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27/01/2005 - 18h11

Leia a íntegra da ata do Copom de janeiro

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da Folha Online

Confira abaixo a íntegra da ata da reunião do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) realizada nos dias 18 e 19 de janeiro, que elevou a taxa básica de juros de 17,75% para 18,25% ao ano. A ata preocupou o mercado por sinalizar novos aumentos de juros nos próximos meses:

ATA DO COPOM
Data: 18 e 19/1/2004

Local: Sala de reuniões do 8º andar (18/1) e do 20º andar (19/1) do Edifício-Sede do Banco Central - Brasília - DF

Horário de início: 16h30 (18/1) e 16h20 (19/1)
Horário de término: 19h09 (18/1) e 18h30 (19/1)

Presentes:

Membros do Copom
Henrique de Campos Meirelles - Presidente
Afonso Sant'Anna Bevilaqua
Alexandre Schwartsman
Antonio Gustavo Matos do Vale
Eduardo Henrique de Mello Motta Loyo
João Antônio Fleury Teixeira
Paulo Sérgio Cavalheiro
Rodrigo Telles da Rocha Azevedo
Sérgio Darcy da Silva Alves

Chefes de Departamento (todos presentes no dia 18)
Ivan Luis Goncalves de Oliveira Lima - Departamento de Operações do Mercado Aberto
José Antônio Marciano - Departamento de Operações Bancárias e de Sistema de Pagamentos
Jose Pedro Ramos Fachada Martins da Silva - Gerência-Executiva de Relacionamento com Investidores
Luiz Sampaio Malan - Departamento Econômico
Marcelo Kfoury Muinhos - Departamento de Estudos e Pesquisas (também presente no dia 19)
Renato Jansson Rosek - Departamento de Operações das Reservas Internacionais

Demais participantes (presentes no dia 18)
Eugênio Pacceli Ribeiro - Consultor da Diretoria
Flavio Pinheiro de Melo - Consultor da Diretoria
Jocimar Nastari - Assessor de Imprensa
Hélio Mori - Consultor da Diretoria

Os membros do Copom analisaram a evolução recente e as perspectivas para a economia brasileira e para a economia internacional, no contexto do regime de política monetária, cujo objetivo é atingir as metas fixadas pelo governo para a inflação.

Evolução recente da inflação

1. Os índices de preços ao consumidor mostraram nova aceleração em dezembro, refletindo a maior elevação dos preços livres e a manutenção, em patamar elevado, da variação dos preços monitorados. No atacado, observou-se trajetória distinta, principalmente pela desaceleração na alta dos preços industriais, cujo efeito sobrepôs-se ao da elevação dos preços agrícolas.

2. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) variou 0,86% em dezembro, ante 0,69% no mês anterior, acumulando alta de 7,6% em 2004. A variação mensal do IPCA decorreu de pressões tanto no segmento de preços livres como monitorados, destacando-se, por ordem de contribuição, as altas dos preços de gasolina, carnes, tarifas de ônibus urbano, vestuário, frango, empregado doméstico, álcool e tarifa de água e esgoto, que juntos responderam por 0,61 p.p. do resultado do mês.

3. O Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI) registrou taxa de 0,52% em dezembro, ante 0,82% no mês anterior, totalizando elevação de 12,14% em 2004. Considerados os componentes do IGP-DI, o Índice de Preços ao Consumidor (IPC-Br) aumentou 0,63% em dezembro, após alta de 0,37% em novembro. A elevação do Índice Nacional do Custo da Construção (INCC) atingiu 0,51%, desacelerando em relação ao resultado de novembro, de 0,71%, em conseqüência do arrefecimento dos preços dos materiais de construção. A variação do Índice de Preços no Atacado - Disponibilidade Interna (IPA-DI) recuou de 1% em novembro para 0,48% em dezembro, acumulando 14,67% no ano.

4. O conjunto dos preços livres medidos pelo IPCA aumentou 0,62% em dezembro, contra 0,39% no mês anterior, respondendo por 0,44 p.p. da variação mensal do índice. Os preços monitorados tiveram elevação de 1,43%, com participação de 0,42 p.p. no resultado geral, sendo que 0,24 p.p. adveio do reajuste dos combustíveis automotivos.

5. A desaceleração dos preços no atacado, em dezembro, conforme apontado pelo IPA, decorreu do arrefecimento dos preços industriais. Os preços agrícolas apresentaram alta acentuada, assinalando variação de 0,75% em dezembro, ante 0,14% em novembro, principalmente pela reversão nos preços de legumes e frutas, com aumento de 4,63% em dezembro ante queda de 3,89% em novembro. Os preços de animais e derivados continuaram exercendo forte pressão, ainda em conseqüência do período de entressafra, enquanto os preços de cereais e grãos mantiveram-se em queda, acompanhando tendência dos preços internacionais e da taxa de câmbio. A elevação dos preços industriais no atacado mostrou-se menor novamente em dezembro, registrando taxa de 0,38%, ante 1,3% em novembro, principalmente pelo movimento de desaceleração dos preços dos segmentos química, metalúrgica, mecânica e material elétrico. Considerando-se o IPA segundo os estágios de processamento, observou-se desaceleração na elevação dos preços de bens finais e de bens intermediários entre novembro e dezembro, enquanto os preços das matérias-primas brutas acusaram variação praticamente idêntica nesses dois meses.

