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Análise: Iraque é maneira de Bush driblar as más notícias da economia
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de MACARENA VIDAL
da Efe, em Washington
Após cinco anos da invasão do Iraque por tropas da coalizão liderada pelos Estados Unidos, a economia do país tornou-se o tema de maior importância para os norte-americanos, acima do conflito no país asiático.
Com a economia em recessão e grande déficit, o presidente dos EUA, George W. Bush, tenta reverter este cenário e devolver o conflito às primeiras páginas. Para isso, deve fazer uma série de discursos sobre os cinco anos da invasão, apresentando ainda, em abril, um novo relatório sobre a situação no Iraque elaborado pelo comandante das tropas americanas no Iraque, o general David Petraeus.
No primeiro discurso sobre a data simbólica, em Nashville, na terça-feira da semana passada, Bush assegurou que não deixará que a campanha eleitoral americana influa em suas decisões sobre a guerra.
"A campanha política não vai entrar em meus cálculos", assegurou o presidente americano em discurso na sede da Associação Nacional de Emissoras Religiosas, em Nashville, Tennessee. Bush disse ainda apenas priorizar "a paz dos anos vindouros" em seus pensamentos.
Os pré-candidatos democratas à Casa Branca, Hillary Clinton e Barack Obama, querem uma retirada em breve das tropas americanas, enquanto o aspirante republicano, John McCain, considera que as tropas permanecerão no Iraque ainda por um longo tempo.
Com seus discursos, Bush persegue um duplo objetivo: trazer eventuais dados favoráveis sobre o conflito à tona e tratar de jogar para escanteio os problemas na economia que, segundo pesquisas de opinião, roubaram o protagonismo do Iraque em debates eleitorais.
O governante tem a seu lado números que apontam para uma relativa redução da violência no país asiático, apesar de incidentes como o recente assassinato do arcebispo caldeu Paulos Faraj Rahho, que havia sido seqüestrado dias antes, e de o número de soldados americanos mortos já ser de cerca de quatro mil.
Uma pesquisa do instituto independente Pew Research Center divulgada nos últimos dias revela que, apesar de a maioria dos americanos ainda ser contrária à guerra, 53% deles estão otimistas agora com relação à hipótese de seu país acabar conquistando seus objetivos no Iraque, 11 pontos percentuais a mais que em setembro do ano passado.
Os que dizem acreditar que a guerra "vai bem" somam agora 48% dos entrevistados, depois de terem sido apenas 30% na pesquisa anterior.
Outra enquete, publicada pelo jornal norte-americano "USA Today", indica que 38% dos americanos apostam que no futuro se considerará que a guerra foi principalmente um êxito, contra 36% que afirmam acreditar no contrário e 18% que opinam que será um fracasso absoluto.
Entre os democratas, o esforço está voltado agora em vincular o Iraque ao mau desempenho da economia.
Em sua entrevista coletiva semanal, a presidente da Câmara de Representantes, Nancy Pelosi, assegurou que com os cinco anos do conflito, tudo parece ter se "desenvolvido (no Iraque) com um custo significativo para a economia americana".
Uma análise do prêmio Nobel de Economia Joseph Stiglitz calcula que o custo da guerra será superior a US$ 3 trilhões caso sejam levados em conta os custos no longo prazo.
Stiglitz culpa o conflito também em parte pelos altos preços do petróleo no mercado internacional.
A guerra, segundo Pelosi, "levou a uma alta nos preços do petróleo que resultou em um déficit brutal e desviou fundos que deveriam ter sido investidos aqui, nos Estados Unidos".
"Evidentemente, necessitamos de uma nova direção na guerra do Iraque", completa a dirigente democrata.
De forma similar se pronunciou o líder da maioria democrata no Senado, Harry Reid, que afirmou que "não se pode separar a economia da longa e sangrenta guerra civil no Iraque".
Nos próximos dias, Bush reiterará sua mensagem de cauteloso otimismo, e lembrará que qualquer progresso no Iraque é frágil.
Deve sofrer alterações nos próximos meses o número de tropas americanas no Iraque. Atualmente são 158 mil soldados, que devem ser reduzidos para 140 mil ainda neste primeiro semestre.
Bush poderá reduzir esse número ainda mais, pensando em transformar o Iraque no que raramente foi até agora: uma boa notícia.
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