Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
07/03/2003 - 18h31

Declarações de Powell e Straw na ONU são "estúpidas", diz Iraque

da Folha Online

A agência oficial iraquiana Ina qualificou hoje de "estúpidas" as declarações feitas hoje ao Conselho de Segurança das Nações Unidas pelos chefes da diplomacia norte-americana, Colin Powell, e britânica, Jack Straw, que questionaram a vontade do Iraque de se desarmar.

"Colin Powell e seu lacaio britânico Jack Straw repetiram as mesmas alegações, invenções e disparates que haviam provocado e continuam provocando a reprovação do mundo inteiro", afirmou a agência.

Na reunião do Conselho de Segurança de hoje, realizada para a apresentação do terceiro relatório dos inspetores de armas desde a retomada das inspeções no Iraque, em novembro, Straw afirmou que os relatórios apresentados pelos chefes dos inspetores de armas da ONU, Hans Blix e Mohammed El Baradei, mostram que o Iraque violou a resolução 1441 da ONU_ que pede destruição das armas proibidas.

Straw disse que os cientistas iraquianos negam que suas entrevistas sejam gravadas, pois temem que haja escuta do governo de Bagdá. Segundo o secretário britânico, isto demonstra que o Iraque está escondendo algo e não permite que os cientistas revelem.

Há 29 itens no relatório que não têm reposta, segundo o chanceler britânico. "Não há fórmula para conter o Iraque", disse. "O Iraque vai continuar produzindo armas de destruição em massa", acrescentou.

O secretário de Estado norte-americano, Colin Powell, declarou que é preciso determinar se o Iraque fez tudo o que podia para se desarmar e para cooperar com os inspetores de armas ONU.

"Os pequenos passos do Iraque não são iniciativas. Eles foram dados sob pressão ou sob a ameaça do uso de força [...]. A cooperação é, frequentemente, mais aparente do que real", disse.

Após ouvir os relatórios dos chefes dos inspetores, Powell disse ao Conselho de Segurança da ONU que, na sua opinião, não houve cooperação incondicional por parte de Bagdá. Segundo ele, isto significa que o governo iraquiano está violando a resolução 1441 das Nações Unidas.

Powell afirmou ainda que os iraquianos estão mentido aos inspetores de armas e concedendo falsas evidências. "O povo iraquiano não se beneficia com o regime de Saddam Hussein", declarou.

Ultimato

Straw apresentou uma emenda para o novo projeto de resolução sobre o Iraque, que concede ao presidente iraquiano, Saddam Hussein, um prazo para se desarmar até o dia 17 de março ou enfrentar uma possível guerra.

Blix havia apontado pouco antes que levaria meses para o Iraque se desarmar, ainda que Bagdá decidisse cooperar totalmente.

Straw distribuiu o novo texto, aprovado pelos EUA e pela Espanha, depois de seu discurso no Conselho de Segurança da ONU.

"Estou pedindo ao secretariado [da ONU] que faça uma emenda que irá especificar um período após a adoção da resolução para o Iraque se desarmar e ficar de acordo com as exigências", disse Straw.

A data de 17 de março coloca pressão sobre o Conselho de Segurança para adotar uma resolução o mais breve possível. Os EUA e o Reino Unido pretendem colocar o tema em votação na próxima semana.

A proposta tem a intenção de ganhar o apoio de membros indecisos do Conselho de Segurança da ONU que têm dúvidas em votar sobre um ataque imediato contra o Iraque.

O novo projeto de resolução pediria que o Iraque dê aos inspetores "todas as armas" proibidas por resoluções da ONU assim como todas as "informações sobre a destruição de tais itens".

Enquanto Estados Unidos e Reino Unido trabalham em uma proposta de resolução que autoriza o uso da força contra o Iraque e dá ao presidente iraquiano, Saddam Hussein, mais tempo para se desarmar antes de uma possível guerra, o chanceler da França, Dominique de Villepin, afirmou hoje que seu país não autoriza uma nova resolução autorizando o uso automático da força contra o Iraque, durante pronunciamento ao Conselho de Segurança da ONU.

Villepin, cujo país é membro permanente do Conselho de Segurança e tem poder de veto, declarou: "Ao impor um prazo de apenas alguns dias, estaríamos apenas buscando um pretexto para a guerra? Como membro permamente do Conselho de Segurança, direi mais uma vez: a França não permitirá a aprovação de uma resolução que autorize o uso automático da força".

Inspetores

Os inspetores de armas da ONU não encontraram "nenhum indício de atividades nucleares no Iraque em nenhum lugar inspecionado" e nenhum sinal de que Bagdá tenha importado urânio desde 1990, afirmou o chefe da Agência Internacional de Energia Atômica, Mohammed El Baradei.

Em seu relatório, apresentado ao Conselho de Segurança da ONU, El Baradei disse também que suas investigações no Iraque ainda estão em curso, e que precisa mais tempo para concluir seu trabalho.

Antes do pronunciamento de El Baradei, o outro chefe dos inspetores de armas da ONU, Hans Blix, afirmou que o Iraque não cooperou totalmente com o trabalho de sua equipe, mas, de modo geral, a cooperação pode ser considerada satisfatória.

Ele lembrou que Bagdá impôs algumas condições ao trabalho de sua equipe. No entanto, o governo iraquiano não foi insistente nessas restrições.

Blix disse que não exclui a possibilidade de que o Iraque tenha armas proibidas escondidas em armazéns subterrâneos. No entanto, ele reiterou que, até o momento, nenhuma substância proibida foi encontrada pelos inspetores.

Ele afirmou também que as inspeções aéreas foram intensificadas, graças à colaboração de países que puseram aviões Mirage à disposição da ONU.

Sobre a destruição dos mísseis Al Samoud 2 (que ultrapassam os 150 km estipulados pela ONU), Blix disse que é um passo significativo por parte do governo de Bagdá.

Dez ministros de Relações Exteriores foram hoje a Nova York para escutar o terceiro relatório de Blix.

A sessão pública é a primeira desde que, no dia 4 de fevereiro, os Estados Unidos, Reino Unido e Espanha apresentaram um projeto de resolução, afirmando que o Iraque não aproveitou a última chance que lhe foi dada de desarmar-se voluntariamente.

Ontem, o presidente americano, George W. Bush, concedeu uma entrevista coletiva à imprensa na Casa Branca. Bush tentou "justificar" sua posição bélica, insistindo em que o presidente iraquiano, Saddam Hussein, "não se desarma".

No discurso de ontem, Bush voltou a dizer que o Iraque será atacado independentemente da aprovação ou não de uma nova resolução da ONU.

França, Alemanha e Rússia utilizam toda sua influência para evitar uma guerra contra o Iraque, assegurando que bloquearão uma nova resolução da ONU que estabeleça o recurso à força, como desejam os Estados Unidos. A China também se opõe à aprovação de uma nova resolução que permita uma ação militar contra o Iraque. Síria já anunciou que votará contra.

Os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança, que têm direito a veto, são EUA, Reino Unido, Rússia, França e China. Para que uma resolução seja aprovada, é necessário que nove dos 15 membros do CS votem a favor. Mas nenhum dos cinco membros permanentes podem vetá-la.

Com agências internacionais

Leia mais
  • França não autoriza nova resolução sobre Iraque
  • Não há provas de atividades nucleares, diz Baradei
  • Cooperação do Iraque foi satisfatória, diz Blix
  • Bagdá não fez esforços para se desarmar, diz Powell
  • Bush pedirá dinheiro ao Congresso para guerra
  •  

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade


    Voltar ao topo da página