6. Os núcleos de inflação para o IPCA mantiveram, em dezembro, o patamar elevado observado nos últimos meses. Calculado pela exclusão de alimentos no domicílio e preços monitorados, o núcleo alcançou 0,67% em dezembro, ante 0,57% em novembro, acumulando 7,95% no ano. O núcleo obtido pelo método das médias aparadas com suavização situou-se em 0,67%, contra 0,62% no mês anterior, e totalizou 7,52% em 2004. A mesma medida para o núcleo, calculado sem o procedimento de suavização de itens preestabelecidos, passou de 0,57% em novembro para 0,66% em dezembro, acumulando 6,38% em 2004.

7. O núcleo de inflação para o IPC-Br, calculado pela Fundação Getulio Vargas (FGV) pelo método das médias aparadas simétricas, atingiu 0,48% em dezembro, ante 0,41% em novembro, totalizando alta de 5,87% no ano.

8. O índice de difusão do IPCA tem evidenciado aumento do número de itens que registraram variações positivas no mês. Em dezembro, o índice atingiu 68%, ante 67,6% em novembro e 66,4% em outubro. Ressalte-se que a persistência dos núcleos em nível elevado e o comportamento do índice de difusão revelam o processo de disseminação do movimento de alta de preços entre os diversos segmentos da economia.

9. A variação do IPCA em janeiro deverá recuar em relação à de dezembro, mas deve se manter ainda em patamar relativamente alto considerando a meta para a inflação em 2005. Entre os preços monitorados espera-se, sobretudo, o impacto da elevação da tarifa de energia elétrica em parte do Rio de Janeiro. Entre os preços livres, deverá ser menor o efeito favorável do grupo alimentação, sobretudo no que se refere à evolução dos preços dos produtos in natura, além da continuidade das pressões de preços de carnes e dos artigos de vestuário.

Avaliação prospectiva das tendências da inflação

10. Os choques identificados e os impactos foram reavaliados de acordo com as novas informações disponíveis. O cenário considerado nas simulações contempla as seguintes hipóteses:

a) as projeções para o reajuste total, ao longo de 2005, tanto nos preços da gasolina como de gás de botijão foram mantidos em valor igual ao da reunião anterior, 0%;

b) igualmente, não houve alteração nas projeções para as tarifas de energia elétrica residencial e de telefonia fixa, permanecendo os valores de 9,5% e 7,7%, respectivamente, para o acumulado em 2005;

c) para o conjunto dos itens administrados por contrato e monitorados, com peso de 29,4% no IPCA de dezembro, projeta-se aumento de 6,7% ao longo de 2005, o mesmo projetado na reunião anterior;

d) a projeção dos reajustes de todos os itens administrados por contrato e monitorados para 2006, baseada no modelo de determinação endógena de preços administrados, é de 5,1%. Esse modelo considera componentes sazonais, variações cambiais, inflação de preços livres e inflação medida pelo Índice Geral de Preços (IGP);

e) a projeção para o spread de seis meses sobre a taxa Selic, seguindo especificação de um modelo VAR que utiliza Selic e swap em níveis a partir dos valores vigentes nos dias que antecederam a reunião do Copom, parte de uma média de 77 p.b. no primeiro trimestre de 2005 e alcança 51 p.b. no último trimestre de 2006.

11. Em relação à política fiscal, supõe-se o cumprimento da meta de superávit primário de 4,25% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2005 e 2006. São mantidas as demais hipóteses consideradas na reunião anterior.

12. A partir das hipóteses do cenário de referência, que incluem a manutenção da taxa de juros em 17,75% ao ano e da taxa de câmbio em patamar próximo ao que prevalecia na véspera da reunião do Copom (R$2,70), concluiu-se que as projeções de inflação estão acima do objetivo de 5,1% para 2005. No cenário de mercado, que incorpora as trajetórias para a taxa de câmbio e para a taxa Selic esperadas pelos agentes do mercado na véspera da reunião do Copom, de acordo com os dados da pesquisa realizada pela Gerência-Executiva de Relacionamento com Investidores (Gerin) do Banco Central do Brasil, as projeções também se encontram acima do objetivo de 5,1% para 2005.

Implementação da política monetária

13. O IPCA registrou aumento de 0,86% em dezembro, valor bem acima das expectativas dos analistas, o que representa uma aceleração da inflação mensal pelo terceiro mês consecutivo. Essa aceleração da inflação do IPCA foi observada nos seus três componentes: comercializáveis, não-comercializáveis e monitorados. A elevação dos preços monitorados, notadamente os dos combustíveis, continuou sendo fator de pressão inflacionária. O item alimentação apresentou reversão na tendência observada nos meses recentes, passando a registrar taxas positivas e, assim, deixando de contribuir para manter a inflação mais baixa. A inflação do IPCA em dezembro, porém, apresentou aceleração mesmo que se exclua o item alimentação.

14. Em 2004, o IPCA acumulou inflação de 7,60%, valor abaixo do limite superior de 8,00% do intervalo de tolerância estabelecido pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), e também abaixo da inflação de 9,30% verificada em 2003. Os preços livres registraram inflação de 6,55% em 2004, contra 7,79% em 2003, ao mesmo tempo em que a variação dos preços monitorados reduziu-se para 10,19% em 2004, de 13,20% no ano anterior. Assim, os preços livres contribuíram com 4,66 pontos percentuais para a inflação de 2004, enquanto a contribuição dos preços monitorados foi de 2,94 p.p., o que corresponde a participações de 61,3% e 38,7%, respectivamente, na taxa do ano. Em 2003, a participação dos livres foi de 59,6%, respondendo os monitorados pelos 40,4% restantes. De modo equivalente, da redução de 1,70 p.p. observada no IPCA de 2004, 0,9 ponto se deve à queda da inflação de preços livres e 0,8 ponto à menor inflação de monitorados. Portanto, a contribuição dos preços livres para a inflação se elevou em 2004.

