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Morales vota em referendo e pede que população escolha de modo "consciente e saudável"
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da Efe
O presidente da Bolívia, Evo Morales, votou neste domingo no referendo que decide sobre a continuidade dele no cargo. Ele deu seu voto em uma escola de Chapare, acompanhado pelos dois filhos e com o apoio de suas bases sindicais e pediu à população que decida a continuidade ou revogação dos mandatos das autoridades de maneira "consciente e saudável".
Mais de 4 milhões de eleitores estão convocados hoje às urnas para definir em um referendo a continuidade de Morales, do vice-presidente Álvaro García Linera e de oito governadores do país.
O presidente boliviano disse que a votação no referendo revogatório é inédita na Bolívia e espera que seja um instrumento legal "para fortalecer e aprofundar a democracia".
"Quero reafirmar que, na América Latina, há uma grande rebelião contra políticas econômicas que não resolvem os problemas sociais, os problemas econômicos das maiorias nacionais", disse Morales aos jornalistas, após votar.
Divergência
O governo do país insistiu em que a única norma que rege o referendo revogatório é a lei aprovada pelo Congresso, que dá mais possibilidades de ratificação aos governadores, frente ao critério divergente adotado pela Corte Nacional Eleitoral (CNE).
Em declarações aos jornalistas, o vice-presidente da Bolívia e presidente nato do Congresso Nacional, Álvaro García Linera, destacou hoje que "é preciso acatar" a lei de convocação à consulta, porque é a "única norma" que regulamenta o processo.
O processo está cercado de incerteza sobre a porcentagem necessária para revogar os governadores, já que a CNE estabeleceu uma fórmula diferente da lei promulgada por Morales, que dá mais possibilidades de ratificação aos governadores.
A CNE afirmou que, no caso dos governadores --a maioria deles de oposição-- o mandato será revogado se o voto contrário for superior a 50% do total, frente à norma do Congresso, que fixa porcentagens de 38% a 48%.
Para o caso de Morales, a lei e a interpretação feita pela Corte Nacional Eleitoral coincidem, e estabelecem que o mandato do presidente pode ser revogado se a votação contrária for superior aos 53,7% obtidos no pleito presidencial de 2005.
A votação deste domingo é vista como um dos principais desafios do líder boliviano. Estima-se que 300 observadores --incluindo do Mercosul-- acompanhem o plebiscito.
Incerteza
A previsão é de que as urnas sejam fechadas às 16h (17h em Brasília) e que duas horas mais tarde sejam divulgados os primeiros resultados de contagem rápida --não é boca de urna, mas é vista como tal. O resultado final poderá demorar dias.
Segundo diferentes pesquisas de opinião, o líder boliviano deverá ser ratificado no cargo para o qual foi eleito em dezembro de 2005, com mandato até 2010.
Levantamentos como o do instituto Ipsos-Apoyo indicam que pelo menos quatro dos seis prefeitos da oposição também deverão ser confirmados em seus postos. Entre eles, os da chamada "meia lua", no oriente do país --Santa Cruz, Tarija, Beni e Pando.
As pesquisas sugerem que existem dúvidas sobre a permanência dos prefeitos de La Paz, Cochabamba e Potosí. O prefeito de Cochabamba, Manfred Reys Villa, disse que a consulta é "ilegal' e que não a 'reconhece".
Por sua vez, o prefeito de Santa Cruz, Rubén Costas, afirmou que Morales será revogado neste departamento --o mais rico do país. As disputas contribuem para intensificar as incertezas sobre o que ocorrerá no dia seguinte à votação.
O secretário geral da ONU (Organização de as Nações Unidas), Ban Ki-Moon, e o secretário geral da OEA (Organização dos Estados Americanos), José Miguel Insulza, pediram, na sexta-feira, que os protagonistas deste referendo criem um "clima de paz" durante e depois da votação.
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