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12/01/2005
-
09h55
da Folha de S.Paulo
O crescente déficit comercial dos Estados Unidos com a China custou a perda de 1,5 milhão de empregos para a economia americana entre 1989 e 2003. O ritmo de retração de vagas no mercado de trabalho americano aumentou após a entrada da China na OMC (Organização Mundial do Comércio), em 2001, paralelamente ao aumento das exportações chinesas para o os EUA.
As conclusões estão em estudo divulgado ontem pelo EPI (sigla em inglês para Instituto de Política Econômica). O instituto define-se como uma entidade voltada para a defesa dos americanos das classes baixa e média.
"A persistência de um grande e crescente déficit comercial tem tido um efeito de deprimir o nível geral de emprego e também a sua distribuição nos setores mais importantes da economia", diz trecho do relatório.
Entre 1989 e 2003, as exportações americanas para a China passaram de US$ 5,8 bilhões para US$ 26,1 bilhões. No mesmo período, as importações passaram de US$ 11,9 bilhões para US$ 151,7 bilhões.
Para o instituto, o efeito disso é simples. Quando, em busca de custos mais baixos, as empresas americanas deixam de produzir em território americano para produzir na China, levam consigo os postos de trabalho. O resultado apontado pelo EPI é uma soma de postos de trabalho que foram deslocados para a China e também vagas que deixaram de ser criadas no país.
No começo do período analisado, os segmentos mais afetados pelo recuo de mão-de-obra foram aqueles com utilização mais intensiva do trabalho, menor qualificação e baixa tecnologia. Por exemplo, o setor calçadista.
Mas, no momento, é a parcela de trabalhadores com alta qualificação e que atua em áreas que "pareciam imunes tais como eletrônicos, informática e equipamentos de comunicação" que sofrem os efeitos do desaparecimento de vagas, diz o relatório. "Apenas no setor de manufaturas, o crescimento das exportações americanas (para a China) deram suporte a 48.742 novos empregos. Enquanto o crescimento das importações deslocou a produção de 496.989. Uma perda líquida de 448.247 empregos", afirma o EPI.
Segundo Mark Weisbrot, co-diretor do Centro de Pesquisas Econômicas e Políticas, em Washington, os EUA já perderam 3 milhões de empregos no setor de manufatura desde 2000. Nesse cálculo, entram a China e outros países. "Não há dúvidas que o aprofundamento do déficit comercial americano provoca uma retração dos empregos nos EUA", disse à Folha. Ele argumenta, no entanto, que não é a China a vilã do desemprego nos EUA. "O déficit não seria tão grande hoje se a mentalidade dos governantes tivesse sido diferente. Por muito tempo, eles mantiveram um dólar valorizado para manter a inflação baixa. Nem pensaram no déficit comercial. Hoje vemos o resultado dessa política", afirmou o co-diretor do centro.
Com uma visão totalmente diferente, James Glassman, economista-sênior do JP Morgan em Nova York, argumenta que o déficit e a queda dos níveis de emprego nos EUA não estão correlacionados. "O comércio exterior é uma fonte de geração de empregos para todas as partes envolvidas", argumenta.
Antonio Manfredini, professor da FGV-SP, afirma ainda que, ao comprar produtos mais baratos "made in China", os americanos conseguem ter um excedente de renda que impulsiona e gera empregos em outros setores.
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O crescente déficit comercial dos Estados Unidos com a China custou a perda de 1,5 milhão de empregos para a economia americana entre 1989 e 2003. O ritmo de retração de vagas no mercado de trabalho americano aumentou após a entrada da China na OMC (Organização Mundial do Comércio), em 2001, paralelamente ao aumento das exportações chinesas para o os EUA.
As conclusões estão em estudo divulgado ontem pelo EPI (sigla em inglês para Instituto de Política Econômica). O instituto define-se como uma entidade voltada para a defesa dos americanos das classes baixa e média.
"A persistência de um grande e crescente déficit comercial tem tido um efeito de deprimir o nível geral de emprego e também a sua distribuição nos setores mais importantes da economia", diz trecho do relatório.
Entre 1989 e 2003, as exportações americanas para a China passaram de US$ 5,8 bilhões para US$ 26,1 bilhões. No mesmo período, as importações passaram de US$ 11,9 bilhões para US$ 151,7 bilhões.
Para o instituto, o efeito disso é simples. Quando, em busca de custos mais baixos, as empresas americanas deixam de produzir em território americano para produzir na China, levam consigo os postos de trabalho. O resultado apontado pelo EPI é uma soma de postos de trabalho que foram deslocados para a China e também vagas que deixaram de ser criadas no país.
No começo do período analisado, os segmentos mais afetados pelo recuo de mão-de-obra foram aqueles com utilização mais intensiva do trabalho, menor qualificação e baixa tecnologia. Por exemplo, o setor calçadista.
Mas, no momento, é a parcela de trabalhadores com alta qualificação e que atua em áreas que "pareciam imunes tais como eletrônicos, informática e equipamentos de comunicação" que sofrem os efeitos do desaparecimento de vagas, diz o relatório. "Apenas no setor de manufaturas, o crescimento das exportações americanas (para a China) deram suporte a 48.742 novos empregos. Enquanto o crescimento das importações deslocou a produção de 496.989. Uma perda líquida de 448.247 empregos", afirma o EPI.
Segundo Mark Weisbrot, co-diretor do Centro de Pesquisas Econômicas e Políticas, em Washington, os EUA já perderam 3 milhões de empregos no setor de manufatura desde 2000. Nesse cálculo, entram a China e outros países. "Não há dúvidas que o aprofundamento do déficit comercial americano provoca uma retração dos empregos nos EUA", disse à Folha. Ele argumenta, no entanto, que não é a China a vilã do desemprego nos EUA. "O déficit não seria tão grande hoje se a mentalidade dos governantes tivesse sido diferente. Por muito tempo, eles mantiveram um dólar valorizado para manter a inflação baixa. Nem pensaram no déficit comercial. Hoje vemos o resultado dessa política", afirmou o co-diretor do centro.
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