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26/03/2003 - 19h28

ES diz ter indício de envolvimento de coronel na morte de juiz

FERNANDA KRAKOVICS
da Agência Folha, em Vitória

A polícia capixaba apresentou nesta quarta-feira o primeiro indício de que o coronel reformado da PM Walter Gomes Ferreira, preso em uma penitenciária de segurança máxima no Acre, seria o mandante do assassinato do juiz da Vara de Execuções Penais de Vitória Alexandre Martins de Castro Filho, 32. O crime ocorreu na última segunda-feira.

Um suposto plano do coronel Ferreira para assassinar juízes, promotores, delegados e outras autoridades do Espírito Santo foi revelado ao Ministério Público em janeiro do ano passado no depoimento do agricultor Manoel Corrêa, testemunha nas investigações do crime organizado capixaba.

Ferreira foi citado ontem pelo secretário estadual da Segurança Pública, Rodney Miranda, como o principal suspeito de ser o mandante do assassinato do juiz. Castro Filho atuava em parceria com a missão especial de combate ao crime organizado do governo federal.

"O coronel estava apenas aguardando ir para a reserva [da PM] para efetuar alguns assassinatos de pessoas importantes no Estado", disse Corrêa aos promotores de Justiça em 24 de janeiro de 2002.

De acordo com o depoimento, as pessoas mencionadas foram o chefe da DHPP (divisão de homicídio), Danilo Bahiense, delegado Germano Pedrosa, que trabalha na corregedoria da Polícia Civil, o ex-prefeito de Serra (ES) Adalto Martinelli, um policial identificado como coronel Marcos, além de juízes, promotores e outras autoridades não especificadas.

"A intenção era fazer uma grande operação em um final de semana, mas isso só depois de 'tirar o pano' [ser reformado da PM]", afirmou Corrêa no depoimento.

A testemunha foi assassinada no final do ano passado duas horas depois de ser transferida da carceragem da Polícia Federal para um presídio do Estado. O crime motivou a transferência do coronel do quartel da PM de Maruípe, em Vila Velha (ES), para o Acre, feita a pedido do juiz assassinado.

Ferreira é um dos mais conhecidos integrantes da Scuderie le Cocq, organização acusada de agir como um esquadrão da morte no Estado. A ele são atribuídos crimes de pistolagem sobretudo no norte do Espírito Santo.

O secretário da Segurança Pública afirmou que o Ministério Público Federal está concluindo investigações sobre o suposto envolvimento do coronel Ferreira no crime. Ele disse ainda que já haveria um suspeito de ter feito a ligação entre Ferreira, no Acre, e os assassinos.

Três suspeitos de envolvimento no crime teriam confessado participação nesta terça-feira, segundo a polícia. A versão contada por eles é de latrocínio (assalto seguido de morte). Essa hipótese, porém, foi "completamente" descartada pelo secretário da Segurança Pública.

Um quarto participante, Odessi Martins da Silva Júnior, 19, o Lombrigão, apontado pelos demais, continua foragido. Segundo Bahiense, o advogado de Júnior teria dito que ele estava com medo de ser morto e se entregaria nesta quarta-feira.

Júnior estava preso na Casa de Custódia de Viana por assalto e foi solto em 12 de março, 12 dias antes do assassinato do juiz. Ele havia sido detido em 6 de janeiro. Segundo o diretor da Casa de Custódia, tenente João Brandão, Júnior era réu primário.

A polícia capixaba informou hoje que a pistola encontrada em um terreno de Vila Velha é de propriedade do juiz assassinado. Segundo exame de balística, o magistrado efetuou pelo menos um disparo contra os seus assassinos.

O advogado do coronel Ferreira, Lisandro Lugon, afirmou que o indício apresentado contra o seu cliente "coloca em dúvida a capacidade da polícia de impedir o crime, porque já faz muito tempo que esse depoimento foi tomado".

Lugon também pôs em xeque a credibilidade do depoimento de Corrêa. "É a palavra de uma testemunha que foi desacreditada. Todo mundo sabe que ele tinha problemas mentais", disse o advogado.


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