma acareação entre os cinco suspeitos de envolvimento no roubo que resultou na morte do menino João Hélio Fernandes, 6. O menino ficou preso no cinto de segurança e foi arrastado por cerca de 7 km, depois que o carro em que estava foi roubado em Oswaldo Cruz (zona norte), na noite da última quarta-feira (7).

Os suspeitos detidos são um adolescente de 16 anos; Diego Nascimento da Silva, 18; Carlos Roberto da Silva, 21; Tiago Abreu Mattos, 18; e Carlos Eduardo Toledo Lima, 23. Com a acareação, a polícia quer esclarecer divergências sobre a participação de cada um no crime, apontadas nos depoimentos deles. A principal dúvida refere-se ao número de pessoas que estava no Corsa Sedan, enquanto o menino era arrastado.

Para a polícia, os cinco foram ao local do crime, uma rua Oswaldo Cruz --no subúrbio do Rio--, no táxi dirigido por Tiago. Carlos Eduardo, Diego e o jovem teriam participado efetivamente do assalto.

O delegado Hércules Nascimento, da 30ª DP, responsável pelo caso, disse que será feita a reconstituição do crime a partir de informações de moradores que presenciaram a passagem do veículo. A família do menino e os suspeitos não devem participar.

Apelo

Os pais de João Hélio pediram a atenção dos governantes para conter a violência no Rio de Janeiro e defenderam mudanças na legislação sobre a maioridade penal. As afirmações foram feitas em entrevista exibida pelo "Fantástico", da Rede Globo, na noite deste domingo (11).

"Queria que os governantes tivessem alma e vissem o João Hélio como filho, não como mais um. Ah, morreu, amanhã outros vão morrer. Não pode. Tem de acabar, tem que mudar. Tem de rever a legislação. O Rio de Janeiro não pode ser encarado [da mesma forma que outros Estados]. É um caso específico. Estados mais violentos têm de ter um legislação específica. Se os menores de 18 anos cometem crimes bárbaros, eles têm sim de ser punidos. Eles não podem só ficar três anos, para daqui a três anos matarem um outro João. Eles não têm coração", disse Rosa Cristina Fernandes, a mãe do menino.

Os pais afirmaram temer pela dor da filha, Aline Fernandes, 14. Ela sofre por não ter conseguido ajudar a tirar o irmão do carro. "Não sei como pode ficar a cabeça dela [a filha] com essa cena que nunca vai sair da nossa mente. A gente vê que essa criatura não tem coração. Se ela ficar solta na rua, ela vai fazer de novo", disse Rosa.

A menina escreveu uma carta, lida no "Fantástico", em que dizia estar "péssima". Num trecho ela agradeceu a Kerginaldo Marinho da Silva, que entregou o filho Diego Nascimento da Silva, 18, depois de descobrir que ele participou do crime.

"Tenho 14 anos e estou péssima. Minha família está sem chão; o Rio, emocionado, e o Brasil, revoltado. Se essa não é a hora da mudança, então quando será? Quando acontecer novamente? Quando mais uma vida for tirada por um homem de 16 anos?. Pena de morte não resolve. Eu desejo justiça rigorosa e para os políticos eu peço consciência. É hora de mudar", escreveu Aline, na carta.

Crime

João estava na companhia da mãe, Rosa Cristina Fernandes Vieites e da irmã quando o carro deles foi parado pelo grupo de assaltantes.

Rosa e a filha conseguiram sair, mas, quando a mãe tentava retirar o menino do carro, os ladrões arrancaram com o veículo e a criança ficou pendurada do lado de fora, presa ao cinto de segurança. João foi arrastado durante 15 minutos, por 14 ruas, e o carro acabou abandonado em uma rua de Cascadura. O corpo do menino foi encontrado dilacerado.

Presos

Os quatro suspeitos maiores de idade devem ser indiciados pelos crimes de latrocínio (roubo seguido de morte) e formação de quadrilha. O adolescente deverá cumprir medida socioeducativa por no máximo três anos.

Em depoimento à Polícia Civil, ao menos um dos suspeitos --o Diego-- havia dito que não sabia que o menino havia ficado preso ao cinto de segurança. Uma testemunha do crime, porém, diz que alertou os ocupantes do carro de que havia uma criança pendurada do lado de fora, mas eles responderam que era "um boneco de Judas".

Colaborou a Folha de S.Paulo, no Rio

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