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07/01/2003 - 10h03

Venezuela planeja dividir estatal petrolífera, diz ministro

da Folha Online

A gigante estatal petrolífera PDVSA (Petróleos de Venezuela) pode ser dividida em duas para restabelecer a sua produção, disse o ministro venezuelano de Energia, Rafael Ramírez, em entrevista publicada hoje pelo jornal norte-americano "The New York Times".

O governo da Venezuela, que enfrenta uma greve geral desde o dia 2 de dezembro, tinha anunciado ontem uma possível reestruturação na PDVSA, cujas operações foram duramente atingidas pela paralisação. As exportações de petróleo da Venezuela, quinto produtor mundial, estão praticamente interrompidas há mais de um mês.

A ação pode ser uma nova tentativa do presidente Hugo Chávez de retomar o controle da empresa. O governo já deslocou as Forças Armadas para operar petroleiros e refinarias, além de demitir executivos grevistas da companhia, mas até agora não conseguiu normalizar a produção e as exportações.



Segundo o "New York Times", Ramírez declarou que o plano -que dividiria a empresa em PDVSA Leste e PDVSA Oeste- serviria para neutralizar a greve de seis semanas -organizada pela oposição para forçar o presidente Hugo Chávez a renunciar- e restabelecer a produção diária de 3,1 milhões de barris de petróleo por dia.

Ao oferecer os detalhes preliminares do plano, Ramírez afirmou ao jornal que a iniciativa reduziria os "exorbitantes custos burocráticos" da estatal petrolífera, estimados em US$ 1 bilhão, e dispensaria muitos executivos de médio e alto escalão que se uniram à coalizão opositora de empresários e líderes sindicais.

Ramírez disse que a Venezuela estava extraindo 800 mil barris diários. O número é diferente das estimativas da oposição (200 mil) e do próprio Chávez (1,5 milhão).

Especialistas externos consideram que a produção do quinto exportador e oitavo produtor mundial poderia ser até de 400 mil barris diários.

Os EUA são o principal destino das vendas do país -quase 70%.

Ramírez disse que apesar da greve, havia claros sinais de que a produção de petróleo na Venezuela estava tendo uma lenta mas sustentável recuperação.

O ministro citou a reabertura das duas principais refinarias e disse que vários dos navios que haviam saído do país transportavam petróleo.

Segundo Ramírez, a greve mostrou ao governo que a estatal petrolífera pode funcionar com uma força de trabalho drasticamente reduzida.

Especialistas consultados pelo "New York Times" afirmaram que o plano de Ramírez para a PDVSA parece muito mais uma estratégia política que um plano econômico, a fim de tirar da estatal os opositores de Chávez, que despediu quase uma centena de executivos grevistas da companhia.

Hoje, a oposição venezuelana, aumentando a guerra econômica contra o governo Chávez, planeja lançar uma revolta nacional de impostos ao realizar uma marcha de protesto em direção a dois escritórios de coleta de impostos em Caracas (capital venezuelana).

Mais de cinco semanas após o início da greve que comprometeu a produção do quinto exportador de petróleo do mundo, inimigos do presidente acrescentaram a recusa a pagar impostos à sua fervorosa campanha de protestos.

A greve, que pressionou na semana passada o preço do petróleo a um recorde de alta de quase dois anos, ainda não conseguiu forçar Chávez a ceder às exigências da oposição para que ele renuncie e marque eleições antecipadamente.

Um especialista afirmou que a Venezuela estava repetindo a estratégia do Irã depois de sua revolução islâmica de 1979, quando a produção petrolífera caiu para menos de 2 milhões de barris diários.

Chávez "poderia estar desejando viver com uma produção petrolífera menor, e uma indústria petrolífera menos competitiva, na medida que tenha mais controle sobre ela", declarou Moises Naim, ex-ministro de Comércio e Indústria da Venezuela e diretor da revista "Foreign Policy".

Com agências internacionais

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