15. A inflação do IGP-DI apresentou desaceleração em dezembro, passando para 0,52%, contra 0,82% em novembro. O IPA foi o principal componente a contribuir para essa menor variação do índice, reduzindo-se para 0,48% em dezembro, contra 1,00% no mês anterior. A desaceleração observada nos preços dos produtos industriais, que aumentaram 0,38% em dezembro ante 1,30% em novembro, compensou em parte o aumento da inflação nos produtos agrícolas. No acumulado do ano, os produtos industriais registraram aumento de 19,50%. Segundo o critério de estágios de processamento, os bens intermediários acumularam inflação de 25,84% no ano. Apesar da desaceleração recente do IPA dos produtos industriais, a inflação no atacado acumulada ao longo do ano continua representando pressão potencial sobre os preços no varejo nos próximos meses. A intensidade desses repasses dependerá das condições prospectivas de demanda e das expectativas dos formadores de preços em relação à trajetória futura da inflação, conforme já destacado em Notas de reuniões anteriores do Copom.

16. Os núcleos de inflação do IPCA também se aceleraram em dezembro, segundo os três critérios de cálculo - por exclusão de monitorados e alimentos no domicílio, por médias aparadas com suavização e sem suavização. Da mesma forma que no caso do índice pleno, essa aceleração ocorre pelo terceiro mês consecutivo nos três critérios de cálculo, embora o núcleo do IPCA mensal tenha sido ligeiramente inferior ao do IPCA-15. No acumulado do ano, o núcleo por exclusão de monitorados e alimentos no domicílio ficou acima do IPCA pleno, pela primeira vez desde 1996. Os núcleos, portanto, que já indicavam uma tendência subjacente da inflação incompatível com a trajetória de metas, apresentaram, nos últimos meses, uma trajetória de aceleração.

17. A produção industrial registrou recuo de 0,4% em novembro na série dessazonalizada. Essa trajetória segue o comportamento antecipado em Notas de reuniões anteriores. No entanto, tendo em vista a revisão que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) realizou para a variação mensal da produção de setembro para outubro, passando a registrar estabilidade em lugar da queda de 0,4% na série original, houve um aumento no nível da série em relação ao que se estimava anteriormente. O recuo na produção do mês deveu-se basicamente à queda nos bens intermediários, o grupo de maior peso na estrutura industrial, enquanto os grupos diretamente ligados à demanda final registraram crescimento. No acumulado do ano até novembro, a produção industrial registrou crescimento de 8,3%. Os bens de consumo duráveis e os bens de capital continuam sendo os destaques, com taxas superiores a 20%. Os bens de consumo semi e não duráveis mantêm a trajetória de recuperação. No critério da média móvel trimestral da série dessazonalizada, a produção apresentou em novembro a primeira queda desde fevereiro de 2004. Os bens de consumo semi e não duráveis registraram nesse critério o maior nível de produção desde agosto de 2003, quando a recuperação se iniciou nesses setores. Esse comportamento ratifica a mudança na composição da atividade na economia, com o crescimento econômico passando a ser sustentado crescentemente pelos setores mais sensíveis à renda e ao emprego.

18. Os indicadores antecedentes e coincidentes da atividade industrial sinalizam aumento da produção em dezembro. Essa projeção positiva, juntamente com a revisão para cima do valor observado em setembro, é consistente com um cenário em que terá prosseguimento a expansão da produção industrial iniciada no segundo semestre de 2003, embora não necessariamente no mesmo ritmo observado em suas etapas iniciais, após a relativa acomodação registrada em meses recentes. Conforme destacado em Notas de reuniões passadas do Copom, é natural que, em seguida ao impulso inicial mais vigoroso que marca a retomada da atividade, o processo de crescimento tenda a convergir para taxas condizentes com o ritmo de expansão da capacidade produtiva. Além disso, também é razoável esperar que, após uma seqüência mensal de taxas de crescimento particularmente elevadas, ocorra uma acomodação temporária do nível de produção.

19. O mercado de trabalho continua apresentando melhora significativa nos diferentes indicadores. Segundo a Pesquisa Mensal de Emprego (PME), a taxa de desocupação manteve-se praticamente estável em novembro, em 10,6%. Essa estabilidade é resultado de maior aumento na População Economicamente Ativa (PEA) em relação ao número de ocupados. A taxa de desocupação de novembro continua próxima ao melhor resultado observado nessa série desde que passou a ser compilada pelo IBGE segundo a nova metodologia, e é inferior à taxa de 12,2% verificada em novembro de 2003. Segundo dados do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), o emprego formal cresceu 5,1% em 2004, com a incorporação de 1.523.276 trabalhadores. Houve, em dezembro, queda nas contratações líquidas acumuladas no ano, mas essa queda, expressa como percentual das contratações de janeiro a novembro, foi a menor registrada nos últimos anos. Segundo o IBGE, o número de ocupados e a massa salarial cresceram 3% e 2%, respectivamente, enquanto o rendimento médio real caiu 1% no período janeiro-novembro em relação ao ano anterior. O número de ocupados e a massa salarial vêm mantendo crescimento ininterrupto ao longo do ano até novembro, enquanto o rendimento médio real apresenta certa estabilidade desde meados do ano. Os dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI) indicam contínuo aumento do emprego e da massa salarial real na indústria em novembro.

