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14/05/2007 - 13h24

Rice admite dificuldades com Rússia mas nega volta à Guerra Fria

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da Folha Online

A secretária de Estado dos Estados Unidos, Condoleezza Rice, afirmou nesta segunda-feira que seu país enfrenta uma situação "que não é fácil" nas relações com a Rússia, mas que as tensões não indicam a criação de uma segunda Guerra Fria.

"É uma relação complicada, mas não é nada comparável à hostilidade implacável" dos tempos da Guerra Fria entre os EUA e a União Soviética, disse Rice. A secretária de Estado fez os comentários antes de chegar a Moscou para uma visita de dois dias, na qual deverá fazer uma série de reuniões para tentar minar a tensão que cresceu nos últimos meses devido a críticas mútuas entre os dois países.

Um dos principais pontos de desacordo entre os dois países é a recusa russa em aceitar a implantação de um escudo antimísseis americano no leste europeu. A proposta dos EUA inclui instalar dez mísseis interceptores na Polônia e um radar ultra-aperfeiçoado na República Tcheca. Apesar das negativas de Washington, Moscou suspeita que os EUA considerem o arsenal de mísseis estratégicos da Rússia como um alvo.

Já às vésperas de sua viagem, Rice assinalou que Washington e Moscou diferem sobre os eventos que acontecem no espaço pós-soviético, em particular na Geórgia e na Ucrânia, e que os EUA se preocupam com a política russa no campo da energia.

Rice também manifestou a preocupação americana pela situação na própria Rússia e a concentração de poder no país.

Rejeição

Oficiais russos rejeitam as críticas americanas de um retrocesso da democracia no país. Moscou tem reclamado que Washington está interferindo nos assuntos internos do país ao criar grupos pró-democracia na Rússia.

Durante um discurso proferido no aniversário da derrota dos nazistas na Segunda Guerra Mundial, o presidente russo, Vladimir Putin, denunciou o "desrespeito pela vida humana e o entendimento de exclusividade de direitos no planeta... assim como na época do Terceiro Reich". Apesar de não ter citado explicitamente nenhum país ao fazer as críticas, analistas afirmaram que o alvo era claramente os EUA.

Além da discussão sobre o sistema de defesa dos EUA e a democracia na Rússia, Rice deverá discutir com os russos a resistência de Moscou em apoiar a proposta de resolução da ONU para a independência de Kosovo, a declaração de moratória de Putin ao Tratado de Forças Convencionais na Europa e o crescente controle russo sobre as reservas de petróleo e gás natural que são vitais para a Europa Ocidental.

Rice afirmou que continuará tentando convencer Moscou de que os planos para o escudo antimísseis na Polônia e na República Tcheca não ameaçam a Rússia e são voltados para a proteção contra hostilidades de países como o Irã ou a Coréia do Norte.

A Polônia e a Rep. Tcheca faziam parte da esfera de influência da ex-União Soviética e foram membros do Pacto de Varsóvia, mas hoje fazem parte da Otan (aliança militar liderada pelos EUA), o que por si só é fator de irritação para o Kremlin.

Cooperação

Apesar das tensões, o Kremlin e a Casa Branca estão tentando enfatizar áreas de interesse comum e cooperação, incluindo a luta internacional contra o terrorismo e a crescente cooperação na segurança de instalações de pesquisa nuclear.

"Há muitas coisas que estão indo muito bem, outras que não estão indo tão bem quanto seria esperado, e outras que são muito problemáticas", disse Rice. "Mas é vital que usemos este tempo para fortalecer o que está indo bem e trabalhar no que não está indo tão bem."

O vice-ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Kislyak, parece concordar com a secretária de Estado. "A Rússia e os Estados Unidos tem muitos assuntos em que há cooperação, e outros que precisamos revisar", afirmou, citado por uma agência de notícias.

Escudo antimísseis

O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores russo, Mikhail Kamynin, afirmou, em declarações publicadas nesta segunda-feira, que qualquer sistema de defesa antimísseis na Europa deveria ser discutido por todos os países interessados.

"Nos baseamos na crença de que questões sobre defesa de mísseis no continente europeu devem ser considerados em um quadro coletivo e responder a interesses de todos os Estados europeus. Pedimos aos americanos que adotem essa perspectiva", disse Kamynin.

A atual visita da secretária de Estado a Moscou é a primeira de um alto funcionário americano a esta capital depois do famoso discurso do presidente da Rússia, Vladimir Putin, em Munique (Alemanha), em fevereiro, quando criticou fortemente a política externa de Washington.

Espera-se que Rice, que se reunirá com o ministro das Relações Exteriores e outros altos funcionários russos, seja recebida pelo chefe do Kremlin.

Com Associated Press e Efe

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