Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
09/08/2006 - 09h44

Sobreviventes assistem a filme de Stone sobre o 11 de Setembro

Publicidade

VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
da Folha de S.Paulo, em Nova York

Poucos dias depois do 11 de Setembro, o diretor Oliver Stone disse como faria um filme em resposta aos ataques terroristas. A obra buscaria referências em "A Batalha de Argel" (1965), do italiano Gillo Pontecorvo, obra capital do cinema político que retrata com crueza e brutalidade inéditas a guerra urbana dos argelinos contra a ocupação francesa. Não o fez.

Em "As Torres Gêmeas" ("World Trade Center"), que estréia hoje nos EUA, ele abandona as habituais teorias da conspiração (como fizera em "JFK") e explora a construção do herói americano. A palavra "terrorismo" não é mencionada nenhuma vez pelo elenco, à exceção de Nicolas Cage.

A Folha assistiu à première exclusiva para bombeiros e policiais sobreviventes, anteontem, na Broadway, em que estavam Rudolph Giuliani, prefeito de Nova York à época, e o governador George Pataki.

A versão de Stone para os atentados é baseada nas histórias de Will Jimeno (vivido por Michael Peña) e John McLoughlin (Nicolas Cage), policiais comuns, últimos a serem resgatados com vida dos escombros. O foco é o heroísmo.

O filme é um vaivém entre cenas de ruína e familiares à espera de (boas) notícias. E fica nisso o tempo inteiro.

Não precisava ser o World Trade Center. Podia ser sobre qualquer prédio desabado ou pessoas soterradas em terremoto. Mas Stone, ele próprio um nova-iorquino, deu o primeiro passo na seqüência de filmes sobre o 11 de Setembro.

A primeira terça parte é a mais intensa: os personagens e Nova York são apresentados, as torres são atingidas, os prédios caem. E é aí que Stone deixa claras suas intenções.

Não há imagens aéreas. Toda a história é narrada da perspectiva terrestre, de quem está no chão e olha ao redor. As câmeras não apontam para o alto. O choque do primeiro avião é discretamente substituído pela sombra de um Boeing-737 e imagens do WTC intacto.

O desmoronamento do complexo é visto em cenas internas de soterração, curtíssimas, seguidas de um corte.

Antes do impacto, Stone faz uma ode a Nova York, com um clipe de pontos turísticos (ou possíveis alvos de novos ataques), como Empire State, Times Square, a Estátua da Liberdade, o touro de Wall Street e a ponte do Brooklyn.

A prefeitura não deixou Stone fechar o Financial District para gravar a devastação. Manhattan não se recuperou do trauma dos atentados e não quis (re)ver cenas de escombros nem ouvir sirenes e gritos. As poucas tomadas foram feitas em Canal Street, sem destruição. O resto foi gravado em estúdios de Los Angeles e feito em computação gráfica.

Para aumentar a verossimilhança, ele usou voluntários reais como figurantes e seguiu à risca os pormenores descritos por Jimeno e McLoughlin.

O filme tem dividido a crítica americana, que diverge sobre a abordagem dada por Stone. As análises vão de "inesperado" e "inesquecível" a "cedo demais".

Na sessão da última segunda, algumas pessoas se retiraram do cinema. "É pisar em solo sagrado. Não quero ver o que já sei de cor", justifica Leonard Crisci, 58, que perdeu o irmão, John, bombeiro que tentava evacuar a torre sul.

"Cada um deve decidir se assiste ou não. Mas acredito que seja apropriado lembrar a coragem com que bombeiros, policiais e nova-iorquinos reagiram ao ataque", disse o governador George Pataki.

"É um filme muito forte. Essa história precisa ser contada. Foi ao mesmo tempo o pior e o melhor dia que Nova York já viveu", completou Giuliani.

"As Torres Gêmeas" estréia no Brasil em 29 de setembro.

Leia mais
  • Oliver Stone defende filme sobre o 11 de Setembro nos EUA
  • Oliver Stone exibe filme "World Trade Center" para a imprensa
  • "Vôo 93" é recebido com aplausos em Cannes
  • Oliver Stone filmará golpe contra Hugo Chávez

    Especial
  • Leia o que já foi publicado sobre Oliver Stone
  •  

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade


    Voltar ao topo da página