20. As vendas no varejo continuam mostrando dinamismo. Segundo dados da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC) do IBGE, dessazonalizados pelo Banco Central, houve crescimento de 0,4% entre outubro e novembro. As vendas e as receitas nominais cresceram 8,33% e 12,08%, respectivamente, no período de doze meses. Segundo esse critério, os dois grupos de maior destaque nas vendas continuam sendo móveis e eletrodomésticos com expansão de 26,19% e veículos e motos com 17,45%. Embora cresçam a taxas menores, as vendas nos super e hipermercados continuam acelerando seu ritmo de crescimento na margem. No acompanhamento da média móvel trimestral, a trajetória das vendas no agregado é ainda crescente, mas a taxas menores, tendendo para a estabilidade. Ainda segundo esse critério, as vendas de hiper e supermercados vêm mantendo a tendência de crescimento verificada desde maio de 2003, enquanto as vendas de móveis e eletrodomésticos e as de automóveis e motocicletas, após seguirem tendência de crescimento desde maio de 2003, vêm apresentando recentemente certa acomodação. Já as vendas de tecidos, vestuário e calçados mostram recuperação após queda verificada nos meses recentes. O Índice de Confiança do Consumidor (ICC) medido pela Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomercio SP) continua em níveis elevados em janeiro. Os resultados positivos em termos de emprego e massa salarial sugerem que o dinamismo nas vendas será mantido.

21. Conforme destacado repetidamente nas Notas das últimas reuniões do Copom, em função da forte expansão na atividade verificada desde o fim de 2003, um foco importante de preocupação em relação à dinâmica prospectiva da inflação continua sendo o desempenho da oferta agregada nos próximos trimestres. O índice de capacidade instalada da CNI registrou em novembro o terceiro mês consecutivo de ligeiro declínio na série dessazonalizada pelo Banco Central. A absorção doméstica de bens de capital apresentou crescimento de 7,3% entre janeiro e novembro em relação ao mesmo período do ano anterior, apesar da redução provocada nesse indicador pelo registro como produto exportado, em outubro, de acordo com as normas vigentes, de uma plataforma petrolífera produzida e operada domesticamente. A produção de bens de capital mantém elevada taxa de crescimento no ano. Segundo as contas nacionais, no acumulado do ano até o terceiro trimestre, os investimentos mantiveram-se estáveis em relação ao PIB quando comparados ao acumulado nos dois primeiros trimestres de 2004. Dados os desenvolvimentos mais recentes em termos de nível de atividade, utilização de capacidade e investimentos, não há mudança significativa em relação ao cenário traçado nas reuniões passadas do Copom, de fechamento do hiato do produto a despeito da recuperação do nível de investimentos em relação ao nível deprimido dos anos anteriores. Dessa forma, continua sendo necessário que a política monetária permaneça especialmente vigilante em relação ao ritmo de expansão adicional da demanda.

22. O superávit no comércio exterior acumulado em 2004 cresceu em torno de 36,0%, em um ambiente de rápido aumento no nível de atividade doméstica. As exportações mantiveram o dinamismo, com crescimento de 32,0%, enquanto as importações expandiram-se 29,9%, em resposta ao aumento da demanda doméstica. Entre as exportações, as vendas de manufaturados continuam apresentando a maior taxa de crescimento, de 22,6%, em termos de volume no acumulado de janeiro a novembro. Segundo esse critério, os destaques nas importações foram matérias-primas e bens de consumo duráveis, com crescimento de 21,3% e 27,2%, respectivamente. Os resultados favoráveis nas contas comerciais proporcionaram superávit em contas correntes de US$ 11,7 bilhões em 2004, equivalente a 1,9% do PIB.

23. O ambiente nos mercados internacionais de capitais, apesar de ser ainda bastante favorável, deteriorou-se ligeiramente em relação ao prevalecente por ocasião da reunião do Copom de dezembro. Observou-se no início do ano reversão da tendência de queda nos meses recentes tanto do risco-país como dos preços internacionais do petróleo. O prêmio de risco-Brasil, que havia apresentado tendência de redução no final do ano passado, retornou parte desse ganho na primeira quinzena de janeiro, após a divulgação da ata da última reunião do Federal Open Market Commitee (FOMC). A disponibilidade de liquidez internacional e a estabilidade dos mercados continuam associadas às condições macroeconômicas nos países industrializados, especialmente nos Estados Unidos, e à possível resposta da política monetária do Federal Reserve (Fed) a esses desenvolvimentos. Assim, novas informações sugerindo um cenário econômico que demande uma mudança na atual política de subida gradual das taxas de juros pelo Fed resultarão em maior volatilidade nos preços de ativos financeiros nos mercados internacionais de capitais. Essa instabilidade pode ser agravada caso as taxas de câmbio entre as principais economias sofram fortes flutuações diante de desequilíbrios nas contas externas dessas economias.

