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12/01/2005 - 08h17

Após morte do zagueiro Serginho, hospitais vêem boom de check-up

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EWERTON FRIGO
LUÍS FERRARI
MÁRVIO DOS ANJOS

da Folha de S.Paulo

A morte de Serginho ainda repercute no esporte brasileiro. Neste início do ano, a cardiologia tem se igualado à ortopedia como especialidade médica de maior influência nos exames de pré-temporada realizados em atletas.

Hospitais e clínicas especializados na identificação de doenças do coração têm assistido a um grande aumento na procura por testes de esportistas.

Entre terça e esta quarta-feira, os elencos de Atlético-MG, América-MG, Santos e Vasco serão submetidos a uma bateria de exames cardiológicos, o que já aconteceu com os atletas de Flamengo, Fluminense e Paraná. São Caetano, São Paulo, Corinthians e Palmeiras também têm horários agendados.

"Após a tragédia com o Serginho, houve uma mudança radical da visão dos dirigentes e dos médicos dos clubes em relação à importância dos testes cardiológicos. E essa reação não é uma 'bolha', mas algo que ficará incutido no meio", acredita Nabil Ghorayeb, coordenador clínico da seção de cardiologia do esporte do Instituto Dante Pazzanese e do Hospital do Coração de São Paulo

Para fundamentar a opinião, o médico cita a lei paulistana, sancionada nesta semana, que obriga a instalação de desfibriladores em todos os locais onde aconteça a aglomeração de mais de 1,5 mil pessoas e lembra que até academias de ginástica da cidade já contam com a aparelhagem.

Ghorayeb espera que aconteça no Brasil um fenômeno similar ao apresentado pelo presidente da Comissão Médica da Fifa, o belga Michel Hooghe, no último congresso médico da entidade, realizado em novembro no México.

Hooghe citou uma lei italiana que obriga a avaliação cardiológica de todo atleta profissional. Em 30 anos, foram testados 33 mil esportistas e a mil foi recomendado o afastamento da atividade física.

O aumento da procura pelos exames do coração não causaram impacto apenas em dirigentes e médicos. Os esportistas também mudaram de atitude.

Sem citar o nome do paciente, o chefe do Hospital do Coração lembra do caso de um atleta que ficou-lhe agradecido por ter sido aconselhado a se afastar do esporte para tratamento. "Isso não aconteceria antes do caso Serginho", avaliou.

As mortes de atletas por problemas cardíacos também varreram um dos mais comuns hábitos dos esportistas durante as avaliações médicas: o "migué".

A constatação é do médico Bernardino Santi, da Confederação Brasileira de Boxe (CBB), na semana em que a equipe olímpica faz sua avaliação no Hospital do Coração, em São Paulo.

"Antes os atletas achavam um porre, e a gente tinha que fazer os exames em vários dias porque alguém sempre dava um jeito de escapar, de adiar um ultrassom", diz Santi, que é filiado à Sociedade Brasileira de Medicina Esportiva. "Hoje não. Estamos fazendo tudo dentro do programado e a preocupação dos atletas beira a paranóia. Eles se sentem seguros porque estamos cuidando deles."

Segundo Santi, a principal mudança foi a forma com a qual o dirigentes e treinadores encaram a avaliação médica dos esportistas.

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