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28/08/2002
-
02h48
editor-adjunto da Ilustrada
Lançando seu segundo CD, "Declaração de Guerra", o rapper MV Bill, morador da Cidade de Deus, no Rio de Janeiro, volta a criar polêmica. Depois de ter o clipe da faixa de trabalho de seu primeiro CD, "Soldado do Morro", censurado em 2000 sob a alegação de fazer apologia ao crime, o rapper voltou a ter problemas para fazer o clipe de "Só Deus Pode Me Julgar", do CD que chega às lojas hoje.
O CD sai no memso momento em que o filme "Cidade de Deus" chega às telas, mas Bill polemiza novamente e diz que o filme de Fernando Meirelles não traz nada de positivo para a comunidade que mora na favela de Cidade de Deus.
Em entrevista à Folha, o rapper carioca falou de violência, justiça social, música e conflito racial.
OUÇA O TRECHO DA ENTREVISTA
Para ouvir, é necessário ter instalado em seu computador o Real Player. Se você não o tiver, faça agora o download
***
Se você não consegue ouvir o áudio, leia a seguir a íntegra do trecho da entrevista:
Folha - A violência é a grande questão que unifica hoje as diferentes classes sociais no país?
MV Bill - Acho que não. Acho que a violência é uma consequência de uma série de coisas que não foram feitas no passado, que deixaram a desejar. Acho que o maior culpado de tudo isso é a falta de divisão, o individualismo. A sociedade não é igualitária, é aquela coisa de cada um pensar em si.
Enquanto a sociedade ficar se escondendo atrás da blindagem, blindando seus carros, suas paredes e suas roupas, eu acho que a gente está caminhando pra um buraco onde eu não vejo fim. Um túnel onde eu, infelizmente, ainda não vejo luz, apesar de ainda ter esperança não sei em quê. Eu ainda procuro uma luz que eu não consigo encontrar.
É muito hipócrita, é muito demagogo falar de tudo isso [violência] e não pensar em Justiça, não pensar em dividir o poder. Aí a gente esbarra em um outro problema, porque que tem o poder não quer dividir e as pessoas que não têm estão querendo brigar por alguma coisa.
Hoje, cada um briga a sua maneira, cada um se organiza a sua maneira, mas no dia em que as pessoas se organizarem, que as populações marginalizadas se organizarem e acharem que a sociedade é um inimigo comum, talvez seja tarde demais pra reagir.
Ouça trechos da entrevista:
Tudo o que é feito na periferia é marginalizado, diz MV Bill; ouça áudio
Grupos de rap no Brasil estão "amolecendo", afirma MV Bill; ouça áudio
"Guerra" racial e social pode ser inevitável, diz rapper; ouça áudio
MV Bill diz que cotas para negros na TV não resolvem preconceito
Rapper da Cidade de Deus diz que filme prejudica moradores; ouça áudio
Ouça:
"Só Deus Pode Me Julgar", gentilmente cedida pela BMG
Para MV Bill, sociedade é "hipócrita" ao tratar da violência; ouça áudio
ISRAEL DO VALEeditor-adjunto da Ilustrada
Lançando seu segundo CD, "Declaração de Guerra", o rapper MV Bill, morador da Cidade de Deus, no Rio de Janeiro, volta a criar polêmica. Depois de ter o clipe da faixa de trabalho de seu primeiro CD, "Soldado do Morro", censurado em 2000 sob a alegação de fazer apologia ao crime, o rapper voltou a ter problemas para fazer o clipe de "Só Deus Pode Me Julgar", do CD que chega às lojas hoje.
O CD sai no memso momento em que o filme "Cidade de Deus" chega às telas, mas Bill polemiza novamente e diz que o filme de Fernando Meirelles não traz nada de positivo para a comunidade que mora na favela de Cidade de Deus.
Em entrevista à Folha, o rapper carioca falou de violência, justiça social, música e conflito racial.
OUÇA O TRECHO DA ENTREVISTA
Para ouvir, é necessário ter instalado em seu computador o Real Player. Se você não o tiver, faça agora o download
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Se você não consegue ouvir o áudio, leia a seguir a íntegra do trecho da entrevista:
Folha - A violência é a grande questão que unifica hoje as diferentes classes sociais no país?
MV Bill - Acho que não. Acho que a violência é uma consequência de uma série de coisas que não foram feitas no passado, que deixaram a desejar. Acho que o maior culpado de tudo isso é a falta de divisão, o individualismo. A sociedade não é igualitária, é aquela coisa de cada um pensar em si.
Enquanto a sociedade ficar se escondendo atrás da blindagem, blindando seus carros, suas paredes e suas roupas, eu acho que a gente está caminhando pra um buraco onde eu não vejo fim. Um túnel onde eu, infelizmente, ainda não vejo luz, apesar de ainda ter esperança não sei em quê. Eu ainda procuro uma luz que eu não consigo encontrar.
É muito hipócrita, é muito demagogo falar de tudo isso [violência] e não pensar em Justiça, não pensar em dividir o poder. Aí a gente esbarra em um outro problema, porque que tem o poder não quer dividir e as pessoas que não têm estão querendo brigar por alguma coisa.
Hoje, cada um briga a sua maneira, cada um se organiza a sua maneira, mas no dia em que as pessoas se organizarem, que as populações marginalizadas se organizarem e acharem que a sociedade é um inimigo comum, talvez seja tarde demais pra reagir.
Ouça trechos da entrevista:
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