03/05/2006 - 18h32

Jurado de "Ídolos" se declara inocente; leia entrevista

DIÓGENES MUNIZ
da Folha Online

Arnaldo Saccomani, 56, jurado do reality show "Ídolos", diz não se sentir culpado pela saída da candidata Karina Mathias do programa, anunciada nesta quarta-feira pelo SBT. A jovem foi desclassificada porque Saccomani produziu um CD da semifinalista.

Por meio de nota breve enviada à imprensa, o SBT diz que "ao tomar conhecimento das notícias publicadas pela internet envolvendo o programa 'Ídolos', em cumprimento ao disposto no Regulamento do Programa, determinou a desclassificação da candidata Karina Mathias."

Divulgação

Saccomani continua como jurado de "Ídolos", do SBT

Em entrevista à Folha Online minutos após a divulgação da nota, Saccomani afirmou que não havia favorecido a cantora na hora de avaliá-la. O radialista, produtor e compositor disse ainda estar "completamente" apto a continuar no reality show.

E completou: "Acho que, por incrível que pareça, isso pode ser investido a favor dela. Acho Karina uma boa cantora. Se tiver consciência profissional e não fizer bobagem, pode aproveitar isso a favor dela", disse Saccomani.

Confira, abaixo, os principais trechos da entrevista:

Folha Online - Como você conheceu a Karina Mathias?

Arnaldo Saccomani - Conheci há três anos, ela tinha por volta de 15. Eu produzi duas ou três faixas de um disco que ela já tinha feito de forma independente, remixei algumas músicas, essas coisas. Depois disso

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Karina sai por ter CD produzido por jurado

nunca mais vi essa menina, nem falei com ela por telefone. A conheci por meio de outra pessoa, nem lembro quem, mas é comum nessa área as pessoas entrarem em contato por meio de terceiros. Depois, o artista toca a vida dele para negociar com uma gravadora. Eu fui contratado para produzir o CD e fiz minha parte.

Folha Online - Você conhece mais alguém do programa?

Saccomani - Não. Até fiquei meio chateado porque, trabalhando na cena paulistana há 32 anos, e tendo produzido mais de 500 CDs na minha vida, achei que até conheceria mais gente lá [no "Ídolos"]. Não tivemos por parte da produção nenhuma informação sobre quem eram os participantes. Recebíamos o nome, que não era nem o artístico. É reality show mesmo.

Folha Online - Em que ponto do programa você identificou a Karina?

Saccomani - Logo na audição inicial eu reconheci. Demorou um pouco para cair a ficha, afinal, quando a tinha conhecido ela ainda era "catatau", agora virou mulher.

Folha Online - Mas o programa gravou alguma passagem em que você diz que a conhecia?

Saccomani - Disso eu não tenho certeza. Acho que tudo foi gravado lá, mas eu não lembro exatamente qual foi minha participação.

Folha Online - Qual foi seu contato com a Karina desde que você a viu no programa?

Saccomani - Nenhum. Fiquei surpreso com a chegada dela. Nós tínhamos um isolamento total entre jurados e candidatos. No máximo, via alguém quando estava indo ao banheiro. Mas com ela eu não tive contato algum, nem por telefone, nem nada.

Folha Online - Você chegou a pensar que o SBT fosse te cortar depois de descobrir que produziu o CD de uma candidata?

Saccomani - Em primeiro lugar, se houvesse essa atitude da emissora eu aceitaria tranqüilamente. Mesmo porque é impossível que em 10 mil candidatos eu não conhecesse ninguém, principalmente da forma que trabalho. Eu produzo 14 ou 15 CDs por ano. Eu já achei o Tiririca no interior da Paraíba, achei a banda Carrapixo em Manaus, o grupo Jeito Moleque no começo deles na Vila Olímpia. É impossível trabalhar na cena paulistana do jeito que eu trabalho sem conhecer ninguém. Eu teria que colocar um anúncio no jornal, pedindo para todas pessoas que trabalharam comigo nos últimos 32 anos não entrarem no "Ídolos".

Folha Online - Você se sente apto a continuar no reality show?

Saccomani - Completamente, porque o que aconteceu comigo, poderia ter acontecido com o Miranda e com o Thomas [ambos jurados]. São pessoas que também trabalham no mercado.

Folha Online - O que você acha da Karina como artista?

Saccomani - Eu convivi com ela numa fase longínqua, ela ainda estava no amadurecimento vocal. Mas já cantava muito bem. Pela pouca performance que vi no programa, também achei que estava bem. Aliás, eu e os outros jurados achamos isso, tanto que ela foi escolhida.

Folha Online - Como produtor, que dica você daria para ela neste momento?

Saccomani - Acho que, por incrível que pareça, isso pode ser investido a favor dela. Ela deve possuir uma assessoria que vai indicar o melhor caminho, não sou eu quem vai fazer isso. Acho que ela é uma boa cantora. Se tiver consciência profissional e não fizer bobagem, a Karina pode aproveitar isso a favor dela.

Folha Online - Você se sente culpado pela saída da Karina do programa?

Saccomani - Não me sinto culpado porque fui surpreendido pela presença dela. Eu não sabia que ela estaria neste programa, em nenhum momento eu soube que ela estava inscrita. Além do mais, quem está na chuva é para se molhar, não é?

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