24. Os preços do petróleo no mercado internacional apresentaram recentemente reversão da tendência de queda observada entre outubro e meados de dezembro. Os preços vêm registrando alta volatilidade em função das notícias acerca de possíveis restrições na oferta por parte dos países produtores, do estoque disponível de petróleo nos principais países consumidores e da sua adequação ao grau esperado de rigor do inverno no hemisfério norte. Dados recentes nesse sentido contribuíram para a subida do petróleo no mercado internacional, anulando parte das reduções verificadas no último trimestre do ano passado. Essa evolução recente, além de reiterar a incerteza que vem cercando o comportamento das cotações no mercado internacional, fez com que os preços internacionais da gasolina voltassem a ficar acima dos preços praticados no mercado doméstico e, portanto, mais distantes de uma trajetória capaz de abrir espaço para redução de preços domésticos ao longo de 2005. No entanto, o Copom mantém em suas projeções a hipótese de que não haverá aumento em 2005 nos preços domésticos dos combustíveis.

25. Desde a reunião de novembro do Copom, a mediana das expectativas coletadas pela Gerin para a variação do IPCA em 2005 apresentou alguma melhora, de 5,78% para 5,70% em 14 de janeiro. As expectativas, porém, deterioraram-se marginalmente em relação à taxa mais baixa de 5,67% alcançada na semana de 7 de janeiro. A redução das expectativas para a inflação de 2005 permanece relativamente modesta, conforme destacado na reunião do Copom de dezembro, tendo em vista os desenvolvimentos favoráveis que poderiam contribuir para arrefecer as pressões inflacionárias em 2005, tais como os sinais de desaceleração no crescimento da economia, a apreciação da taxa de câmbio, a queda nos preços internacionais de importantes commodities e a sinalização inequívoca de uma postura mais restritiva de política monetária ao longo dos últimos meses.

26. As projeções de ambos os cenários para 2005 apresentaram ligeira queda em relação às divulgadas no "Relatório de Inflação" de dezembro. No cenário de referência, que pressupõe a manutenção da taxa Selic em 17,75% a.a. e da taxa de câmbio em R$2,70 ao longo do horizonte de projeção, a apreciação cambial, a elevação da curva de juros e a pequena redução nas expectativas de inflação mais do que compensaram os efeitos inerciais da surpresa da inflação de dezembro. Mesmo assim, no cenário de referência, a projeção de inflação para 2005 ainda se encontra acima do objetivo de 5,1%. As projeções baseadas no cenário de mercado, que incorporam as trajetórias de câmbio e da taxa Selic esperadas pelo mercado na véspera da reunião do Copom, situam-se acima das projeções do cenário de referência, devido à depreciação cambial e à queda na taxa de juros esperadas durante o horizonte de projeção. Para 2006, também houve melhora na margem nas projeções, estando a do cenário de referência abaixo e a do cenário de mercado acima da meta estabelecida pelo CMN para o próximo ano.

27. Desde o início do processo de ajuste da política monetária, em setembro, houve redução na distância entre as projeções do Copom e a trajetória de metas para a inflação. Alguns fatores, entretanto, representam riscos ao processo de convergência da inflação para a trajetória de metas ao longo dos próximos meses, em resposta ao movimento de elevação da taxa de juros básica. Em primeiro lugar, há possibilidade de que os fatores de autopropagação, que estão adquirindo importância crescente na sustentação do processo de crescimento, impulsionem a demanda agregada mais do que o previsto nos exercícios de projeção. A intensidade desses fatores na economia brasileira está cercada de incertezas semelhantes às que dizem respeito à transmissão mais imediata dos movimentos da política monetária, em especial pelo fato de no período recente não ter havido no país experiência de crescimento sustentado. Em segundo lugar, a resistência da inflação à queda, dadas as condições vigentes de demanda agregada, também pode se revelar mais intensa do que estimado a partir dos dados disponíveis para a economia brasileira. A tendência recente de aceleração dos núcleos de inflação e, nesse contexto de pressão inflacionária, as revisões para cima no nível projetado da série de produção industrial podem representar sinais incipientes de agravamento desses riscos, ou, alternativamente, podem estar refletindo apenas as defasagens habituais de transmissão entre a postura de política monetária de trimestres passados, o nível de atividade e a inflação.

28. Diante da possibilidade de que a dinâmica recente dos preços ao consumidor representasse de fato um agravamento dos riscos à convergência da inflação para a trajetória das metas, o Copom examinou a conveniência de acelerar o ritmo do ajuste da taxa de juros básica. Houve consenso entre os membros do Comitê, entretanto, de que os dados disponíveis neste momento não justificariam tal aceleração. Os membros do Copom reafirmam a sua convicção de que etapas adicionais do processo em curso de ajuste na taxa de juros básica, seguidas de um período suficientemente longo de manutenção dos juros, deverão ser suficientes para trazer a trajetória futura da inflação para o objetivo estabelecido para a atuação da política monetária. Evidentemente, caso venha a se confirmar a hipótese de maior resistência do processo inflacionário à mudança de postura de política monetária implementada desde setembro, ou na eventualidade de se verificar uma exacerbação de outros fatores de risco inflacionário acompanhados atentamente pelo Comitê, a autoridade monetária estará pronta para adequar às circunstâncias o ritmo e a magnitude do processo de ajuste da taxa de juros básica.

29. Diante disso, o Copom decidiu, por unanimidade, aumentar a meta para a taxa Selic para 18,25% a.a., sem viés.

30. Ao final da reunião, foi registrado que o Comitê voltaria a se reunir em 15 de fevereiro de 2005 para as apresentações técnicas e, no dia seguinte, para deliberar sobre a política monetária, conforme estabelecido pelo Comunicado 12.631, de 29.10.2004.

