CPI do Apagão da Câmara quer manter depoimento do presidente da Infraero

A CPI do Apagão Aéreo da Câmara está disposta a manter o depoimento do presidente da Infraero, brigadeiro José Carlos Pereira, marcado para amanhã, mesmo com a ameaça dele deixar o cargo nos próximos dias. O relator da CPI, deputado Marco Maia (PT-RS), disse à Folha Online que o brigadeiro "tem muito a esclarecer" sobre a atuação da estatal no aeroporto de Congonhas, em São Paulo.

"Mesmo que ele não esteja na presidência da Infraero, se isso vier a acontecer, o depoimento dele é importante. A nossa intenção de ouvir a Infraero é necessária para que tenhamos informações sobre a pista do aeroporto de Congonhas", afirmou.

A CPI apura as causas do acidente com Airbus-A320 da TAM que se chocou com um prédio em São Paulo, no dia 17 de julho. Maia disse que a comissão ainda não possui elementos para apontar causas do acidente que resultou na morte de cerca de 200 pessoas.

"Temos informações preliminares que dão conta de várias hipóteses que estão na linha de investigação", disse.

O relator considera prematuro apontar que falhas do piloto no posicionamento do manete (dispositivo que acelera as turbinas da aeronave) tenham provocado a tragédia em Congonhas. Maia lembrou que o acidente com o Boeing da Gol, em setembro do ano passado, ocorreu em meio a falhas de pelo menos vinte procedimentos aéreos.

"Precisamos olhar todas as possibilidades. O manete pode vir a ser a falha preponderante, mas temos que investigar. Um acidente desses nunca acontece por uma causa só."

Além do brigadeiro, a CPI ouve amanhã o depoimento do superintendente da empreendimentos de engenharia da Infraero, Armando Schneider Filho. A comissão também tinha marcado o depoimento do presidente da companhia aérea Pantanal, Marcos Sampaio Ferreira, que acabou adiado. Ferreira encaminhou atestado médico à CPI e disse estar com problemas de saúde que impedem o seu depoimento amanhã.

Caixa-preta

Maia disse que espera ter acesso ainda esta semana à transcrição dos diálogos das caixas-pretas do Airbus. O relator defende que a CPI tenha uma reunião sigilosa com o chefe do Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), Jorge Kersul Filho, para obter um relato sobre as causas do acidente.

"Estamos em tratativas com a Aeronáutica para que a sessão secreta possa ocorrer ainda esta semana", afirmou.

A Aeronáutica se comprometeu a repassar as informações sobre as caixas-pretas à CPI seguindo uma determinação legal. O chefe do Cenipa cobrou da comissão sigilo das investigações. Kersul teme vazamentos do conteúdo das caixas-pretas, o que segundo ele poderia colocar em risco os rumos das investigações.

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