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27/01/2005
-
18h47
SÉRGIO RIPARDO
da Folha Online
A Bovespa caiu 2,04% com a ameaça do Banco Central de elevar os juros de forma agressiva para segurar a inflação. É a primeira queda da Bolsa desde a quinta-feira passada. Nos últimos pregões, o mercado tentava se recuperar, mas teve de abortar esse movimento após a divulgação da ata do Copom (Comitê de Política Monetária).
Em um tom conservador, o documento trouxe as justificativas do BC para a alta do juro básico, de 17,75% para 18,25%, anunciada na semana passada. O texto acenou com um novo aumento da taxa e até cogitou elevar a chamada "dose do remédio amargo" dos juros para inibir remarcações de preços no varejo. Ou seja, a taxa poderia subir acima de 0,50 ponto percentual. Desde outubro, esse é o ritmo da alta do juro.
A ação do Bradesco, maior banco privado do país, escapou do pessimismo que rondou o pregão e teve a maior alta do dia (+0,81%). Em tese, os lucros dos bancos tendem a bater recorde em período de juro elevado. Por um lado, eles cobram mais nos empréstimos e valorizam seu patrimônio com o ganho maior oferecido pelos títulos públicos.
"O Copom entende que ainda há riscos demasiadamente elevados para baixarmos guarda desde já em relação à inflação. Ao contrário, há que se redobrar a atenção", cita o economista Octavio de Barros, do Bradesco, em relatório.
Mas índices de inflação recém-divulgados (IGP-M e IPCA-15) apontaram para um recuo dos preços neste mês, o que contribuiu para três altas consecutivas da Bovespa, desde a sexta-feira passada.
"Caso ocorra uma desaceleração mais consistente da inflação até o fim deste trimestre, em março o BC deverá moderar ou mesmo interromper a elevação do juro", prevê relatório da consultoria LCA.
Um aumento mais forte dos juros pode ter um efeito negativo para o mercado de ações, já que o crédito mais caro inibe o consumo, a produção e a geração de empregos, criando um ambiente desfavorável aos lucros das companhias e ao pagamento de dividendos aos seus acionistas.
"O documento do Copom elimina qualquer possibilidade de redução do juro no curto e médio prazos. A expectativa é de nova elevação da taxa em mais 0,50 ponto percentual em fevereiro", diz relatório da consultoria GRC Visão.
O investidor também tende a preferir colocar seu dinheiro em aplicações de renda fixa, atreladas aos juros, em vez de assumir risco com papéis cuja valorização depende do nível de aquecimento da economia.
Com a queda de 2,04%, o Ibovespa (53 ações mais negociadas) encerrou na marca dos 24.029 pontos. O pregão movimentou R$ 1,369 bilhão, abaixo da média diária do mês passado (R$ 1,5 bilhão).
Varig
A ação preferencial (sem direito a voto) da Varig fechou em queda de 2,12%, cotada a R$ 2,30. Hoje, o ministro da Defesa, José Alencar, admitiu que o governo trabalha com a possibilidade de estatizar a Varig.
A empresa aérea tem uma dívida com o governo. Mas Alencar deixou claro que o objetivo do Planalto não é ficar com o controle da Varig. A empresa seria leiloada.
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da Folha Online
A Bovespa caiu 2,04% com a ameaça do Banco Central de elevar os juros de forma agressiva para segurar a inflação. É a primeira queda da Bolsa desde a quinta-feira passada. Nos últimos pregões, o mercado tentava se recuperar, mas teve de abortar esse movimento após a divulgação da ata do Copom (Comitê de Política Monetária).
Em um tom conservador, o documento trouxe as justificativas do BC para a alta do juro básico, de 17,75% para 18,25%, anunciada na semana passada. O texto acenou com um novo aumento da taxa e até cogitou elevar a chamada "dose do remédio amargo" dos juros para inibir remarcações de preços no varejo. Ou seja, a taxa poderia subir acima de 0,50 ponto percentual. Desde outubro, esse é o ritmo da alta do juro.
A ação do Bradesco, maior banco privado do país, escapou do pessimismo que rondou o pregão e teve a maior alta do dia (+0,81%). Em tese, os lucros dos bancos tendem a bater recorde em período de juro elevado. Por um lado, eles cobram mais nos empréstimos e valorizam seu patrimônio com o ganho maior oferecido pelos títulos públicos.
"O Copom entende que ainda há riscos demasiadamente elevados para baixarmos guarda desde já em relação à inflação. Ao contrário, há que se redobrar a atenção", cita o economista Octavio de Barros, do Bradesco, em relatório.
Mas índices de inflação recém-divulgados (IGP-M e IPCA-15) apontaram para um recuo dos preços neste mês, o que contribuiu para três altas consecutivas da Bovespa, desde a sexta-feira passada.
"Caso ocorra uma desaceleração mais consistente da inflação até o fim deste trimestre, em março o BC deverá moderar ou mesmo interromper a elevação do juro", prevê relatório da consultoria LCA.
Um aumento mais forte dos juros pode ter um efeito negativo para o mercado de ações, já que o crédito mais caro inibe o consumo, a produção e a geração de empregos, criando um ambiente desfavorável aos lucros das companhias e ao pagamento de dividendos aos seus acionistas.
"O documento do Copom elimina qualquer possibilidade de redução do juro no curto e médio prazos. A expectativa é de nova elevação da taxa em mais 0,50 ponto percentual em fevereiro", diz relatório da consultoria GRC Visão.
O investidor também tende a preferir colocar seu dinheiro em aplicações de renda fixa, atreladas aos juros, em vez de assumir risco com papéis cuja valorização depende do nível de aquecimento da economia.
Com a queda de 2,04%, o Ibovespa (53 ações mais negociadas) encerrou na marca dos 24.029 pontos. O pregão movimentou R$ 1,369 bilhão, abaixo da média diária do mês passado (R$ 1,5 bilhão).
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