SUMÁRIO DOS DADOS ANALISADOS PELO COPOM

Atividade econômica

31. A atividade do comércio varejista registrou expansão moderada no índice do volume de vendas em novembro, em relação ao do mês anterior, segundo dados da PMC do IBGE, de abrangência nacional, ajustados sazonalmente pelo Banco Central. Todas as atividades que integram o índice geral mostraram aumento no mês, destacando-se o segmento de móveis e eletrodomésticos, que vem mostrando crescimento expressivo ao longo do ano. O segmento de automóveis, motos e partes, que não integra a composição do índice geral, registrou novo recuo em novembro. A taxa de expansão do comércio varejista atingiu 9% no período janeiro-novembro, comparativamente ao movimento de idêntico período de 2003. Em relação ao mesmo mês do ano anterior, o crescimento alcançou 6,4%, tendo atingido 26 dos 27 estados da Federação.

32. Dados da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) revelaram, após ajuste sazonal, aumento de 0,9% no número de consultas para compras a crédito e nas consultas ao sistema Usecheque em dezembro, em comparação ao observado no mês anterior. No ano, esses mesmos indicadores apontaram acréscimos de 6% e de 2,2%, respectivamente.

33. A pesquisa mensal da Fecomercio SP registrou, em janeiro, elevação de 3,3% no ICC, que atingiu nível recorde ao registrar 145,7 pontos em escala que vai de 0 a 200, resultado dos acréscimos de 3,2% no Índice das Condições Econômicas Atuais (ICEA) e de 3,3% no Índice de Expectativas do Consumidor (IEC).

34. Os indicadores de investimento referentes a novembro mostraram recuperação, na comparação com os do mês anterior. A produção doméstica e as importações de bens de capital aumentaram 0,2% e 9,9%, respectivamente, após ajuste sazonal, mas a diminuição de 24,8% na exportação desses bens foi a principal razão para o aumento de 20,2% na absorção doméstica de bens de capital no mês. Ressalte-se que, em outubro, as exportações de bens de capital foram influenciadas pela venda de um navio-plataforma destinado à prospecção de petróleo, o qual permaneceu em território nacional, em operação de arrendamento. No acumulado do ano até novembro, a despeito do aumento de 52,5% nas exportações de bens de capital, a absorção doméstica acumulou expansão de 7,3%, devido aos crescimentos de 20,4% na produção interna e de 4% nas importações. A produção de insumos da construção civil caiu 2,7% em novembro, em relação à do mês anterior, após ajuste sazonal, mas manteve incremento de 5,7% no acumulado do ano, até novembro.

35. Segundo a Pesquisa Industrial Mensal (PIM) do IBGE, a produção industrial brasileira recuou discretamente em novembro, - 0,4% na série dessazonalizada, em relação à do mês anterior. Considerando-se o patamar produtivo pela média móvel trimestral, em novembro observou-se nível pouco inferior ao do mês anterior que tinha se constituído no pico da série, indicando tendência de acomodação após a expressiva expansão verificada nos últimos meses.

36. A análise da produção industrial por atividades revelou que a queda na produção em novembro refletiu o movimento observado em 16 das 23 atividades com séries ajustadas sazonalmente. No mês, as principais pressões negativas foram exercidas pelas indústrias farmacêutica, metalurgia básica, aparelhos e materiais elétricos e produtos de metal. Dentre aquelas que cresceram, destacaram-se as indústrias de material eletrônico e equipamentos de comunicação e alimentos. Por categorias de uso, observou-se retração apenas na produção de bens intermediários, de maior peso na produção industrial, sendo que a queda de 1,1% foi a terceira consecutiva da categoria. Os segmentos produtores de bens de consumo duráveis e de bens de capital, que acumulam taxas de expansão mais acentuadas ao longo do ano, cresceram em novembro, ambos em 0,2%. A produção de bens de consumo semi e não duráveis expandiu 0,5% no mês.

37. No ano, até novembro, a produção industrial aumentou 8,3% comparativamente à do mesmo período de 2003, com expansão em 26 dos 27 setores pesquisados, e em todas as categorias de uso. Os segmentos produtores de bens de capital e de bens intermediários cresceram 20,4% e 7,4%, respectivamente, acompanhando o aumento das exportações e dos investimentos. A produção de bens de consumo duráveis aumentou 22,3% e a de bens de consumo semi e não duráveis elevou-se 3,8% no mesmo período, refletindo a expansão do crédito e a melhora gradual nas condições do mercado de trabalho.

38. As estatísticas da CNI sobre o desempenho da indústria de transformação revelaram queda de 0,2% nas vendas reais e acréscimo de 0,2% nas horas trabalhadas na produção em novembro, em relação às do mês anterior, nas séries ajustadas sazonalmente pelo Banco Central. No ano, até novembro, observaram-se aumentos de 14,9% nas vendas reais e de 5,7% nas horas trabalhadas, na comparação com os índices referentes ao mesmo período de 2003. O nível de utilização da capacidade instalada alcançou 82,9% em novembro, com recuo mensal de 0,1% na série dessazonalizada, e acréscimo de 3,2% no ano até novembro, relativamente ao verificado no mesmo período de 2003.

39. Indicadores já divulgados, associados à atividade industrial, sinalizaram tendência de expansão em dezembro, comparativamente ao patamar atingido em novembro, após o ajuste sazonal. Dentre esses, destacam-se as variações mensais positivas das produções de aço e de autoveículos, além do número de pedágios de veículos pesados em rodovias, do volume de expedição de papelão ondulado e da carga própria de energia elétrica.

Mercado de trabalho

40. O índice de emprego formal cresceu 0,1% em dezembro, ante o de novembro, após ajuste sazonal, de acordo com informações do MTE. No ano, houve expansão de 5,1% no emprego formal, tendo sido criados 1.523 mil empregos líquidos, a maior parte na indústria de transformação.

41. Segundo a PME, realizada pelo IBGE nas seis principais regiões metropolitanas do país, a taxa de desocupação atingiu 10,6% em novembro, ante 10,5% no mês anterior. Esse aumento, apesar da expansão mensal de 0,4% no número de pessoas ocupadas, decorreu do crescimento da PEA, possivelmente pela melhora gradual nas condições gerais do mercado de trabalho. Estimativa da PEA indicou um contingente de 21,8 milhões de pessoas, equivalente a um acréscimo de 0,6% no mês.

42. No setor industrial, segundo os índices da CNI ajustados sazonalmente pelo Banco Central, o pessoal empregado e a massa salarial real aumentaram respectivamente 0,5% e 1,2% em novembro, em relação aos dados do mês anterior. No ano, até novembro, em relação ao mesmo período do ano anterior, a massa salarial real cresceu 8,9% e o contingente de pessoal empregado, 3,2%.

Crédito e inadimplência

43. O saldo das operações de crédito do sistema financeiro com recursos livres recuou 0,3% em dezembro. Esse resultado decorreu da queda mensal de 7,3% no saldo das operações com recursos referenciados em moeda estrangeira, principalmente pela apreciação cambial no período. As carteiras destinadas a pessoas jurídicas com recursos domésticos registraram crescimento de 1,4% no mês, como reflexo do aumento sazonal da demanda do setor comercial no período. No ano, o crédito destinado a pessoas jurídicas com esses recursos acumulou expansão de 27,1%, repercutindo a atividade econômica mais intensa. Nas operações com pessoas físicas, foi registrada expansão de 1,1% em dezembro. No ano, a expansão do crédito a pessoas físicas atingiu 28,9%, principalmente pelo crescimento das operações de crédito pessoal, sobretudo aquelas consignadas em folhas de pagamento.

44. A taxa média de juros incidente sobre as operações de crédito com recursos livres recuou de 45,7% a.a. em novembro para 45% a.a. em dezembro. Nas operações com pessoas jurídicas, houve acréscimo de 0,1 p.p. na taxa média, para 31% a.a., enquanto a taxa média das operações com pessoas físicas diminuiu 1,9 p.p., situando-se em 61,5% a.a.

45. Ainda em relação às operações de crédito com recursos livres, a taxa de inadimplência atingiu 6,7% em dezembro, com recuo de 0,7 p.p. em relação à do mês anterior. A utilização de recursos do décimo terceiro salário para a quitação de débitos foi a principal responsável pela diminuição do percentual de atraso no segmento de pessoas físicas, de 12,9% em novembro para 11,7% em dezembro. Nas operações com pessoas jurídicas, o percentual de atraso caiu 0,1 p.p., situando-se em 3,1% no final de 2004.

46. A taxa líquida de inadimplência no comércio, calculada pela ACSP, passou de 3,8% em novembro para - 3,4% em dezembro. O número de registros cancelados superou o número de novos registros no mês, fato que ocorreu apenas uma outra vez na série histórica, em dezembro de 1967. O expressivo crescimento no número de registros cancelados no mês decorreu da campanha de recuperação de crédito com mais de dois anos de atraso. No ano, a taxa média de inadimplência atingiu 4,2%, inferior à observada em 2003, de 5,2%.

Ambiente externo

47. O déficit em transações correntes dos EUA e as oscilações do preço do petróleo continuam como principais focos de atenção dos mercados financeiros internacionais. Apesar da depreciação do dólar, o déficit comercial norte-americano vem se agravando a cada mês, atingindo novo recorde de US$60,3 bilhões em novembro. Com a rigidez dos regimes cambiais na Ásia, notadamente na China, o euro continua absorvendo a maior parte da pressão pela depreciação da moeda norte-americana.

48. No que se refere ao petróleo, embora o cenário de curto prazo esteja apresentando forte volatilidade de preços, a recuperação marginal dos estoques da OCDE e dos EUA e o crescimento mais lento da demanda indicam acomodação das cotações neste ano. Já a tendência dos preços das commodities agrícolas e metálicas é de declínio, com exceção do café, do açúcar e do aço.

49. As expectativas quanto à maior aceleração do ritmo de alta das taxas de juros nos EUA foram em parte arrefecidas pela queda do Índice de Preços ao Produtor (IPP) em dezembro. Com isso, o Fed deverá manter o processo de correção gradual da política monetária no decorrer do ano. Dada a expectativa de manutenção das taxas básicas de juros na Área do Euro, o diferencial de rendimentos em favor dos capitais em moeda americana deverá aumentar ao longo do ano, facilitando o financiamento do balanço de pagamentos nesse país.

Comércio exterior e reservas internacionais

50. O superávit da balança comercial brasileira situou-se em US$3,5 bilhões em dezembro, acumulando US$33,7 bilhões no ano, recorde histórico para a série, ante US$24,8 bilhões no ano anterior, sendo composto por exportações de US$96,5 bilhões e importações de US$62,8 bilhões. No mês, as exportações aumentaram 30,3% e as importações, 36%, comparativamente às médias diárias registradas em dezembro de 2003. A corrente de comércio somou US$14,9 bilhões no mês, acumulando US$159,3 bilhões no ano, comparados aos US$121,4 bilhões de 2003, indicando novo patamar de comércio externo. Em janeiro, nas duas primeiras semanas (dez dias úteis), o saldo comercial atingiu US$916 milhões, com taxas de crescimento de 29,5% nas exportações e de 32,6% nas importações, comparativamente às médias observadas em janeiro de 2004.

51. Em dezembro, as exportações totalizaram US$9,2 bilhões, maior valor da série para o mês. As vendas externas de manufaturados somaram US$5,7 bilhões; as de produtos básicos, US$2,1 bilhões; e as de semimanufaturados, US$1,2 bilhão. Além do aumento generalizado nas quantidades exportadas, produtos importantes da pauta continuaram registrando elevação nos preços externos e os embarques continuaram aumentando, tanto para mercados tradicionais como para novos destinos. As importações atingiram seu recorde para dezembro, US$5,7 bilhões. Houve crescimento nas aquisições de todas as categorias de produtos, comparativamente ao observado no mesmo mês de 2003.

52. No final de dezembro, as reservas internacionais, no conceito de liquidez, situaram-se em US$52,9 bilhões, aumento de US$3,6 bilhões em relação ao término de 2003, e as reservas líquidas ajustadas, conforme definição constante do acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), em US$25,3 bilhões, variação observada de US$8 bilhões em relação ao mesmo período de 2003.

Mercado monetário e operações de mercado aberto

53. No período posterior à reunião do Copom de dezembro, os juros futuros elevaram-se, mais acentuadamente nos prazos entre seis meses e um ano. O trecho da curva de juros com inclinação positiva ampliou-se até o vértice de nove meses. Esse comportamento foi influenciado pela percepção dos agentes de mercado, a partir da divulgação da ata da reunião de dezembro, de que seria prolongado o ciclo de política monetária restritiva, pela divulgação de índices de inflação e respectivos núcleos acima das projeções do mercado e pela persistência das expectativas de inflação para 2005 em níveis elevados. Fatores de origem externa também afetaram a curva de juros, especialmente a revisão da perspectiva quanto ao ritmo de elevação das taxas de juros norte-americanas, após a divulgação da ata da última reunião do Fed. Entre 15 de dezembro e 19 de janeiro, as taxas de juros de um mês e de seis meses aumentaram 0,65 p.p. e 0,87 p.p., enquanto as taxas de 1, de 2 e de 3 anos avançaram 0,86 p.p, 0,56 p.p. e 0,26 p.p., respectivamente. A taxa real de juros, medida pelo quociente entre a taxa nominal de um ano e a expectativa de inflação para os próximos doze meses, alcançou 12,0%.

54. Os instrumentos cambiais com vencimento em janeiro não foram rolados. O resgate líquido em janeiro de 2005, incluídos os vencimentos de juros, atingirá US$4,9 bilhões.

55. Nos leilões realizados entre as reuniões do Copom de dezembro e de janeiro, o Tesouro Nacional captou 14,4 bilhões com a venda de LTN de vencimento em outubro de 2005, janeiro de 2006 e julho de 2006. Realizou também quatro leilões de NTN-F com vencimento em janeiro de 2008, arrecadando R$783 milhões, e sete leilões de LFT de vencimento em 2005, 2006 e 2007, sendo quatro de venda e três de troca. Os leilões de venda de LFT movimentaram R$20,7 bilhões, e os de troca, R$18,4 bilhões.

56. Com o propósito de reduzir o excedente de liquidez bancária previsto para o trimestre seguinte, o Banco Central realizou, em 17 de dezembro, venda de LTN com vencimento em abril de 2005, liquidada mediante compra de LTN com vencimento em janeiro de 2005. Similarmente, em 7 e 14 de janeiro, vendeu LTN com vencimento em julho de 2005, liquidando as operações com a compra de LTN de vencimento em abril de 2005. Essas operações totalizaram de R$5,3 bilhões. Também no período entre as reuniões de dezembro e de janeiro, o Banco Central efetuou operações compromissadas semanais prefixadas, com prazo de três meses, e pós-fixadas, com prazo de um mês, bem como operações de nivelamento da liquidez ao fim do dia, com prazo de dois dias úteis. Além disso, interveio em dezesseis ocasiões por meio de operações compromissadas de curtíssimo prazo, sendo nove tomadoras de recursos overnight, três tomadoras de recursos por prazo entre dois e cinco dias e quatro doadoras de recursos overnight. O excesso médio de liquidez bancária esterilizado por operações com prazo de até 30 dias foi de R$19,5 bilhões e, por operações com prazo de três meses, de R$41,6 bilhões.

57. O estoque da dívida pública mobiliária federal interna, em dezembro, aumentou 3,4%, devido à apropriação de juros e à colocação líquida de títulos (R$15,8 bilhões). A parcela da dívida exposta à variação cambial voltou a registrar redução em dezembro, para 9,9%, ante 10,3% em novembro, em razão principalmente da apreciação cambial.

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